sábado, 1 de outubro de 2011

Tintin já esta a ser julgado na Bélgica























Bienvenu Mbutu Mondondo

O julgamento do caso do livro "Tintin no Congo" começou na sexta-feira em Bruxelas. Em discussão está a mensagem alegadamente "racista" da banda desenhada, que tem em Tintin o actor principal. O processo desenrola-se no país natal do autor onde o herói de banda desenhada é um símbolo nacional.

O queixoso, Bienvenu Mbutu Mondondo, considera que a obra de banda desenhada de Georges Remi, mais conhecido como Hergé (1907-1983) "faz a apologia da colonização" e constitui "um insulto à população negra",conforme declarou antes da audiência, citado pela agência de notícias Efe.

A Acusação apresentou os seus argumentos na primeira instância do Tribunal Cível de Bruxelas. A audição da outra parte vai ter lugar dentro de duas semanas. A editora Casterman e a Moulinsart, sociedade gestora dos direitos de Tintin, são assim chamadas a depor.

Espera-se que a sentença do processo aberto pelo cidadão congolês, que reclama a proibição da obra ou a introdução de uma mensagem acerca do conteúdo, seja conhecida em meados de Novembro.

A primeira edição de "Tintin no Congo" data de 1931, quando o país africano era uma colónia belga, e descreve os naturais como "idiotas, incivilizados e incapazes de falar correctamente", alegou o advogado de acusação, Ahmed L'Hedim, na intervenção perante o tribunal.

"A história inclui diálogos e imagens de acordo com a ideologia da época, na qual era dominante a ideia de superioridade do homem branco, para justificar o colonialismo", acrescentou o advogado.

O objectivo do queixoso é "que a obra não chegue às crianças sem a supervisão de um adulto", requerendo assim a inclusão de uma mensagem de advertência, de um prefácio e a restrição da sua distribuição nas secções infantis das livrarias.

A Acusação entende que o problema "é a visão global do homem negro que a obra dá no conjunto", citando vários exemplos, como o tom das ordens que Tintin dá aos nativos ou ainda o pedido que lhes faz para concluírem a soma "2+2", à qual não obteve resposta.

O advogado da Casterman e da Moulinsart, Alain Berenboom, por seu lado, qualificou de "inaceitável" a possibilidade de incluir uma mensagem de advertência no álbum, porque essa "é uma forma de censura" e significaria "culpar o autor de racismo".

"Tintin no Congo" já foi objecto de polémica na França, Suécia e Reino Unido países onde, por decisão judicial, inclui uma mensagem explicativa do contexto histórico da obra.

Nos Estados Unidos da América há bibliotecas onde a banda desenhada está catalogada como tendo conteúdo xenófobo, ao lado de livros como "Mein Kampf" de Adolf Hitler.

"As Aventuras de Tintin" estão traduzidas em mais de 80 idiomas e venderam mais de 230 milhões de exemplares, em todo mundo.

fonte: JN

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