Autoridades de Pequim isolam mulher do Nobel da Paz
As autoridades chinesas impediram hoje diplomatas europeus de visitarem a mulher do Nobel da Paz, cortaram as suas comunicações telefónicas e cancelaram encontros com responsáveis noruegueses, indicaram diplomatas e jornalistas em Pequim.
O primeiro secretário para os assuntos políticos da União Europeia (UE) na China, Simon Sharpe, referiu que pretendia visitar Liu Xia para lhe entregar uma carta de felicitações em nome de Durão Barroso, o presidente da Comissão Europeia.
Sharpe fez-se acompanhar por diplomatas de dez embaixadas, onde se incluíam representantes da Suíça, Suécia, Polónia, Hungria, República Checa, Bélgica, Itália e Austrália.
Em paralelo, quatro especialistas da ONU exortaram hoje Pequim a libertar "imediatamente" o dissidente chinês Liu Xiaobo, detido pelas suas convicções democráticas e laureado sexta-feira com o Nobel da Paz 2010.
Os signatários do apelo são o relator para a liberdade de opinião e expressão, Franck La Rue, o relator-presidente do grupo de trabalho sobre a detenção arbitrária, El Hadji Malick Sow, a relatora sobre a situação dos defensores dos direitos humanos, Margaret Sekaggya, e a relatora sobre a independência dos juízes e advogados, Gabriela Knaul.
O Nobel da Paz 2010 foi atribuído na sexta-feira a Liu Xiaobo, 54 anos, "pelos esforços prolongados e não violentos em favor dos direitos humanos na China".
O dissidente cumpre uma pena de 11 anos de prisão desde 2008 após ter participado na redacção da "Carta 08", um texto que reivindica uma China democrática.
A nível oficial, a China continua a reagir com firmeza à decisão do comité Nobel, com a imprensa estatal a considerar hoje que o prémio atribuído a Liu pelo organismo norueguês demonstra "um terror extraordinário pelo crescimento da China e do modelo chinês".
Um comentador do popular jornal Global Times sugeriu que caso se cumprissem as petições de Liu sobre uma democracia multipartidária "o destino da China provavelmente não seria melhor que o da antiga União Soviética e da ex-Jugoslávia, e de imediato o próprio país se dissolveria".
O Governo de Pequim decidiu ainda cancelar uma reunião com o ministro norueguês das Pescas, prevista para quarta-feira, enquanto a mulher do premiado, Liu Xia, que o visitou na prisão no domingo, permanece em detenção domiciliária.
fonte: DN
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