Liu Xiaobo chorou ao saber pela mulher que ganhou Nobel
Dissidente foi visitado pela mulher na prisão da província de Liaoning. Liu Xia foi proibida de falar após a visita e está presa em casa.
Liu Xiaobo só soube ontem que ganhou o Nobel da Paz, dois dias após o anúncio do comité norueguês que atribui o prémio. A distinção homenageia a sua "longa e pacífica luta pelos direitos humanos básicos na China".
O antigo professor de Literatura Russa foi informado da atribuição do galardão pela sua mulher. Liu Xia visitou o marido durante a tarde de ontem na cadeia da província de Liaoning, onde ele se encontra há quase um ano e meio.
A informação foi avançada pelo Centro de Direitos do Homem e da Democracia num comunicado a que a AFP teve acesso. A organização, sediada em Hong Kong, cita a madrasta do Nobel, um dissidente condenado a 11 anos de cadeia por actividades consideradas "subversivas".
Advogados do casal disseram ontem de manhã à imprensa internacional que não conseguiam entrar em contacto com Liu Xia desde sexta-feira. Foi nesse dia que a mulher do opositor do Governo de Pequim saiu da capital chinesa sob escolta policial para ir encontrar-se com o marido.
Entretanto, a organização norte-americana Freedom Now anunciou no seu site que "a mulher do Nobel da Paz de 2010 está detida no seu apartamento em Pequim". A Fredoom Now, que luta pela libertação de prisioneiros de consciência, afirma que Liu Xia "não foi acusada de qualquer crime, mas está impedida de deixar a sua casa" e de usar o telemóvel. Amigos e jornalistas estão também proibidos de entrar no apartamento.
Em comunicado, esta organização confirma a "breve" visita de Liu Xia ao marido. Alega ainda que o Nobel "chorou" ao saber da notícia, tendo dedicado o prémio "aos mártires de Tiananmen."
Em 1989, o dissidente deixou o lugar de professor convidado na Universidade norte-americana de Columbia e rumou à Praça Celestial para, juntamente com milhares de estudantes, exigir reformas políticas no Governo comunista chinês.
Para o Governo da República Popular da China, Liu Xiaobo é "um criminoso condenado por violar as leis chinesas" e os apelos para a sua libertação constituem "uma ingerência nos assuntos internos da China".
"Obviamente, o Prémio Nobel da Paz deste ano visa irritar a China, mas não irá conseguir isso. Pelo contrário: o Comité Nobel desgraça-se a si próprio", podia ler-se ontem no editorial do Global Times, uma publicação em inglês do grupo de comunicação do Partido Comunista Chinês, Diário do Povo. Este jornal, um dos poucos em Pequim a abordar o assunto na primeira página, acusou o Comité Nobel norueguês de pretender "impor os valores ocidentais à China".
fonte: DN
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