Senado francês aprova polémica lei de reformas
Governo conseguiu fazer aprovar o diploma e já desbloqueou uma das 12 refinarias, mas os sindicatos querem manter a pressão.
A lei das reformas foi ontem aprovada pelo Senado francês, por 177 votos a favor e 153 contra, depois de já ter passado na assembleia. As duas câmaras do Parlamento votam quarta-feira um documento final, com base num texto preparado por uma comissão conjunta. O Governo conseguiu acelerar os debates no Senado e quer sufocar o movimento de contestação nos próximos dias, aproveitando a impopularidade dos bloqueios de refinarias e as férias escolares.
Se o processo legislativo avançou mais depressa, a França parece mover-se cada vez mais devagar. Os sindicatos marcaram dois novos dias de protesto e o abastecimento das gasolineiras é precário, já que as 12 refinarias do país estão em greve. Uma em cada cinco estações de serviço mantém-se seca. O sindicato dos estudantes vai manter a pressão na próxima semana e já paralisou 185 dos 4300 liceus do país.
Ontem de manhã, as autoridades recorreram à força para desmobilizar os piquetes que bloqueavam uma grande refinaria nos arredores de Paris. O ministro da Energia, Jean-Louis Borloo, garantiu que tinham sido acedidos apenas stocks que estavam em depósito, mas sindicatos protestaram contra o que classificam de atropelo à lei da greve.
Um pouco por toda a França, piquetes bloqueiam os acessos às cidades ou recorrem a "operações caracol", entupindo as estradas em velocidade lenta. Uma sondagem sugeria que dois terços dos franceses apoiam o movimento grevista, mas mais de metade são contra os bloqueios.
A perturbação do abastecimento de combustíveis já levou o Presidente Nicolas Sarkozy a acusar os grevistas de terem feito "reféns a economia, as empresas e a vida quotidiana dos franceses". E os empresários estão preocupados com a falta de combustível, que poderá durar ainda alguns dias. As greves produziram gigantescas manifestações em várias cidades e a mobilização está a ser feita com uso extenso das redes sociais.
A polémica lei visa aumentar a idade mínima da reforma de 60 para 62 anos; e de 65 para 67 anos com pensão completa. Segundo os especialistas, e se o sistema ficar inalterado, o custo em 2018 será de 44 mil milhões de euros.
Mas há também contas políticas. Os partidos estão a posicionar-se para a campanha presidencial de 2012, que se adivinha dura. E, no interior do partido no poder (UMP), prepara-se a substituição do primeiro-ministro François Fillon, em princípio pelo preferido de Sarkozy, o ministro da Energia Borloo. Os protestos também se explicam pela baixa popularidade do Presidente e a impopularidade do ministro responsável pela lei, Eric Woerth, envolvido no escândalo L'Or"ral, que sugere financiamento ilegal de partidos.
fonte: DN
Sem comentários:
Enviar um comentário