Janis Joplin. A primeira estrela rock feminina morreu há 40 anos
A 4 de Outubro de 1970 Janis Joplin foi encontrada morta num motel com uma overdose. Depois de Jimi Hendrix, a década de 60 perdia mais um ídolo. A vida, os amores, os excessos e o legado da "tia branca dos blues". No documento ao lado pode recortar a boneca e escolher as suas roupas preferidas
Janis Joplin morreu com 27 anos em 1970
Bastaram cinco anos e quatro álbuns para que Janis Joplin passasse de menina gozada no liceu a estrela rock. A voz rouca e quente fez dela a primeira mulher com estatudo equivalente a Jimi Hendrix ou Jim Morrison. Numa entrevista em 1969, o apresentador Dick Cavett perguntou-lhe: "Por que é que não há mais estrelas rock femininas?" "Não sei. Talvez não seja uma coisa muito feminina entrar na essência da música. Muitas cantoras ficam só pela superfície, em vez de sentirem a música", respondeu Janis. Nesse mesmo ano, a "Newsweek" pôs Janis Joplin na capa com o título "Rebirth of the Blues" (Renascimento dos Blues). Tudo parecia correr-lhe bem, mas um ano depois morreu.
A 3 de Outubro de 1970, a cantora que nasceu em Porth Arthur, Texas, trabalhou até tarde no novo álbum. A seguir, foi beber uns copos com os amigos e quando chegou ao quarto do motel em Hollywood, encheu a seringa com heroína e espetou a agulha no braço esquerdo. Ainda teve tempo para ir ao lobby pedir troco de uma nota para comprar tabaco. Entrou no quarto e caiu. No dia seguinte, foi encontrada morta pelo road manager, John Cooke, que estranhou o atraso para as gravações. Uma overdose acabou com a vida da primeira branca a ser senhora do blues.
Mas deixou legado. "PJ Harvey é uma das cantoras que já confirmou essa influência. Janis foi provavelmente a cantora branca com o coração e a voz mais negra da história do rock. Ela gravou poucos álbuns, mas tem uma força tão grande que deixou marcas. Não é a mãe dos blues, mas pode ser a tia branca", explica o jornalista e crítico de música, António Pires. Pedro Boucherie Mendes, júri do "Ídolos", não aprecia artistas que se autodestroem, mas reconhece a importância de Janis. "Tinha uma voz potente e capacidade de interpretar. Com Janis tinhámos a certeza de que só ela pessoa poderia cantar daquela forma. É uma qualidade rara."
Do Texas à Califórnia Filha de um engenheiro e de professora, Janis Lyn Joplin era a mais velha de três e parecia destinada a uma vida pacata de secretária. Mas cedo se sentiu deslocada. Era gozada na escola por ter uns quilos a mais e pela forma como se vestia - chamavam-lhe "porca" e "freak". "Achavam que era louca. Não gostavam de mim. Era suposto casar-me, ter filhos e ficar de boca calada. Não fiz nada disso", contou aos jornalistas. "Não encaixava naquele sítio. Lia, pintava e não odiava negros."
Em 1962, entrou para Belas Artes, na Universidade do Texas, em Austin. Mas não foi muito bem recebida. Quando lhe deram o prémio de "Homem mais feio no Campus", desistiu e rumou à tolerante California. É lá que conhece os "Big Brother and the Holding Company", que gostaram da voz incomum de Janis e contrataram-na. O sucesso da cantora cresce à medida que os seus vícios aumentam. Por dia gastava cerca de 200 euros em heroína, fora o álcool. Tenta várias desintoxicações, com a ajuda de namorados e namoradas. No ano da sua morte, viaja para o Brasil e apaixona-se por David Niehaus, um professor primário. Por ele, deixa a droga, mas nos Estados Unidos volta a consumir heroína.
A cantora, que chegou a estar noiva quando vivia no Texas, lançou o primeiro álbum a solo em 1969, no mesmo ano em que participa no Festival Woodstock. Defendia que temos de ser verdadeiros e garantia que nunca se deslumbrou com a fama. No auge da carreira, perguntaram-lhe se nunca se cansava dos concertos: "Tocar é a melhor coisa que já me aconteceu." Não o disse na mesma entrevista, mas é uma das citações mais referidas de Janis: "No palco, faço amor com 25 mil pessoas diferentes, depois vou para casa sozinha."
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