Sarkozy e Barroso discutem expulsões
Cimeira de Bruxelas foi marcada por violenta troca de palavras em torno das políticas francesas em relação aos ciganos
O Conselho Europeu de ontem, em Bruxelas, foi marcado por uma violenta discussão entre o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, em torno da expulsão de ciganos pela França. Segundo vários relatos, a troca de palavras foi muito dura, mostrando sérias divisões institucionais.
O encontro de líderes deveria ser dedicado a temas económicos, mas a questão da expulsão dos ciganos balcânicos (roma) de França tornou-se o tema central. A delegação francesa chegou a Bruxelas indignada com as declarações da comissária responsável pela justiça, a luxemburguesa Viviane Reding, que falara sobre o tema dois dias antes.
Reagindo à divulgação de uma circular do Governo francês, documento onde os roma são referidos expressamente, Reding comparou as expulsões de ciganos às deportações do Governo de Vichy, na Segunda Guerra Mundial.
A França reagiu com indignação. Segundo o jornal Le Monde, Sarkozy terá dito, durante o almoço de trabalho dos líderes: "A Comissão feriu a França." E seguiram-se críticas do Presidente francês às quais Barroso respondeu, afirmando que eram "inaceitáveis" as discriminações contra minorias étnicas.
A discussão inédita entre um chefe do Estado e o presidente da Comissão foi aproveitada pelo presidente da UE, Herman Van Rompuy, que apelou às duas partes para que se respeitassem. Barroso e Rompuy estão envolvidos (também com Catherine Ashton, chefe da diplomacia) numa luta de poder pela definição das respectivas atribuições.
Sarkozy explicou mais tarde que nenhum dos dois dirigentes elevou a voz. "Se houve alguém que manteve a calma e que se absteve de fazer comentários excessivos, fui eu", disse o Presidente francês, referindo-se ao incidente. Depois, lembrou que tinha apoiado a eleição de Barroso e disse compreender que o presidente da Comissão mostrasse solidariedade com a comissária Reding. "Mas não permitirei que se insulte o meu país", garantiu.
O Conselho acabou por condenar a comissária, embora a França tenha aceite uma investigação da comissão. Viviane Reding ameaçara a França com um processo na justiça europeia por não cumprimento da legislação comunitária. Os líderes, incluindo o primeiro- -ministro José Sócrates, consideraram excessivo o comentário de Reding sobre as alegadas semelhanças históricas. O projecto de declaração comum sobre a questão dos ciganos foi abandonado.
fonte: DN
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