375 farmácias com fornecimentos suspensos
Há 375 farmácias com os fornecimentos suspensos pelos grossistas e 168 estão a enfrentar processos judiciais por dívidas, mas ainda nenhuma encerrou, revelou hoje a associação do sector.
Em conferência de imprensa, a Associação Nacional de Farmácias (ANF) sublinhou a "profunda" crise económica e financeira que se vive no sector, responsabilizando as reduções de preço dos medicamentos decididas pelo Governo.
Segundo o presidente da ANF, João Cordeiro, há já 375 estabelecimentos com fornecimentos suspensos, um crescimento de quase 50 por cento nos últimos seis meses.
O número de processos judiciais por regularização de dívidas de farmácias aos grossistas aumentou perto de 40 por cento, bem como o número de estabelecimentos com pagamentos em atraso.
A ANF diz que o valor dos processos judiciais e dos acordos para regularizar as dívidas ultrapassa os 150 milhões de euros.
Apesar da "situação de emergência" e "devastadora" denunciada pela associação, João Cordeiro admitiu que ainda não houve encerramentos.
"As farmácias não fecham. Ficam a dever, tentam resistir, até chegar à altura limite de fechar. Algumas conseguem transferir-se para outros locais. Nos últimos anos mais de 300 farmácias tiveram que abandonar o interior do país. A situação do encerramento é a situação limite à qual se tenta resistir", justificou João Cordeiro.
Com fortes críticas à política socialista na área da saúde, o presidente da ANF responsabilizou o Governo pela "crise económica e financeira nas farmácias" e pelo crescimento da despesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Segundo as contas da associação, 96 por cento do crescimento da despesa do SNS em 2010 deveu-se a quatro medidas políticas.
A não actualização dos preços de referência dos remédios terá custado 12,3 milhões de euros, as novas comparticipações de medicamentos terão ficado em 20,7 milhões de euros, a comparticipação a 100 por cento dos genérico implicou um custo de 26,8 milhões de euros e a nova comparticipação de doenças especiais terá ficado em 5,9 milhões de euros.
A ANF referiu ainda que apesar do mercado do medicamento em ambulatório ter diminuído entre Janeiro e Julho deste ano, a despesa do SNS subiu 8,4 por cento.
"Nenhum sector de actividade consegue viver nesta anarquia", lamentou João Cordeiro
fonte: DN
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