Casa Pia: Leitura da decisão do julgamento é amanhã
A leitura do acórdão do julgamento da Casa Pia é já amanhã, após dois adiamentos, no novo Campus da Justiça. PSP está a preparar fortes medidas de segurança.
O processo Casa Pia passou por vários tribunais até chegar ao Campus de Justiça
Milhares de horas de sessões, em 460 sessões em tribunal, deram origem a um "monstro" de papel e registos magnéticos. É o julgamento do processo de abusos sexuais na Casa Pia, que após cinco anos e dez meses chega, finalmente, a uma decisão. A leitura do acórdão do julgamento está marcada para amanhã.
É um verdadeiro "caso de estudo" na Justiça portuguesa - segundo o Conselho Superior da Magistratura -, que começou a 25 de novembro e 2004 e já passou por quatro tribunais: Boa Hora, Santa Clara, Monsanto e Campus da Justiça.
Cinco anos, dois mil despachos
O estatuto de megaprocesso explica números que podem parecer exorbitantes em relação a outros casos: enquanto normalmente o número máximo de testemunhas arroladas para um julgamento é duas dezenas, no processo Casa Pia foram ouvidas 981 pessoas - 920 testemunhas, 32 alegadas vítimas, 19 consultores técnicos e 18 peritos.
Organizadas em 273 volumes e 588 apensos, estão mais de 66 mil folhas que o processo acumulou desde que começaram as investigações, mais de 40 mil das quais acumuladas desde o início do julgamento.
Os dossiês incluem quase dois mil despachos proferidos pelo coletivo de juízes liderado por Ana Peres, a única juiza que trabalha exclusivamente no caso desde o começo, coadjuvada por Lopes Barata e Ester Santos.
A acusação, representantes das alegadas vítimas e as defesas dos sete arguidos fizeram ao longo de quase seis anos mais de dois mil requerimentos de todos os tipos: irregularidade, nulidade, inconstitucionalidade, diligências de prova, protestos, oposições, respostas, recursos e incidentes de recusa.
Quanto a recursos, foram interpostos 168 vezes, 83 dos quais na fase de julgamento.
Para registar tanto tempo passado na sala de audiências e em deslocações a vários dos locais onde alegadamente se praticaram os crimes sexuais de que os arguidos são acusados, foram usados mais de mil cd e 352 dvd, quase mil cassetes áudio e mais de uma dezena de cassetes vídeo VHS.
Sete arguidos
Para fazer a súmula dos argumentos da acusação nas suas alegações finais, o procurador do Ministério Público, João Aibéo, precisou de cinco dias inteiros. Aibéo começou a alegar na manhã de 24 de novembro de 2008 e aquela fase do processo só terminou no ano seguinte, a 23 de janeiro de 2009.
Em tribunal respondem por vários crimes sexuais o embaixador Jorge Ritto, o ex-motorista da Casa Pia Carlos Silvino, o ex-provedor adjunto da instituição Manuel Abrantes, o médico João Ferreira Diniz, o advogado Hugo Marçal, o apresentador televisivo Carlos Cruz e Gertrudes Nunes, dona de uma casa em Elvas onde alegadamente ocorreram abusos sexuais de menores casapianos.
Após a leitura da decisão, Carlos Cruz vai dar uma conferência de imprensa no tribunal. Por sua vez, os advogados de Carlos Silvino (Bibi) já afirmaram formalmente que se recusam a ser revistados. E, se forem, garantem que não vão estar presentes.
A SIC, que a 22 de novembro de 2002 avançou com a notícia que deu origem ao processo Casa Pia, terá uma câmara na sala de audiências que irá gravar a leitura do acórdão e cederá as imagens às restantes estações de televisão. No entanto, não será feita uma transmissão em direto, visto que a juíza poderá citar os nomes de algumas das vítimas.
fonte: Expresso
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