sábado, 11 de setembro de 2010

Deputada acusa outras de serem prostitutas


Declarações de Angela Napoli, aliada de Fini, enfurecem bancada de Berlusconi.

Uma entrevista televisiva da deputada italiana Angela Napoli está a provocar enorme polémica em Itália. Esta representante do movimento de Gianfranco Fini na Câmara dos Deputados fez duras críticas à lei eleitoral em vigor em Itália, que a seu ver "obriga com frequência as mulheres, para obterem uma determinada posição na lista eleitoral, a prostituir-se ou pelo menos a obedecer à vontade do chefe de turno".

As vozes críticas não tardaram a reagir a estas palavras, que escandalizaram a classe política italiana. Sobretudo as mulheres, como era de prever. Não faltou quem exigisse a Angela Napoli para concretizar as suas acusações, fornecendo nomes e apelidos. Daniela Santaché - do Movimento pela Itália, aliado doPovo da Liberdade (PDL), do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, afirmou que o sucedido demonstra bem "o vazio absoluto" do novo agrupamento fundado por Fini para reunir os 33 deputados e dez senadores que se desvincularam com ele do PDL, em ruptura com Berlusconi.

Alessandra Mussolini, também pertencente às fileiras de Berlusconi, considerou "uma vergonha" as declarações de Angela Napoli, que integra a Comissão Anti-Mafia e a Comissão de Justiça do Parlamento italiano. E Barbara Saltamartini, igualmente do partido de Berlusconi, insurgiu-se contra a "violência inaudita" da sua colega. Angela Napoli tem 64 anos, é licenciada em Matemática e destacou-se pelas suas desassombradas declarações contra o crime organizado. Mas estas suas alusões à prostituição em troca de favores políticos embaraçaram o próprio Fini, que não tardou a demarcar-se delas.

Um editorial do jornal Il Secolo veio de imediato em defesa da deputada, lembrando o caso de uma prostituta de luxo chamada Patrizia d'Addario, que integrou uma lista eleitoral na cidade de Bari depois de se gabar de ter passado várias noites com o primeiro-ministro. "Isto não é uma invenção dos adeptos de Fini", referia o editorial, ontem citado pelo diário espanhol El Mundo.

As clivagens na direita italiana levaram já à ruptura entre Berlusconi e Fini, que é o presidente da Câmara dos Deputados (ver caixa), e terão um novo teste no final do mês, quando for votada uma moção de confiança apresentada pelo chefe do Governo. Fini já antecipou que os seus apoiantes votarão favoravelmente esta moção, mas a maioria dos analistas considera que uma ruptura definitiva entre os dois políticos é apenas uma questão de tempo, forçando eleições legislativas antecipadas.

fonte: DN

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