Questões religiosas marcaram cerimónias do nono aniversário dos atentados realizados pela Al-Qaeda em 2001
Em três cerimónias separadas, os americanos lembraram ontem as vítimas dos atentados do 11 de Setembro de 2001. Este aniversário do ataque foi marcado por divisões políticas e religiosas, o que não acontecera antes. Estas feridas surgiram por causa dos protestos em torno do projecto de um centro cultural e mesquita a 200 metros da zona de impacto, o ground zero, em Nova Iorque, mas também devido à intenção de um pastor evangélico da Florida de queimar o Alcorão.
Num incidente inesperado, seis membros do movimento populista Tea Party (que está a abalar toda a direita americana) rasgaram páginas de exemplares do Alcorão. O acto foi feito em frente à Casa Branca e atraiu a curiosidade de alguns jornalistas e turistas. "A mentira de que o Islão é uma religião pacífica deve acabar", disse um dos activistas.
Em Nova Iorque as cerimónias do 11 de Setembro decorreram sem incidentes, num parque próximo da zona de impacto, ao lado do local onde começa a erguer-se o futuro World Trade Center, que substituirá o anterior, destruído nos atentados. Milhares de familiares das quase 3 mil vítimas leram os nomes dos mortos e o vice-presidente Joe Biden declarou que "não estavam ali para chorar, mas para lembrar e reconstruir".
O discurso principal, de Barack Obama, foi feito na segunda cerimónia, junto ao Pentágono, em Washington. Obama prometeu que os EUA "jamais estarão em guerra com o Islão" e falou das recentes divisões (ver texto ao lado).
Em pano de fundo destas cerimónias, estava a controvérsia em relação ao projecto de um centro comunitário, cultural e mesquita, a Cordoba House, que uma fundação muçulmana liderada pelo imã Feisal Abdul Rauf pretende construir em Nova Iorque. Tem havido oposição ao projecto. Ontem, o New York Post publicava uma sondagem onde se verificava aumento do apoio entre os nova-iorquinos, embora a maioria dos inquiridos (51%) estivesse contra.
Um dos opositores à construção da mesquita foi o pastor cristão fundamentalista Terry Jones, que dirige uma igreja evangélica com meia centena de seguidores em Gainesville, na Flórida, e que até ao início desta semana era um completo desconhecido.
A sua ameaça de queimar o Alcorão a 11 de Setembro deu-lhe fama mundial. Nos países muçulmanos houve manifestações de protesto, algumas violentas, e a controvérsia só abrandou quando Jones prometeu não queimar o livro sagrado dos muçulmanos.
Jones tentou entretanto ligar a questão da queima do Alcorão ao projecto da mesquita do ground zero. Primeiro, afirmou que fizera uma acordo com Rauf, através de um intermediário, mas o imã de Nova Iorque desmentiu imediatamente a afirmação. Numa entrevista à NBC, o pastor explicou que apenas pretendia alertar para os "aspectos muito radicais e muito perigosos do Islão".
As cerimónias de ontem decorreram a poucas semanas de eleições intercalares, cuja campanha está a ser marcada por discussões invulgarmente ideológicas.
fonte: DN
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