Governo moçambicano cede e não aumenta pão
Executivo aprovou novas medidas para responder à crise. Ex-presidente Chissano diz que é preciso maior diálogo com a população.
O Governo moçambicano cedeu às exigências dos cidadãos para baixar o custo de vida no país, depois da revolta que na semana passada fez 13 mortos. Ontem, o Conselho de Ministros anunciou um pacote de medidas para servirem de almofada para a crise económica que abalou Moçambique nos últimos dias.
As decisões, de efeito imediato, produzem efeitos positivos nos preços de produtos de primeira necessidade e serviços, nomeadamente arroz, pão, açúcar, energia eléctrica, água e transportes públicos. Assim, o preço do pão, que já tinha sofrido um aumento de 30%, mantém-se e o Governo vai compensar a indústria panificadora.
No intuito de garantir a sustentabilidade destas medidas, o Executivo moçambicano aprovou medidas de contenção da despesa pública como congelamento do aumento de salários e subsídios aos quadros superiores do Estado, membros dos Conselhos de Administração de empresas públicas que são participadas maioritariamente pelo Estado.
"As medidas de congelamento dos aumentos salariais indicadas têm em vista obter poupanças para posterior reorientação para subsídios necessários", declarou ontem Aiuba Cuereneia, ministro responsável pela Planificação e Desenvolvimento.
Neste contexto de poupança, os ministros passam a viajar menos e em classe económica, quer seja dentro ou fora do país. A contenção abrange ainda ajudas de custo, combustíveis e comunicações.
No pacote de medidas decididas pelo Conselho de Ministros, o antigo presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, disse aos jornalistas, em Maputo, que é preciso haver um maior diálogo entre o Governo e a população. "Se a população não entende o processo, é preciso sentar e debater com ela. A população não sabe por exemplo que não se produz trigo em Moçambique em grande quantidade", declarou, à margem das celebrações do feriado que assinala a assinatura dos Acordos de Lusaka. Nelas participou também o actual chefe do Estado moçambicano, Armando Guebuza.
No mesmo dia, a polícia moçambicana confirmou em comunicado que durante os distúrbios foram detidos 286 manifestantes. Os protestos estalaram em Maputo, a capital moçambicana, faz hoje precisamente uma semana. Além dos mortos, há ainda a registar mais de quatro centenas de pessoas feridas. A população protestou sobretudo por causa do aumento do preço do pão.
fonte: DN
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