Armas nucleares. Irão pode iniciar um efeito dominó perigoso
A ONU e os Estados Unidos temem que outros países do médio oriente imitem o avanço nuclear do Irão.
O Japão adoptou novas sanções contra o Irão
A proliferação nuclear é contagiosa e quase todos os governos e especialistas temem que se o Irão desenvolver armas nucleares os países vizinhos venham a seguir-lhe os passos. As Nações Unidas e o governo norte-americano são unânimes em querer combater o chamado "dominó nuclear". "Os governos de todo o mundo têm de perceber a real ameaça da proliferação de armas nucleares no Irão, porque, provavelmente, nos próximos dez ou 20 anos, outros dez países no Médio Oriente vão seguir o mesmo caminho", disse o ex-senador norte-americano Sam Nunn.
Contra este cenário de risco iminente, existe apenas um obstáculo: um registo histórico que não o suporta. 65 anos depois do início da era nuclear, apenas nove países desenvolveram armas nucleares. Além disso, passaram-se quase 20 anos entre a criação do primeiro Estado nuclear - os Estados Unidos, em 1945 - e o quinto, a China, em 1964. Índia, Israel, África do Sul, Paquistão e Coreia do Norte surgiram no 40 anos seguintes.
Quatro anos depois de a Coreia do Norte se ter tornado um país com armas nucleares, a Coreia do Sul e o Japão não parecem estar no caminho para seguir o exemplo: "Nesta fase é precipitado falar em dominó nuclear", garante Diogo Noivo. O investigador do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança explicou ao i que "em teoria é fácil recorrer a esse termo, mas na prática existem demasiados constrangimentos práticos que impedem a sua concretização". Esses obstáculos à proliferação passam pelo controlo internacional, nomeadamente dos Estados Unidos, sendo que a Coreia do Sul e o Japão contam com uma forte protecção norte-americana. Depois do teste nuclear da Coreia do Norte, em 2006, o então presidente George W. Bush assegurou imediatamente total protecção aos dois países vizinhos.
"Apesar desses países terem toda a tecnologia disponível e reunirem as condições para a transferir para outros países, há demasiados constrangimentos políticos que o impedem. Tem sido esse limite que mantém o controlo na proliferação nuclear", acrescenta Diogo Noivo.
Em relação ao Médio Oriente, grande parte dos especialistas acredita que o Irão está a entre um e três anos de de-senvolver uma bomba nuclear, comparado com os dez a 15 anos a que os países vizinhos estão de alcançar esse objectivo. Esse prazo dá mais oportunidade aos Estados Unidos de estabelecer pactos de segurança com os países que poderiam ficar tentados a desenvolver armamento nuclear em resposta à ameaça iraniana.
Em termos práticos, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, já falou da possibilidade de os Estados Unidos estenderem a sua defesa aos países do golfo Pérsico, capacitando-os de meios de defesa para confrontarem um possível Irão nuclear.
Para Diogo Noivo, apesar de todas as formas de negociação estarem já desgastadas, "insistir na aplicação de sanções e no apoio de movimentos reformistas é a solução". No entanto, o investigador alerta para a aprovação de sanções estratégicas, "que não afectem a população em geral, mantendo apenas intenções políticas".
Entretanto, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) pediu a Israel para aderir ao Tratado de Não Proliferação de armas nucleares e submeter as suas instalações a controlo internacional, indica um relatório divulgado ontem.
Japão O governo japonês adoptou ontem novas sanções contra o Irão, que prevêem o congelamento de bens relacionados com o programa nuclear de Teerão e um controlo mais rigoroso das transacções financeiras. A medida aprovada pelo gabinete do primeiro-ministro Naoto Kan inclui o congelamento de bens de 88 instituições, 15 bancos e 25 indivíduos, informou Hideaki Fujisawa, representante do Ministério do Comércio. Além disso, o executivo japonês impedirá que instituições financeiras do país abram escritórios no Irão, enquanto também veta instalação de filiais dos bancos iranianos no Japão.
Também os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia adoptaram recentemente um novo pacote de sanções contra o Irão. A União Europeia proíbe qualquer novo investimento, assistência técnica ou transferências tecnológicas, nomeadamente para a refinaria e a liquefacção do gás.
fonte: Jornal i
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