Obama 'sai' do Iraque com mira no Afeganistão
Em encontro com os soldados na base militar de Fort Bliss, o Presidente dos EUA alertou para o "período difícil" que se avizinha.
Horas antes do seu discurso a assinalar o fim formal da missão de combate dos EUA no Iraque, o Presidente americano lembrou aos militares presentes na base de Fort Bliss que o país tem ainda um "combate muito duro" a travar no Afeganistão. Consciente da situação do próprio Iraque, Barack Obama garantiu aos militares que o seu discurso não será propriamente uma declaração de vitória.
"Vou fazer um discurso à nação esta noite. Não será um grito de vitória nem tão-pouco uma autofelicitação. Temos ainda muito trabalho a fazer de forma a que o Iraque seja um verdadeiro parceiro", explicou Obama aos militares da base de Fort Bliss, perto de El Paso, no extremo oeste do Texas (sul ).
Sete anos e meio após se ter oposto à invasão decidida pela Administração de George W. Bush - com o apoio do Reino Unido de Tony Blair e de outros países da comunidade internacional - o actual chefe da Casa Branca afirmou que o Iraque "tem a oportunidade de construir um futuro melhor e os Estados Unidos estão agora em segurança".
Obama tinha agendado para as 20.00 locais (meia noite em Lisboa) o seu discurso aos americanos a partir da Sala Oval, que o Presidente mandou redecorar enquanto esteve de férias em Martha's Vinyard. Um discurso para anunciar o cumprimento de uma das suas promessas de campanha: o regresso a casa dos militares que combatiam no Iraque. Na realidade, os milhares de soldados que integravam a missão de combate fizeram o seu adeus ao Iraque há já alguns dias e rumaram à base americana no Koweit.
Obama não é o único a ser cauteloso sobre os resultados americanos no Iraque. Ontem, o secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, afirmou em Milwaukee (norte dos EUA) que "a hora dos desfile triunfal e da auto-satisfação ainda não chegou. Temos ainda lá muito trabalho a fazer ".
Em contrapartida, o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, não hesitou em afirmar que o Iraque "é agora um país soberano e independente". Isto quando a violência continua a marcar presença nas cidades e vilas iraquianas e, seis meses após as legislativas, ainda não foi possível a formação do novo Executivo.
Obama, que disse ir telefonar a Bush antes de falar ao país, não esquece que os EUA têm outra frente de combate: o Afeganistão. Bem mais difícil, como ele próprio afirmou aos soldados de Fort Bliss.
"Temos visto as perdas (em combate) aumentar porque estamos a enfrentar a Al-Qaeda e os talibãs. Ainda lá vamos viver um período difícil", afirmou o Presidente que, consciente da situação no país de Hamid Karzai, adiantou: "Temos os soldados necessários no terreno para enfrentarmos os terroristas. Isso vai significar perdas, sofrimento".
Obama decidiu, entretanto, avançar com outro dossiê também difícil: o processo de paz para o Médio Oriente. Ciente de que a solução para a região passa pelo entendimento entre Israel e palestinianos, a Casa Branca agendou para amanhã o lançamento das negociações directas entre as duas partes. Com o apoio do Egipto e Jordânia. Ocasião que os radicais querem destruir.
fonte: DN
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