Padres belgas violaram 507 menores em 30 anos
Comissão que investigou queixas apresentou relatório. 13 vítimas de abusos, registados entre 1950 e 1980, cometeram suicídio.
"Este é o caso Dutroux da Igreja", declarou ontem o pedopsiquiatra que dirigiu a comissão que investigou as denúncias de abusos sexuais de menores por parte de religiosos católicos na Bélgica. Na conferência de imprensa em que apresentou o seu relatório final, Peter Adriaenssens comparou o impacto que a investigação pode ter na sociedade belga ao efeito que a revelação dos crimes do pedófilo e assassino Marc Dutroux causou nos anos 90.
507 queixas de abusos sexuais e físicos foram recebidas entre os meses de Janeiro e Junho. 327 de homens, 161 de mulheres, 19 feitas por desconhecidos. A comissão, criada pela própria Igreja, indica que houve abusos em quase todas as dioceses belgas. 13 vítimas cometeram suicídio e outras seis tentaram fazê-lo, de acordo com os testemunhos de 124 "vítimas sobreviventes", que estão disponíveis a coberto do anonimato no relatório da comissão, segundo avançou ontem a AFP. O documento com duas centenas de páginas vai estar disponível no site www.commissionabus.be, em flamengo e francês.
Os factos relatados - "violações com sexo anal, oral, vaginal e várias outras barbaridades" - aconteceram entre 1950 e 1980. Foram cometidos por padres, mas também por párocos que se aproveitavam dos menores após a missa, por professores de religião ou líderes de movimentos juvenis. A maioria já prescreveu e muitos dos agressores já não estão vivos. O relatório fala em 320 agressores, 184 foram identificados, 95 dados pelas vítimas como falecidos. 102 eram membros de 29 congregações religiosas.
Algumas das vítimas ainda vivas confessaram que o seu calvário começou aos 12 anos, embora haja relatos de um abuso de um bebé de dois anos, de cinco de crianças de quatro anos, de oito de cinco, sete de seis anos, de dez de crianças com sete anos. Entre os testemunhos no relatório, está o de uma mulher abusada aos 17 anos por um padre, que contou ter desabafado o seu tormento a um bispo em 1983. Mas obteve a seguinte resposta: "Deixa de olhar para ele que ele deixa-te em paz". Na apresentação do relatório, Peter Andriassen afirmou: "As vítimas precisam de uma Igreja que coopere na procura de respostas".
fonte: DN
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