Se a visita de Bento XVI a Portugal se passou com uma tranquilidade notável, dado o contexto do debate sobre o casamento gay, ninguém parece esperar o mesma calma durante a sua visita ao Reino Unido, na semana que vem.
Depois de aterrar em Edimburgo no dia 16, o Papa será recebido pela Rainha Isabel II e outras altas instâncias britânicas. Mas lá fora, no país, o jornal The Scotsman prevê "uma mistura tóxica de hostilidade a apatia". Esta será a primeira visita de estado de um Papa ao Reino Unido, país cuja religião oficial é o anglicanismo, cujo chefe é a própria monarca - a visita do João Paulo II em 1982 foi uma visita pastoral.
Os cinco milhões de católicos britânicos, apesar de serem mais praticantes que os anglicanos, faltam cada vez mais à missa. Não são eles que pagarão os custos da visita, de dezenas de milhões de euros; estes serão suportados, na sua maior parte, pelo Estado. Numa altura de cortes nos serviços públicos, este facto é polémico.
Depois de um dia na Escócia, o Papa vai para Londres. O maior protesto também será na capital: uma marcha no sábado com o lema "O Papa opõe-se à igualdade universal e aos direitos humanos. Não lhe deveria ser estendida a honra e reconhecimento duma visita de Estado ao nosso país."
Alguns militantes detectam sinais de medo da parte da Igreja: esta semana um bispo procurou um encontro com Peter Tatchell, o mais conhecido defensor dos direitos dos homossexuais, e outros activistas, para pedir que tudo se passe "de maneira digna".
A oposição à visita prende-se com a posição do Papa sobre temas como homossexualidade, aborto, uso do preservativo ou ordenação de mulheres. Mas os grupos concordaram em focar-se na resposta da Igreja aos casos de abusos de crianças por padres. Está marcada para a véspera da visita uma conferência de imprensa com vítimas de todo o mundo.
Há até ateístas militantes, como o biólogo Richard Dawkins, que querem ver o Papa detido, por tentar encobrir os abusos. Tudo isso significa, de acordo com o jornal The Scotsman, que a primeira coisa que Bento XVI vai querer fazer quando chegar não será beijar o chão, como fez o seu antecessor, mas pegar numa pá e começar a escavar um túnel de fuga.
fonte: DN
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