Portagens na A28 são "ataque frontal" ao norte de Portugal e à Galiza
O secretário geral do Eixo Atlântico classificou hoje, sexta-feira, a introdução de portagens na A28 como "um ataque frontal" à economia do norte de Portugal e da Galiza e uma "barreira" à filosofia de proximidade entre as duas regiões.
"Havia toda uma forma de vida económica e social que estava planificada à volta de uma ligação rápida sem custos e que, de repente, sem aviso prévio, é completamente alterada, o que certamente obrigará muita gente a repensar muita coisa", disse, à Lusa, Xoan Mao.
Segundo este dirigente, o Governo português, no processo de introdução de portagens, manifestou "absoluto desprezo" por toda a região constituída pelo Norte de Portugal e Galiza, "ao não facilitar em nada aos galegos a logística para o pagamento".
"É um processo completamente caótico", criticou.
O Eixo Atlântico, uma associação que integra 17 municípios do Norte de Portugal e 17 da Galiza, já tinha solicitado, em Junho, ao ministro das Obras Públicas português que redefinisse o projecto de introdução de portagens na A28 (que liga Porto a Viana do Castelo), alertando que o fim daquela autoestrada Sem Custos para o Utilizador (SCUT) constituiria "um duro golpe" na economia de Portugal e Espanha.
A título de exemplo, referia que 49 por cento das deslocações de veículos pesados e ligeiros entre Espanha e Portugal se realizam por aquela área transfronteiriça.
Preocupados estão igualmente os empresários da Galiza, tendo já o presidente da Confederação do Comércio de Pontevedra (CCP), José Manuel Alvariño, alertado que a introdução de portagens na A28 é "uma loucura", podendo levar ao "desinvestimento" dos empresários galegos em Portugal.
"Se forem introduzidas portagens, as condições do investimento alteram-se substancialmente. Uma coisa é ter livre mobilidade, outra coisa completamente diferente é ser obrigado a pagar portagens", referiu, em Fevereiro, Alvariño.
"A introdução de portagens seria uma loucura e iria, muito provavelmente, desviar muitas empresas galegas instaladas na corda da A28 para outras zonas com livre mobilidade", acrescentou o responsável da CCP, organismo que representa 24 mil empresas.
Na altura, o dirigente revelou dados que dão conta de que mais de 70 empresas galegas estão instaladas nos parques empresariais do norte de Portugal, especialmente nos sectores automóvel, da pesca e da construção.
Por outro lado, 48 empresas galegas têm capital português.
Os mesmos dados referem que, no total, há 200 mil empresas que são potenciais utilizadoras da A28.
Há também a registar 189 empresas da Galiza que exportam para Portugal e 178 que importam de Portugal.
Os empresários "acenaram" ainda com a média anual de 450 mil galegos que utilizam o Aeroporto Francisco Sá Carneiro e com os 220 galegos que, em 2009, foram às superfícies comerciais do norte de Portugal, sobretudo de Matosinhos e Vila do Conde.
Outro número "relevante" respeita ao milhão de veículos que por ano cruzam a fronteira de Valença-Tui, em ambos os sentidos.
O Governo aprovou quinta feira em Conselho de Ministros uma resolução que fixa a cobrança de portagens nas SCUT do Norte Litoral, Grande Porto e Costa de Prata a partir de 15 de Outubro.
Até 15 de Abril de 2011 serão cobradas portagens nas restantes SCUT - Interior Norte, Beira Litoral e Alta, Beira Interior e Algarve.
fonte: JN
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