Acesso a tratamento da sida é parte dos direitos humanos
Conferência mundial escandalizou-se com a situação dos infectados detidos nas prisões
Terminou ontem, em Viena, a 18.ªa Conferência Internacional sobre Sida, em que a esperança maior se centrou no anúncio de um gel que destrói o vírus. O acesso ao tratamento está longe do prometido para 2010 e a doença grassa nas prisões de todo o mundo.
Foi uma voz autorizada a falar na conferência de Imprensa de encerramento da conferência que reuniu mais de 20 mil pessoas em Viena, nos últimos seis dias, para avaliar a situação da sida no Mundo: Manfred Nowak é relator das Nações Unidas sobre tortura e direitos humanos e tem visitado prisões de todo o Mundo.
"Nem imaginam as condições dos detidos", disse, aludindo à sobrelotação dos estabelecimentos prisionais e à falta de condições vivida por dez milhões de pessoas. Acontece que aí não há acesso a cuidados de saúde e é muito elevada a incidência de VIH, com origem na partilha de agulhas e em relações sexuais sem protecção.
Elevadas taxas de incidência
Segundo Manfred Nowak, a taxa de infecção por sida é de 40% entre os detidos na África do Sul, na Índia de 21% e na Ucrânia poderá chegar aos 30%. "Sabemos o que fazer", comentou, para citar o exemplo de Espanha, um dos 11 países (Portugal incluído) em que há programa de troca de seringas e distribuição de preservativos. O mesmo relator da ONU acusou a generalidade dos países de "não tomarem medidas, por falta de vontade política e por atitudes moralistas". E lembrou uma realidade: se há dez milhões de detidos nas cadeias, são 30 milhões os que anualmente entram e saem. Ou seja: "um risco para a sociedade", na medida em que ajudam ao avanço da infecção, na ausência de prevenção e tratamento.
A conferência constatou que se está muito longe do acesso universal aos tratamentos da sida. Isso era um desígnio para 2010, a que se tinham comprometido os países da ONU (197) presentes na conferência. Apenas 5,2 milhões de infectados estão em tratamento, quando deveriam ser o dobro ou mesmo o triplo, agora sob novos critérios da OMS para avançar num estado precoce da doença com a toma de antiretrovirais. Ontem, Obama falou aos participantes, em mensagem gravada, e renovou promessas de aumentar as ajudas dos EUA no combate à sida. Mas a mensagem de esperança mais concreta já tinha sido anunciada há dias, quando uma equipa sul-africana revelou ter criado um gel para uso feminino parecido com um espermicida e capaz de matar o vírus.
fonte: JN
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