sábado, 17 de julho de 2010

Cientistas dizem-se optimistas sobre vacina contra a sida


Activistas e especialistas em sida que se reúnem em Viena neste fim de semana para uma conferência sobre o vírus ouvirão sobre os progressos na protecção das pessoas contra a doença. Nenhum anúncio sobre a descoberta de uma possível vacina é esperado, mas investigadores estão mais esperançosos de que a vacina é possível. "Houve um renascimento da vacina da sida", afirmou Seth Berkley, presidente da Iniciativa Internacional de Vacina para sida.

Dois estudos publicados no ano passado aumentaram bastante as esperanças para uma vacina. Um, divulgado em setembro último, é sobre a combinação de duas antigas vacinas que abaixou o índice de infecção em um terço depois de três anos. A pesquisa foi realizada com 16 mil voluntários tailandeses.

No segundo estudo, publicado neste mês, investigadores descobriram anti-corpos humanos que podem oferecer protecção contra vários vírus da sida. "Estou mais optimista sobre uma vacina agora do que estive nos últimos dez anos", diz Gary Nabel, do Instituto Nacional de Alergias e Infecções dos Estados Unidos. Ele liderou o segundo estudo.

O vírus da sida infecta 33,4 milhões de pessoas no mundo, segundo as Nações Unidas. Ele matou mais de 25 milhões. As recentes pesquisas têm ajudado a diminuir o campo onde os cientistas devem se concentrar para desenvolver a vacina. Um caminho pode ser refazer o teste da pesquisa com tailandeses. Pode ser mais fácil verificar resultados se a vacina for testada em pessoas com alto risco de infecção, e não em voluntários comuns.

Pesquisa

Algum tipo de vacina deve ser testada na África do Sul por volta de 2013 ou 2014, segundo Berkley, mas nada impede que daqui mais uns anos investigadores tenham outra vacina que não funciona. Isso tem amedrontado as grandes indústrias farmacêuticas, que têm deixando as pesquisas para institutos, governos e pequenas empresas. Com orçamentos apertados, a pesquisa tem que ser focada.

A maior esperança, diz Berkley, é uma vacina que pode activar proteínas do sistema imunológico chamadas anti-corpos neutralizadores. Por isso que os investigadores ficaram tão animados com os resultados do instituto norte-americano neste mês. Eles encontraram anti-corpos no sangue de algumas pessoas cujos corpos produziram as defesas depois que foram infectados com HIV. Dois deles se vincularam e neutralizaram 90 por cento das mutações do HIV.

Os investigadores conseguiram congelar um dos anti-corpos no processo de ligação para neutralização do vírus, obtendo uma imagem em nível atómico do momento em um processo chamado cristalografia por raios-X. Ser capaz de "ver" como a estrutura se parece pode permitir aos investigadores projectar uma vacina usando um processo chamado desenho racional de vacina, semelhante a uma técnica usada para produção de medicamentos, disse Nabel.

Algumas pequenas companhias de biotecnologia também acreditam que podem ter respostas. A norueguesa Bionor está testando uma vacina chamada Vacc-4x, produzida com peptídios, pequenas porções da proteína do vírus da sida. Bionor não planeia desenvolver uma vacina para proteger as pessoas do HIV, mas pretende encontrar uma forma de livrar as pessoas de coquetéis de droga contra a sida chamados de terapia antiretroviral altamente activa, ou HAART.

Sete anos depois de vacinar os pacientes contaminados com HIV, eles ainda estão produzindo anti-corpos contra o vírus, disse o doutor Per Bengtsson, vice-presidente sénior da Bionor, em recente entrevista à Reuters.

fonte: terra

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