Greenpeace pressiona e BP tenta resistir na América
Ambientalistas fecham estações da BP em Londres e companhia tem prejuízo trimestral de 13 mil milhões de euros.
A British Petroleum (BP) anunciou uma série de medidas para tentar manter-se no mercado americano, numa altura em que crescem as críticas por causa do devastador derrame de petróleo no golfo do México, que é já a maior catástrofe ambiental do género.
A companhia britânica afastou o director-geral executivo, Tony Hayward, substituído pelo americano Bob Dudley, e anunciou perdas catastróficas no segundo trimestre. Entre Abril e Junho, a companhia perdeu 17 mil milhões de dólares (13 mil milhões de euros). Para piorar o cenário, a Greenpeace conseguiu encerrar durante horas dezenas de estações de abastecimento da BP na zona de Londres.
O protesto da Greenpeace foi mal recebido pela companhia, que acusou a acção de "irresponsável e infantil". A BP também alertou para os problemas de segurança. Os ambientalistas querem pressionar a empresa a actuar de forma mais "verde", nomeadamente abandonando a perfuração a grande profundidade.
A imagem da companhia está destroçada. Políticos em Washington já alertaram para os "pára- -quedas dourados", numa referência aos 18 milhões de dólares de compensação que Hayward pode receber, com o seu afastamento. A BP, no mercado dos EUA desde os anos 50, enfrentará novas críticas, pois o derrame está na agenda política de vários estados americanos, em ano de eleições.
A companhia afectou 32 mil milhões de dólares, incluindo o fundo de compensação negociado com a Casa Branca, para pagar a factura do controlo do derrame, custos da limpeza e multas. Os atrasos nos processos também jogam a favor da BP, pois permitirão diluir a despesa em vários anos.
Para obter a verba, a empresa vai vender 30 mil milhões em activos (no Egipto e Argentina já há negócios realizados) e reduzir a dívida, dos actuais 23 mil milhões de dólares para um intervalo entre 10 e 15 mil milhões. Os activos vendidos equivalem a 10% do total.
O novo director-geral executivo, Bob Dudley, já explicou, numa entrevista à ABC, que a petrolífera "será mais pequena" e "terá de aprender com o acidente". Segundo Dudley, "há duas maneiras de reagir, uma é esconder a cabeça e a segunda é enfrentar [a questão] e mudar verdadeiramente a cultura da companhia, garantindo que existem controlos adequados e que o problema não se repete".
O pesadelo da BP começou a 20 de Abril, com a explosão de uma plataforma de perfuração a grande profundidade, a Deepwater Horizon, na qual morreram 11 trabalhadores. Só nas últimas semanas foi possível colocar uma tampa sobre o poço descontrolado, mas a fuga só estará resolvida em meados de Agosto, quando forem concluídos dois poços de alívio.
As estimativas sobre quanto petróleo foi lançado para o golfo do México variam. Os pessimistas dizem que o ritmo terá sido de 25 mil barris diários, próximo de um Exxon Valdez por semana. Este acidente de 1989, que era o pior até agora, lançou nas costas do Alasca 260 mil barris de petróleo.
O actual derrame já terá ultrapassado quatro milhões de barris, mas a maior parte do petróleo não atingiu as costas e uma fatia está a ser consumida por bactérias e pelos incêndios controlados. Muito do petróleo pode ficar submerso durante meses ou anos, mas o acidente não tem a dimensão que se esperava, mesmo tendo já atingido mais de mil quilómetros da costa sul dos EUA.
fonte: DN
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