EUA condenam divulgação de documentos sobre o Afeganistão
Os Estados Unidos condenaram veemente a publicação na Internet de documentos militares confidenciais sobre a guerra no Afeganistão, que sugerem relações entre os serviços secretos paquistaneses e os talibãs.
Mais de 90 mil registos de incidentes e relatórios sobre a guerra no Afeganistão, escritos por soldados e elementos dos serviços secretos e “utilizados pelo Pentágono e tropas americanas no terreno” foram divulgados, domingo, na página electrónica Wikileaks (de fontes e análise política).
O fundador do site prometeu, hoje, segunda-feira, que irá publicar mais dados inéditos sobre o conflito.
Os documentos, enviados e publicados em primeira mão pelos jornais New York Times, The Guardian e Der Spiegel, oferecem um panorama da guerra que dura há cerca de nove anos e que já provocou a morte a cerca de 1000 soldados americanos.
De acordo com o New York Times, os documentos "sugerem que o Paquistão, aliado dos Estados Unidos, permite que elementos dos seus serviços secretos lidem directamente com os talibãs que os serviços secretos paquistaneses e os insurgentes realizavam "sessões de estratégia secreta para organizar redes de grupos rebeldes para combater tropas americanas no Afeganistão e até mesmo complôs para matar líderes afegãos".
Os documentos "fazem um retrato devastador da guerra no Afeganistão", escreve o The Guardian.
A Casa Branca sublinha num comunicado que os "Estados Unidos condenam veemente a publicação de informações confidenciais por pessoas e organizações que poderão colocar em perigo a vida dos americanos e dos nossos aliados e que ameaçam a nossa segurança nacional".
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, James Jones, acrescenta no comunicado que o "Wikileaks não tentou entrar em contacto connosco sobre estes documentos e que, por isso, os Estados Unidos apenas souberam da publicação dos documentos através da imprensa".
"Essas divulgações irresponsáveis não afectarão o nosso compromisso em fortalecer a aliança com o Afeganistão e o Paquistão, em combater os nossos inimigos comuns e em apoiar as aspirações dos afegãos e dos paquistaneses", garantiu.
Sem confirmar nem desmentir a veracidade dos documentos, James Jones sublinhou que os mesmos cobrem um período entre Janeiro de 2004 e Dezembro de 2009, quando o presidente Barack Obama anunciou uma "nova estratégia" para o Afeganistão.
O embaixador do Paquistão nos Estados Unidos, Husain Haqqani, também já considerou "irresponsável" a publicação de documentos confidenciais e realçou que o seu país está totalmente comprometido com a luta contra os talibãs.
Os documentos contêm informações imprecisas que "não reflectem a realidade do terreno", defendeu ao sublinhar que os "Estados Unidos, Afeganistão e Paquistão são parceiros estratégicos que procuram combater militar e politicamente a al-Qaeda e os seus aliados talibãs".
Um responsável americano confirmou sob anonimato que "há preocupações sobre os serviços secretos paquistaneses, sendo por isso que Barack Obama ordenou uma revisão da política sobre o Afeganistão e uma mudança de estratégia".
fonte: Correio da Manhã
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