BP: adeus do presidente dos lucros odiado por ambientalistas
A substituição de Tony Hayward à frente da BP é uma consequência da forma polémica como geriu a maré negra no Golfo do México, mas a estratégia do britânico já era alvo de críticas antes.
Um dos primeiros actos após assumir o controlo da BP em 2007 foi avançar para a exploração das areias petrolíferas no Canadá, cujas emissões de carbono são consideradas mais elevadas que as perfurações tradicionais.
A decisão desencadeou uma série de protestos e foi criticada recentemente por deputados britânicos de diferentes partidos.
Nem o investimento no negócio dos biocombustíveis, no Brasil, no ano seguinte reforçou a imagem de empresa preocupada com o ambiente, promovida no slogan "Beyond Petroleum" [Além do petróleo].
"A companhia retrocedeu sob Tony Hayward, espremendo até à última gota de petróleo lugares como o Golfo do México, os arenitos do Canadá e até a frágil natureza selvagem do Ártico", acusou hoje John Sauven, director-executivo da Greenpeace.
Os ambientalistas não perdoam ao britânico por querer a "vida de volta" durante uma visita ao local, em maio, onde a 20 de abril uma explosão resultou na morte de 11 trabalhadores e numa maré negra considerada a pior catástrofe ecológica do país.
A insensibilidade para a gravidade do acidente, que a certa altura considerou "muito pequeno", foi agravada pela participação, dias depois, numa regata e pelas respostas evasivas e secas perante uma comissão de senadores norte americanos.
A entrada de Hayward para os comandos da petrolífera há três anos já tinha sido atribulada, antecipada pela demissão inesperada de John Browne após a revelação de informações relacionadas com a vida privada e alegados abusos à frente da BP.
Formado em geologia, o então director de exploração e produção era considerado um favorito, após metade dos 50 anos de idade ao serviço da BP, onde serviu em vários postos, incluindo na Colômbia e Venezuela.
Na sua gestão, a BP aumentou os lucros, em parte devido à redução de custos, e chegou a ultrapassar a rival Shell no topo das petrolíferas europeias em termos de capitalização bolsista.
Isto rendeu-lhe prémios e acções no valor de cerca de 3,3 milhões de libras (3,9 milhões de euros) nos últimos anos, para além do salário elevado.
Estima-se também que, ao abandonar o cargo, terá direito a uma compensação superior a um milhão de euros, relativa a um ano de salários e outros benefícios.
Terá ainda à espera uma pensão anual superior a 700 mil euros quando aposentar-se, o que pode fazer aos 55, dentro de dois anos.
"A explosão no Golfo do México foi uma tragédia terrível pela qual - como a pessoa na direcção da BP quando aconteceu - sentirei sempre uma profunda responsabilidade, independentemente de quem pertencer a culpa no final", lamentou hoje Hayward num comunicado.
Os ambientalistas vêem na substituição hoje anunciada por Robert Dudley, que em Junho tomou o lugar à frente das operações de reparação da fuga de petróleo e de limpeza no Golfo do México, uma oportunidade para uma mudança de estratégia.
fonte: DN
Sem comentários:
Enviar um comentário