Troca de espiões em Viena faz reviver Guerra Fria
Rússia e EUA evitam embaraço político e libertam agentes clandestinos detidos.
Rússia e EUA realizaram ontem a primeira troca de espiões da era pós-Guerra Fria, numa cena espectacular que teve todos os ingredientes dos filmes de espionagem. Com esta troca, os dois países evitam um conflito embaraçoso, numa altura em que as suas relações se tornaram muito satisfatórias.
Um avião americano da Vision Airlines foi o primeiro a chegar à capital austríaca, ao início da manhã. Pouco depois, aterrou o Tupolev do Ministério das Emergência da Rússia, que se dirigiu à zona remota do aeroporto onde já estacionara o outro aparelho.
A troca de espiões demorou cerca de uma hora. As escadas estavam tapadas e o curto espaço entre os aviões era percorrido por um carro com vidros fumados. Concluída a troca (da qual não há imagens próximas), os dois aviões seguiram para os seus destinos, um de regresso a Moscovo e outro na direcção do Reino Unido.
Os EUA entregaram à Rússia os dez espiões presos no mês passado, pouco depois de uma deslocação oficial do Presidente Dmitri Medvedev. Esta rede de espiões (ver suplemento DN gente) foi vigiada durante anos pelo FBI e cometeu erros de palmatória. Embora não fossem acusados de espionagem nem tivessem roubado segredos, os agentes enfrentavam acusações que podiam resultar em sentenças pesadas. As autoridades optaram pela deportação.
Os media internacionais mostraram enorme interesse pelos espiões suburbanos, cujos nomes reais foram divulgados: todos russos, menos a peruana Vicky Pelaez. A beleza de uma das espias, a ruiva Anna Chapman (nascida Kuchtchenko), fez correr muita tinta. A mãe de Anna, Irina Kucht- chenko, citada por um site russo (lifenews.ru) esperava ontem o regresso da filha: "Anna não fez nada de mal e apesar do que passou, apesar do que disse, ela estará em breve ao nosso lado." O advogado de Chapman confessou à CBS que a sua constituinte estava "desapontada" com a expulsão. O advogado Robert Baum diz que Chapman podia ter evitado a condenação, pois "nunca usou nome falso, nunca se encontrou com alguém da Federação Russa, nunca aceitou dinheiro e não fez qualquer transferência [financeira ilegal]. A única vez em que lhe pediram para fazer algo, por um agente duplo do FBI, ela recusou".
Os russos libertaram quatro espiões, todos eles condenados a longas penas por terem trabalhado para os EUA e, num caso, para o Reino Unido. Um dos libertados, Igor Sutyagin, é um perito em armamento estratégico condenado em 2004 a 15 anos de prisão. Sutyagin sempre disse estar inocente, mas teve de assinar uma confissão para poder ser agraciado pelo Presidente Medvedev.
Os outros são Sergei Skripal, ex-coronel dos serviços de informação militares, condenado a 13 anos por espionagem a favor de Londres; Alexander Zaporozhky, pena de 18 anos e na prisão desde 2003; Gennadi Vasilenko, major do KGB preso em 1998 por ter contactos com um agente da CIA, depois libertado e outra vez preso em 2005, por posse ilegal de arma.
fonte: DN
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