Caso de desaparecimento do 'Doutor Morte' por desvendar
Médico nazi terá morrido no Cairo em 1992, mas as autoridades egípcias recusam-se a fornecer provas concretas.
Usava o crânio de uma das suas vítimas como pisa-papéis. Injectava líquidos como gasolina, fenol ou água envenenada directamente no coração de prisioneiros e cronometrava o tempo que demoravam a morrer.
Aribert Heim, o médico austríaco que o mundo conhece como "Doutor Morte", assassinou centenas de pessoas no campo de concentração nazi de Mauthausen, um dos locais onde exerceu funções durante a II Guerra Mundial.
Na certidão de óbito de Heim, um dos mais procurados criminosos nazis de sempre, consta que terá morrido há 18 anos no Cairo, onde se encontraria escondido desde 1963. Mas, até hoje, as autoridades alemãs ainda não conseguiram ter acesso a dados que comprovem o seu falecimento.
"Está provado que Heim viveu no Egipto durante anos, mas não há uma prova de ADN ou forense de que morreu ali em 1992." Quem o garante, em declarações ao El País de ontem, é Efraim Zuroff, chefe da Operação Última Oportunidade, levada a cabo pelo Centro Simon Wiesenthal para localizar os últimos criminosos nazis vivos. Mas também a polícia alemã se tem esforçado para apurar a verdade. Em Maio do ano passado, foram enviados ao Cairo dois agentes de Estugarda, que tentaram ter acesso às declarações do médico que, supostamente, presenciou a morte de Heim. Mas, segundo informações avançadas pelo mesmo diário espanhol, tudo o que receberam foi um "silêncio ensurdecedor".
O filho do "Doutor Morte" assegura que o pai - que, se ainda estiver vivo, terá 96 anos - "sofria de cancro no cólon e morreu a 10 de Agosto de 1992". Rüdiger Heim afirma que o pai abandonou as consultas de pediatria que dava na Alemanha em 1962, pouco depois de ter sido emitida uma ordem de detenção. "Atravessou de carro França e Espanha e depois entrou no Egipto, através de Marrocos, com um visto de turista", garante.
Foi no Cairo que, durante 30 anos, trabalhou como médico ao serviço da polícia secreta egípcia.
Heim foi preso pelos Aliados em 1945, mas libertado dois anos depois, sem nunca ter respondido pelos seus crimes.
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