Pastor recua na intenção de queimar Alcorão
Líder religioso foi visitado pelo FBI antes de mudar de opinião. Interpol temia actos terroristas, caso Livro do islão fosse queimado.
Terry Jones, o pastor cristão que anunciara para amanhã a queima de exemplares do Alcorão, a coincidir com o nono aniversário dos atentados de 11 de Setembro, desistiu de concretizar esse projecto. A polémica desencadeada por Jones coincide com a discussão sobre tolerância religiosa (ver texto ao lado) e produziu protestos em países muçulmanos. Barack Obama já disse que este caso é uma "dádiva" para a Al-Qaeda.
Alvo de pressões que incluíram líderes religiosos, governos e a própria Casa Branca, Terry Jones afirmou, numa entrevista, que recuava no seu acto contra o islamismo radical. A sua mudança de atitude surgiu após a visita de agentes do FBI e de pressões, ainda que indirecta, do Presidente americano.
Segundo Jones, os promotores da mesquita junto da zona de impacto teriam abandonado esse projecto. Estes desmentem-no categoricamente.
O recuo de Jones poderá ser tardio. A Interpol emitiu ontem um alerta global aos 188 países membros, avisando para a possibilidade de "ataques violentos" e de uma "ameaça terrorista", se o projecto fosse concretizado.
O líder do Dove World Outreach Center tornou-se esta semana uma celebridade mundial. O Presidente Barack Obama já disse que a ideia de queimar o Alcorão era "contrária aos valores americanos" e "um acto insultuoso que poderá colocar em perigo os nossos homens e mulheres em uniforme", num aviso idêntico ao que fizera terça-feira o general David Petraeus, que comanda as tropas internacionais no Afeganistão. Em resposta, Jones admitiu que a sua intenção era insultuosa, mas que "esta é uma religião perigosa".
O mundo muçulmano está a reagir com indignação e houve manifestações no Afeganistão e Paquistão, estando previstos mais protestos em vários países. A prestigiada mesquita Al-Azhar, do Cairo, avisou que "os muçulmanos nunca aceitarão qualquer atentado ao Alcorão". A queima é uma acção "extremista", que visa provocar "ódio e racismo".
Há notícia da mobilização de grupos radicais e o Governo americano emitiu avisos para todas as suas embaixadas. As críticas são unânimes, do Vaticano ao Governo britânico, do Presidente paquistanês à actriz Angelina Jolie, do senador John McCain ao Irão.
fonte: DN
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