sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Pastor recua na intenção de queimar Alcorão


Líder religioso foi visitado pelo FBI antes de mudar de opinião. Interpol temia actos terroristas, caso Livro do islão fosse queimado.

Terry Jones, o pastor cristão que anunciara para amanhã a queima de exemplares do Alcorão, a coincidir com o nono aniversário dos atentados de 11 de Setembro, desistiu de concretizar esse projecto. A polémica desencadeada por Jones coincide com a discussão sobre tolerância religiosa (ver texto ao lado) e produziu protestos em países muçulmanos. Barack Obama já disse que este caso é uma "dádiva" para a Al-Qaeda.

Alvo de pressões que incluíram líderes religiosos, governos e a própria Casa Branca, Terry Jones afirmou, numa entrevista, que recuava no seu acto contra o islamismo radical. A sua mudança de atitude surgiu após a visita de agentes do FBI e de pressões, ainda que indirecta, do Presidente americano.

Segundo Jones, os promotores da mesquita junto da zona de impacto teriam abandonado esse projecto. Estes desmentem-no categoricamente.

O recuo de Jones poderá ser tardio. A Interpol emitiu ontem um alerta global aos 188 países membros, avisando para a possibilidade de "ataques violentos" e de uma "ameaça terrorista", se o projecto fosse concretizado.

O líder do Dove World Outreach Center tornou-se esta semana uma celebridade mundial. O Presidente Barack Obama já disse que a ideia de queimar o Alcorão era "contrária aos valores americanos" e "um acto insultuoso que poderá colocar em perigo os nossos homens e mulheres em uniforme", num aviso idêntico ao que fizera terça-feira o general David Petraeus, que comanda as tropas internacionais no Afeganistão. Em resposta, Jones admitiu que a sua intenção era insultuosa, mas que "esta é uma religião perigosa".

O mundo muçulmano está a reagir com indignação e houve manifestações no Afeganistão e Paquistão, estando previstos mais protestos em vários países. A prestigiada mesquita Al-Azhar, do Cairo, avisou que "os muçulmanos nunca aceitarão qualquer atentado ao Alcorão". A queima é uma acção "extremista", que visa provocar "ódio e racismo".

Há notícia da mobilização de grupos radicais e o Governo americano emitiu avisos para todas as suas embaixadas. As críticas são unânimes, do Vaticano ao Governo britânico, do Presidente paquistanês à actriz Angelina Jolie, do senador John McCain ao Irão.

fonte: DN

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