EUA retiraram do Iraque últimas tropas de combate
Em sete anos de invasão, 4415 soldados americanos morreram no solo iraquiano
Oito anos depois da chegada, a partida foi muito diferente: aconteceu pela calada da noite, da forma mais discreta possível. A 4.ª Brigada de Atiradores da segunda divisão de infantaria, que estava destacada em Abu Ghraib, um dos locais mais perigosos do Iraque, abandonou ontem o país, em direcção ao vizinho Koweit. Era a última unidade norte-americana de combate estacionada no Iraque e partiu duas semanas antes do previsto. Deixando para trás um país muito longe da pacificação, ao contrário do que prometeu o ex-presidente George W. Bush, quando mandou invadir o Iraque, em Março de 2003. Os EUA chegaram a ter 150 mil soldados no país.
O actual Presidente, Barack Obama, que sempre se opôs à invasão, foi surdo aos últimos apelos que lhe chegaram de Bagdad. O comandante-chefe das forças armadas iraquianas, general Babakir Zebari, considerou há dias "prematura" a partida americana.
Em bom rigor, não é um adeus definitivo. Washington conservará até ao final de 2011 cerca de 50 mil militares estacionados em território iraquiano. Mas estes militares não participam em acções ofensivas: vão limitar-se a executar operações de carácter defensivo que lhes sejam solicitadas por Bagdad.
A prioridade agora será dada à "cooperação civil", acentuou ontem o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Philip J. Crowley. Washington continuará a injectar largos milhões de dólares no Iraque, mantendo a esperança de que a frágil estrutura política entretanto montada no país seja capaz de enfrentar os desafios mais prementes, designadamente a violência endémica que ali subsiste. O mais recente atentado suicida, contra um centro de recrutamento do exército iraquiano, terça-feira, provocou 59 mortos em Bagdad.
Xiitas e sunitas continuam de dedo no gatilho, enfrentando-se mutuamente, enquanto subsiste um impasse institucional: não foi possível formar um Governo desde as legislativas de Março. O país permanece à mercê do Executivo interino de Nouri Al-Maliki, com o Parlamento fragmentado entre várias forças.
Os representantes de empresas privadas de segurança verão o seu número duplicar a curto prazo: de acordo com o New York Times, espera-se que passem a ser sete mil. O que não invalida um sentimento generalizado de insegurança no país, segundo a AFP (ver caixa).
Ao deixarem o Iraque, as últimas tropas de combate americanas viram uma página num conflito que permanece interminável: nestes sete anos, 4415 dos seus camaradas morreram. As vítimas civis são em número incomparavelmente maior: entre 97 mil e 106 mil, dependendo das fontes consultadas. É hoje consensual: foi um erro crasso desmantelar o exército iraquiano em 2003.
fonte: DN
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