quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Diário circulou com espaços em branco na capa em protesto contra "censura"

O diário venezuelano El Nacional publicou hoje dois espaços em branco com a palavra "censurado", nos quais poderiam estar duas fotos, na capa da edição impressa, em protesto contra a "censura".

Um tribunal de Caracas decidiu proibir os meios impressos do país de publicarem, durante um mês, imagens sobre violência.

A acompanhar os espaços em branco, à maneira de legenda, lê-se: "se aqui houvesse uma foto, você veria um pai chorando por um filho que já não tem" e "se aqui houvesse outra imagem você veria dirigentes políticos exigindo do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas dados sobre o que não se pode publicar".

O jornal faz título com a expressão "Proíbem publicar imagens e notícias sobre violência" e explica que o tribunal "impede o El Nacional de difundir tudo o que for relacionado com conteúdos violentos".

Segundo o jornal, "todos os filiados" foram convocados "para uma reunião de emergência", já que "junto com a censura de informação e imagens se solicita que o diário seja sancionado ao pagamento de 39 000 bolívares [7000 euros]".

Na capa do jornal, é possível ler-se declarações do secretário executivo da Sociedade Interamericana de Imprensa manifestando que "se trata de um caso típico de amedrontamento governamental". "Com o governo da Venezuela, o diálogo é de surdos, porque fecha todas as portas", disse Júlio Muñoz.

Também Benoit Hervieu, dos Repórteres Sem Fronteiras, frisou que "se não se pode falar de mortes então não se pode reportar uma guerra, não se podem publicar obituários e nem sequer a foto de um polícia se tiver uma pistola".

Segundo o El Nacional, durante uma visita à redacção do jornal um grupo de estudantes condenou "a falta de acesso a dados sobre a insegurança".

O jornal insiste que "os cidadãos merecem conhecer a informação pública".

Um tribunal de Caracas proibiu na terça feira todos os meios impressos do país de publicarem, durante um mês, "imagens violentas, sangrentas, grotescas, de ocorrências ou não, que de uma forma ou outra vulnerem a integridade psíquica e moral das crianças".

A medida, que vigorará por um mês, foi anunciada um dia depois de o El Nacional ser proibido de divulgar imagens e informações sobre violência, na sequência de uma investigação contra a recente publicação, na capa do jornal, de uma fotografia de cadáveres de alegadas vítimas de insegurança pública amontoados numa morgue.

A foto publicada a 13 de Agosto último ocupava mais de meia página e vinha acompanhada do título "15 milhões de armas ilegais actualmente no país", adiantando-se que entre Janeiro e Junho foram assassinadas na Venezuela 5186 pessoas, 72 por cento das quais com idades entre 15 e 29 anos. Destas, 63 por cento foram atingidas com mais de cinco tiros.

Em solidariedade com o El Nacional, o jornal Tal Qual reproduziu na segunda feira a mesma fotografia, questionando as autoridades sobre a origem da violência no país.

fonte: DN

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Veja aqui os telegramas publicados por The Guardian

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