PS e PSD esticam a corda no Orçamento para 2011
Ao segundo: instantes depois de José Sócrates terminar hoje o seu comício de Mangualde, o PSD dará resposta
"Malhar" no PSD. Exclusivamente - ou quase - no PSD. Será esta, hoje, a tónica essencial do discurso de José Sócrates num comício do PS em Mangualde (Viseu), espécie de ensaio geral para a rentrée nacional do PS, a 4 de Setembro, em Matosinhos.
O líder socialista vai acusar Passos Coelho de "irresponsabilidade política" por, no seu entender, ter retomado no discurso do Pontal um discurso de crise política, ameaçando chumbar o Orçamento do Estado para 2011, que o Governo deverá apresentar no Parlamento em meados de Outubro.
Sócrates aproveitará para reafirmar que não está disponível para mudar o rumo da governação. Mantém-se fiel ao compromisso de baixar as deduções fiscais na saúde e na educação, compromisso inscrito no PEC I, que o PS conseguiu fazer passar no Parlamento com a abstenção do PSD - no tempo ainda da liderança de Manuela Ferreira Leite. O PS insiste em dizer que diminuir os reembolsos fiscais por via das despesas de saúde e de educação não é aumentar os impostos, ao contrário do que considera o PSD.
O CDS-PP também já se manifestou firmemente contra a diminuição destes reembolsos. Paulo Portas está tudo menos disponível para salvar o Governo na votação do OE 2011, deixando esse problema para o PSD de Passos Coelho. Sócrates, pelo seu lado, descrê totalmente do caminho alternativo: fazer passar a proposta com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda.
Dito de outra forma: tudo se encaminha para que o OE 2011 seja um assunto exclusivamente tratado a dois - de um lado o PS; do outro o PSD. Eventualmente arbitrado pelo Presidente da República.
Mal o líder do PS e primeiro-ministro tenha acabado de falar, o PSD responderá à letra na sede nacional sobre a acusação de "irresponsabilidade" no que toca à ameaça de rejeitar o Orçamento do Estado para 2011.
Os sociais-democratas vão manter firmes as suas exigências, ou seja, um rotundo "não" ao aumento "encapotado" de impostos por via dos cortes nas deduções fiscais e o empenho no corte da despesa pública. E, neste ponto, o PSD devolve a acusação de "irresponsabilidade" ao Governo por não estar a conseguir controlar os gastos do Estado.
Apesar do extremar de posições, tanto do lado do PS como do PSD, várias são as vozes que consideram muito arriscado "partir a corda" do OE. Uma fonte próxima da direcção do PSD disse ao DN que "o conflito vai agudizar-se, mas tem de existir bom senso tanto de Sócrates como de Passos Coelho para que, no final, o Orçamento seja aprovado".
Quem se recusou ontem a admitir que a revisão constitucional possa servir de moeda de troca entre o PSD e o PS para uma eventual aprovação das Finanças do País para 2011 foi o líder parlamentar do PSD. "A revisão coloca-se num plano completamente diferente", garantiu Miguel Macedo.
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