Wikileaks. Ordens do Pentágono ignoradas e novos documentos na calha
Fundador do portal publicou entretanto um ficheiro encriptado que poderá conter novos dossiês sobre Iraque
fonte: Jornal i
Julian Assange, fundador do Wikileaks, diz que restantes documentos podem chegar dentro de
dias
Os 15 mil documentos ainda não publicados do dossiê sobre a guerra no Afeganistão têm sido mantidos no segredo dos deuses pelo Wikileaks. Depois da publicação de 77 mil há um mês (de um total de 92 mil), uma onda de protestos por parte de ONG e dos Repórteres sem Fronteiras pôs em causa a revelação, já que nenhum dos informadores afegãos a trabalhar com os EUA foi protegido - pondo as suas cabeças a prémio para os talibãs. O descuido por parte do portal liderado por Christian Assange está a ser corrigido e a publicação dos restantes 15 mil documentos pode acontecer em breve. Questionado sobre o assunto numa conferência em Estocolmo, o fundador explicou: "Analisámos 8 mil dos 15 mil documentos [para proteger as identidades dos informadores]. Se continuarmos ao ritmo actual, devemos levar duas semanas a publicá-los." A data surge dias depois de o Pentágono ter ordenado que a totalidade dos documentos seja entregue aos EUA e retirada da internet.
Ciberguerra lançada? A publicação é uma provocação directa ao coração da defesa dos EUA. A semana passada, o porta-voz do Pentágono deixou uma ameaça clara ao grupo Wikieaks. "Se agir com correcção não é suficiente para eles, vamos arranjar alternativas para os obrigar a fazê-lo", disse Geoff Morrell.
A possível intervenção da administração Obama no caso é apoiada por vários analistas. Marc Thlessen, comentador político do "The Washington Post", dedicou a sua coluna de sexta-feira ao tema: "Os EUA têm capacidades cibernéticas para prevenir o Wikileaks de disseminar esses materiais. Irá o presidente Obama dar ordens ao exército para que use essas capacidades? Se Assange continuar à solta e os documentos que possui forem revelados, Obama não tem mais ninguém que não ele próprio a quem atribuir a culpa", escreveu Thlessen.
No entanto, muitos questionam o poder real do círculo político face à fuga cibernética. A força instituída dos EUA é o grande alvo da publicação dos documentos. E com a maior fuga de informação do sector de defesa do país o site sueco tornou-se a enxaqueca da maior potência mundial - sem mostras de tréguas.
Há duas semanas, o Wikileaks criou a sua própria apólice de seguro online: um ficheiro de 1,4 GB publicado num único tweet por Assange, disponível no The Pirate Bay com a mensagem: "Mantenham-no protegido." Em comparação com os documentos já publicados - que revelaram uma guerra de erros, ataques indiscriminados a civis afegãos e o apoio do Paquistão e do Irão aos talibãs - o ficheiro encriptado tem 19 vezes o seu tamanho. O conteúdo é, para já, uma incógnita, mas os palpites já inundaram a internet. A revista "Wired" refere que o ficheiro "é suficientemente grande para conter toda a base de dados do Afeganistão, bem como outras bases, que já estarão na posse do Wikileaks" - já que Bradley Manning, o soldado americano suspeito de ter entregue os documentos a Assange, teria também em sua posse 500 mil documentos sobre o Iraque e uma base de dados ainda maior do Departamento de Estado norte-americano.
Assange está a jogar com a nova fonte de dados e, na quinta-feira, voltou a provocar o Pentágono. "Tudo o que temos a fazer é publicar a password para o material e ele fica disponível de imediato."
fonte: Jornal i
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