Perdão póstumo a Billy the Kid gera controvérsia nos Estados Unidos
Billy the Kid, o fora-da-lei do Novo México
Cento e trinta anos depois, Bill Richardson, governador do Novo México, sente-se na obrigação de perdoar o mais famoso fora-da-lei americano. É uma questão de promessas por cumprir, diz sobre Billy the Kid, o pistoleiro-lenda do velho Oeste norte-americano. A história gira à volta da curta mas controversa vida de Henry McCarty. Ou melhor, de Billy the Kid, como era e ficou conhecido. Morreu antes de completar os 22 anos, alvejado a tiro, talvez numa emboscada, na remota localidade de Fort Sumner, no Novo México.
Nunca se soube com precisão as circunstâncias da morte de uma das personagens mais icónicas do Oeste americano do século XIX. Morreu como costumava matar, inesperadamente, em Julho de 1881. E tornou-se numa lenda.
Documentos históricos provam que Lew Wallace, antecessor de Bill Richardson entre 1878 e 1881, estabeleceu um acordo com the Kid: caso ele testemunhasse sobre um assassínio que tinha presenciado, o governador garantir-lhe-ia o perdão pela sua longa lista de crimes e a subsequente liberdade. Billy testemunhou mas o perdão nunca chegou.
Acabou por fugir da prisão de Lincoln, onde aguardava a sua execução por ter morto o xerife Brady, o único crime que lhe conseguiu ser imputado. Acabou por ser morto a tiro num local que se diz ser “ermo e escuro” pelo xerife Garrett, o responsável pela penitenciária de Lincoln.
Hoje, Bill Richardson quer pedir-lhe perdão. Ou conceder-lhe o perdão. O governador do Novo México, eleito e reeleito pelos democratas em 2002 e 2006, quer organizar uma cerimónia de onze horas onde concederá a “absolvição” a Billy the Kid.
Ao "The New York Times", o político disse que se trataria do consumar de um “perdão baseado em factos, documentos e discussões” que nunca foi cumprido. “Estaria a cumprir as minhas obrigações, enquanto governador, na área dos pedidos de desculpas”, acrescenta o governador, sublinhando que isso também traria “boa publicidade para o país”.
Quem não gosta nada da ideia são os descendentes do xerife Pat Garrett, que alvejou o famoso pistoleiro. Os irmãos Jarvis Patrick Garrett e Susannah Garrett reuniram-se no dia 11 de Agosto com o governador do Novo México para mostrarem o seu desagrado perante a iniciativa.
“Se Billy the Kid vivesse neste momento entre nós, seria dado o perdão a alguém que viveu como ladrão e, mais grave, como assassino de inúmeras pessoas?”, questionou a família Garrett numa carta ao governador, citada pelo "The New York Times".
Já em 2001, quando um legislador propôs o perdão de Billy the Kid, familiares do xerife William Brady insurgiram-se contra a iniciativa. Agora, os descendentes de Garrett, receosos de que a reputação do seu antepassado seja denegrida, já se envolveram numa campanha pública contra a iniciativa.
fonte: Público
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