Mesquita inflama Nova Iorque
Apoiantes e opositores trocam argumentos em manifestações de rua. 56% dos nova-iorquinos estão contra
A polémica em Nova Iorque passou das colunas dos jornais para as ruas. Dois grupos antagónicos enfrentaram-se na Baixa da cidade - muito próximo da zona de impacto, em Manhattan, onde estiveram implantadas as Torres Gémeas até 2001 - para entoarem palavras de ordem muito diferentes. Uns a favor, outros contra a prevista edificação de um centro islâmico de 13 andares a escassos dois quarteirões do local onde há nove anos ocorreu o brutal atentado do 11 de Setembro que provocou a morte de quase três mil pessoas.
"Não ao racismo", gritavam ao fim da tarde de sábado aqueles que apoiam o projecto em nome da liberdade religiosa garantida na Constituição norte-americana e reiterada há dias pelo Presidente Barack Obama, o que lhe valeu algumas críticas.
Um dos apoiantes, Ali Akram, de 39 anos, lembrou que o atentado da Al-Qaeda também matou vários muçulmanos em Nova Iorque. "Quem se opõe à mesquita opõe-se aos Estados Unidos", disse este médico, citado pela AP.
Opinião bem diversa foi expressa por Jim Riches, um bombeiro reformado que viu o filho morrer no dramático combate às labaredas nas Torres Gémeas: "Defendo a liberdade religiosa, mas a mesquita deve ser construída mais longe."
Não chegou a haver confrontos físicos: os manifestantes estavam à distância de algumas dezenas de metros, separados por barreiras policiais. Registaram-se apenas acesas trocas de palavras - prova evidente de que o tema suscita paixões acaloradas.
As mais recentes sondagens indicam que 56% dos habitantes de Nova Iorque se opõem à construção do centro islâmico - que, além de mesquita, contará com auditório, piscina e várias salas de reuniões - em nome do respeito pelas vítimas do terrorismo islâmico e dos seus familiares.
A nível nacional, a percentagem aumenta para 68%. E mesmo personalidades do Partido Democrata, nada suspeitas de islamofobia, já expressaram sérias dúvidas sobre a localização do projecto. É o caso do governador de Nova Iorque, David Paterson, que defende a implantação da mesquita num espaço que suscite "menos emoções". Já ontem, avançou com a proposta de aquisição pelo Estado de toda a área adjacente à zona de impacto num raio de três quilómetros - medida que vem ao encontro dos críticos. Também o presidente do Senado, Harry Reid, já apelou à mudança de planos em nome do bom senso.
Os mais destacados promotores do projecto - como o imã Feisal Abdul Rauf, antigo colaborador da Administração republicana de George W. Bush - garantem, no entanto, que este irá mesmo por diante, contra ventos e marés. Em nome da liberdade religiosa e da iniciativa privada - dois princípios basilares da vida americana.
fonte: DN
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