domingo, 22 de agosto de 2010

Mais de metade dos incendiários sofrem de problemas psiquiátricos e de alcoolismo


Mais de metade dos incendiários são homens e mulheres com antecedentes criminais por pequenos furtos, têm problemas psiquiátricos e de alcoolismo e são solteiros ou divorciados, analfabetos e sem profissão definida, segundo um estudo da Polícia Judiciária.

Este é o perfil predominante no estudo que a PJ desenvolve desde 1997 e que conta com 234 pessoas referenciadas.

Segundo o psicólogo Marco Branco, cerca de 55 por cento dos incendiários portugueses têm antecedentes psiquiátricos associados ao alcoolismo, nos homens, e à depressão, nas mulheres, e alguns apresentam “atrasos mentais significativos”.

“No perfil predominante enquadram-se homens e mulheres, a maior parte deles solteiros ou divorciados, sem atividade profissional ou desempregados analfabetos ou com muito pouca escolaridade e têm antecedentes criminais por pequenos furtos”, explicou à agência Lusa o psicólogo, referindo também que não existe uma faixa etária dominante.

Este grupo de incendiários, que começa por negar o ato criminoso que praticou, ateia os fogos entre as 12 e as 20 horas, próximo do local onde vive e com um simples fósforo ou um isqueiro.

“Muitos ficam no local onde atearam o fogo e são os primeiros a dar o alerta de fogo ou a ajudar no combate. Gostam muito de ver o espetáculo das chamas e do combate”, explicou Marco Branco.

Os incendiários que fazem parte deste perfil têm patologias psiquiátricas, algumas relacionadas com álcool, outras com depressões e apresentam atrasos mentais.

Partindo deste perfil, os psicólogos da PJ definiram uma subcategoria pouco expressiva e que engloba homens menores de 20 anos ou entre os 36 e os 45, consumidores de álcool, sem antecedentes psiquiátricos, reincidentes no crime, solteiros, analfabetos e alguns deles ex-bombeiros.

A motivação destes incendiários, refere Marco Branco, é “o irresistível prazer em destruir”.

O crime é praticado entre as 20:00 e a meia noite, o criminoso abandona o local e regressa quando chegam os bombeiros para fazer parte do “aparato” do combate.

Outro dos perfis definidos abrange 41 por cento dos incendiários, homens ou mulheres com 46 anos ou mais e que são movidos por sentimentos de vingança e raiva aos proprietários dos terrenos.

“Estas pessoas têm dificuldades em relacionarem-se social e pessoalmente, são pouco instruídas e por norma cometem o crime sob o efeito de álcool”, explicou Marco Branco.

Os fogos são ateados entre as 12:00 e as 16:00, próximo do local onde residem e os incendiários recorrem a fósforos ou isqueiros.

O terceiro perfil definido pela PJ tem uma percentagem residual de três por cento. E aqui os incendiários têm um propósito claro: conseguir benefícios económicos.

São homens, entre os 20 e os 35 anos, sem historial psiquiátrico, operários não especializados, que ateiam os fogos entre a meia noite e as 12:00, em terrenos próximos dos locais onde habitam.

Um dos exemplos são os fogos ateados para a renovação dos pastos, uma tradição que tem passado de pais para filhos, mas provoca muitas vezes avultados prejuízos.

Quanto a características comuns aos incendiários referenciados nos três perfis, o psicólogo destaca o recurso à chama direta (fósforo ou isqueiro), o abandono do local depois do fogo ateado e as horas em que o crime é praticado: entre as 12:00 e as 16:00 e entre as 20:00 e a meia noite, isto é, logo após as refeições e o consequente consumo de álcool. Também demonstram ter dificuldades nos relacionamentos interpessoais e têm pouca escolaridade.

fonte: Jornal i

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