terça-feira, 24 de agosto de 2010

Espiões militares. PCP e CDS criticam declarações de Santos Silva

Ministro mostrou-se favorável ao envio de células de informações para o Líbano. PSD dá o benefício da dúvida


A crítica a Santos Silva foi unânime da esquerda à direita

A possibilidade de Portugal enviar espiões militares para o Líbano anunciada pelo ministro da Defesa Augusto Santos Silva em entrevista na edição de ontem do i, provocou reacções duras da oposição nos extremos parlamentares.

Para o PCP, o ministro da Defesa foi protagonista de uma gafe comparável à de Veiga Simão em 1999 [caso de divulgação de uma lista de agentes do antigo Serviço de Informações Estratégicas de Defesa e Militares] e que levou à demissão do então ministro socialista. "Consideramos de uma grande insensatez o anuncio da natureza da missão, foi no mínimo uma precipitação que faz lembrar a gafe do ministro Veiga Simão" dispara Rui Fernandes da Comissão Política comunista, acrescentando que a missão deveria ser cancelada.

A confirmação de que Portugal vai ter uma célula de informações no Afeganistão já na próxima rotação do contingente em Outubro também mereceu críticas dos comunistas, que pedem o cancelamento da participação portuguesa, onde as forças nacionais destacadas se integram na ISAF (Força Internacional de Assistência e Segurança da NATO).

À direita, o CDS-PP acredita que o anuncio do ministro da Defesa coloca os objectivos da missão portuguesa em causa. "Em matéria de recolha de informação estratégica e militar, uma atitude de prudência, reserva e discrição, é essencial para garantir o bom sucesso dessa missão. São declarações infelizes" sustenta João Rebelo, deputado popular e vice-presidente da Comissão Parlamentar de Defesa Nacional. "Obviamente que isto dificulta e muito o trabalho dos nossos militares no local mas sobretudo os serviços de informações", sublinha.

Mais moderado que o CDS, o PSD - partido que com populares e socialistas pertence ao "grande consenso português em matéria de Defesa" nas palavras de Santos Silva -, afirma que as opções do titular da Defesa "poderão ter razão de ser" embora exija explicações "mais cabais" do ministro num tema delicado. Em declarações ao i, o deputado Luís Campos Ferreira, ataca uma esquerda que "considera gafe dos países democráticos tudo o que seja combate ao terrorismo" e não coloca entraves à missão se esta estiver "coordenada com as forças internacionais para evitar ataques terroristas." E acrescenta: "o senhor ministro não quer com certeza brincar aos espiões nem ir para sítios em que não seja preciso estar."

Na entrevista ao i, Santos Silva chamou a atenção para a necessidade de combater o terrorismo "fundamentalista islamita" num arco que vai do "norte de África ao Paquistão." E, "sem querer ser precipitado", mostrou-se favorável ao envio de células de informações militares para o Líbano, teatro onde as forças nacionais estão presentes desde 2006. Até à hora de fecho da edição não foi possível conseguir uma reacção do BE, nem do Ministério da Defesa às críticas da oposição

fonte: Jornal i

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