quinta-feira, 26 de agosto de 2010

WikiLeaks divulga nova nota interna da CIA


O site WikiLeaks divulgou hoje um memorando interno da CIA, de Fevereiro, em que a agência norte-americana de inteligência alerta para o impacto de os Estados Unidos serem vistos no exterior como um país "exportador de terrorismo".

Funcionários norte-americanos admitiram que o documento, em que se trata do fenómeno dos terroristas com cidadania norte-americana que atacam no exterior, é apenas um memorando da CIA, considerando que não se trata de "uma bomba informativa", noticiou hoje a NBC.

O memorando, que foi redigido pela Célula Vermelha da CIA, que está a cargo do director da agência, Leon Panetta, analisa as implicações para os Estados Unidos se passassem a ser vistos como um país "incubador e exportador de terrorismo".

O WikiLeaks publicou hoje o memorando apesar das duras e constantes críticas da Casa Branca e do Pentágono à forma como o site procedeu com a divulgação de cerca de 76 mil documentos confidenciais, em finais de Julho, sobre a guerra do Afeganistão.

No documento hoje revelado, a CIA afirma que, no passado, se prestou muita atenção a casos de terroristas islâmicos com nacionalidade norte-americana que efectuam atentados contra alvos norte-americanos, sobretudo em território dos Estados Unidos.

Por outro lado, prossegue a CIA, analisou-se menos o terrorismo de cidadãos norte-americanos, não necessariamente muçulmanos, que efectuam atentados no estrangeiro.

A CIA refere que, ao contrário do que se pensa, "a exportação de terrorismo e de terroristas não é um fenómeno recente nem está associada apenas aos radicais islâmicos ou a pessoas de etnias do Médio Oriente, de África ou do Sul da Ásia".

De acordo com a agência, não se pode crer que a sociedade multicultural, livre e aberta dos Estados Unidos reduza o risco de radicalismo e terrorismo dos cidadãos norte-americanos.

A CIA cita o caso de "cinco muçulmanos norte-americanos que viajaram no ano passado da Virgínia para o Paquistão, para alegadamente se juntarem aos talibãs e à jihad [guerra santa]", além do caso do "norte-americano de origem paquistanesa David Headley, que, em Novembro de 2008, participou no atentado terrorista de Bombaim".

Na sua análise, a CIA afirma que as liberdades que existem no país facilitam o recrutamento de membros e a realização de operações terroristas, sublinhando que a sua "principal preocupação" tem sido que a Al-Qaeda infiltre operacionais nos Estados Unidos.

No entanto, prossegue, esta organização terrorista "podia buscar cada vez mais norte-americanos para que operem no exterior", porque levam passaportes norte-americanos, não se ajustam ao típico perfil árabe-muçulmano e podem comunicar facilmente com líderes radicais através do seu acesso sem restrições à Internet e a outros meios de comunicação.

A agência de inteligência considera que, caso os Estados Unidos fossem vistos pelo exterior como "exportadores de terroristas", os parceiros estrangeiros podiam estar menos dispostos a colaborar com esta nação em "actividades extrajudiciais", como detenções, transferências e interrogatórios de suspeitos em países terceiros.

Além disso, os Estados Unidos, como vítimas de importantes atentados perpetrados a partir do exterior, podiam pressionar os governos estrangeiros a aceitarem os seus pedidos de extradição, o que poderia deixar de acontecer e afectar a soberania norte-americana.

fonte: DN

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