domingo, 15 de agosto de 2010

Ali Agca diz que só queria ferir papa



Crime: Turco que quase assassinou João Paulo II em 1981 revela ter sido contactado para o alvejar por um agente secreto estrangeiro

Quase 30 anos após o atentado na Praça de São Pedro que quase matou João Paulo II, o autor dos disparos vem dizer que não pretendia eliminar o papa, mas apenas "feri-lo". Numa entrevista concedida à revista semanal Gente, que se publica em Itália, o turco Mehmet Ali Agca sublinha que tirar a vida ao chefe da Igreja Católica nunca esteve nos seus planos. "Teria sido muito fácil matá--lo", afirma o homem que foi libertado a 18 de Janeiro, após 28 anos de detenção na Itália e na Turquia.

Nesta entrevista, Ali Agca confirma que foi contactado para alvejar João Paulo II, em Setembro de 1980, por um "agente dos serviços secretos de um país estrangeiro", mas recusa desvendar a nacionalidade do agente e o nome do país. O contacto terá ocorrido em Zurique e o pedido foi-lhe feito para dar cumprimento a uma "missão histórica". Investigadores têm apontado a Bulgária como possível chave para o esclarecimento deste mistério. Os serviços secretos búlgaros operavam nos países ocidentais, em articulação directa com agentes soviéticos, nesses dias da guerra fria, com o mundo polarizado em dois blocos - de um lado o americano, do outro o comunista. João Paulo II era encarado nas capitais da Europa do Leste como um inimigo por arrastar multidões, o que ficou logo evidente na primeira visita que fez à sua Polónia natal, em 1979, meses após ser eleito papa. Pouco depois nascia o sindicato independente Solidariedade, e milhares de pessoas saíam à rua em protesto contra o Governo comunista da Polónia.

Ali Agca disparou contra o Papa a 13 de Maio de 1981. João Paulo II considerou que a sua cura, após ter estado quase às portas da morte, foi um milagre da Virgem de Fátima, o que o levou a visitar Portugal no ano seguinte. Igualmente célebre foi a sua decisão de visitar o turco na prisão. Nesse encontro de 1983, segundo revelou à Gente, Ali Agca terá dito ao Papa que lamentava "ter-lhe causado tanta dor". João Paulo II perdoou ao seu atacante.

Ali Agca tem sido notícia desde que foi libertado. Proclamou-se "Cristo eterno", anunciou que iria pedir a nacionalidade portuguesa e pediu a Bento XVI para dar lugar a um papa latino-americano.

fonte: DN

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Veja aqui os telegramas publicados por The Guardian

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