segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Aumenta polémica em torno dos negativos atribuídos a Ansel Adams


Uma das imagens cuja autoria foi atribuída a Adams e que agora está no centro do debate

A novela que envolve a suposta descoberta de negativos inéditos do histórico fotógrafo norte-americano Ansel Adams conheceu novos desenvolvimentos depois de uma investigação judicial, citada pelo "New York Times", ter concluído que David Streets, o responsável de uma galeria de arte de Beverly Hills que avaliou os negativos em 200 milhões de dólares, tem cadastro por roubo e fraude nos estados de Louisiana e Kentucky.

Os 65 negativos em causa, em placa de vidro, foram comprados em 2000 por um coleccionador de antiguidades, Rick Norsigian, numa venda de garagem em Fresno, Califórnia, por 45 dólares. Só mais tarde, por sugestão de amigos, é que Norsigian colocou a hipótese de se tratar de imagens feitas por Ansel Adams. Para o comprovar contratou uma equipa de especialistas que concluiu que as fotos eram muito semelhantes às do início da carreira do fotógrafo, conhecido pelo seu trabalho com as paisagens da costa Oeste dos Estados Unidos.

Depois da suposta “identificação” dos negativos pelos especialistas, o neto de Adams, Matthew Adams, que é também presidente da Ansel Adams Gallery no Yosemite Park, na Califórnia, veio a público negar veementemente que as imagens fossem da autoria do seu avô.

Agora foi revelado que o homem que o ajudou a avaliar os negativos tem cadastro - Streets começou por negar os seus crimes, mas depois admitiu que fora condenado nos anos 1980 por actos que atribuiu a uma depressão em que mergulhou depois da mãe se ter suicidado e de o pai ter morrido. Mas, noutro desenvolvimento da história dos negativos de paternidade questionável, uma mulher de Oakland, Marian Walton, anunciou que tinha em casa uma foto muito semelhante aos negativos que Norsigian entretanto pôs à venda e que o autor dessa imagem era o seu tio, já falecido, Earl Brooks.

Dois antigos assistentes de Adams, John Sexton e Alan Ross, analisaram as imagens e são de opinião que a fotografia que Marian Walton tinha pendurada na sua casa-de-banho e os negativos comprados por Norsigian são do mesmo autor.

Norsigian e o seu advogado, Arnold Peter, têm entretanto argumentado que os problemas que o avaliador David Streets possa ter tido no passado em nada afectam a identificação das fotografias em causa. Peter explica que o número de 200 milhões de dólares, estimado por Streets, “representa várias fontes de rendimento durante um longo período – venda de impressões, direitos, eventual venda dos negativos”.

Para já, e apesar da polémica, Norsigian continua a vender cópias das imagens através da galeria de Streets. De acordo com o "New York Times", os preços por cada exemplar variam entre os 1500 e os 7500 dólares. Peter recusou-se a dizer quantas já foram vendidas e qual a percentagem cobrada por Streets.

fonte: Público

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