segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cantona pode fazer tremer o sistema financeiro?


O vídeo de Cantona tornou-se um sucesso no YouTube 


Eric Cantona, ex-futebolista francês que ficou conhecido tanto pelas suas qualidades como jogador como pela indisciplina e agressividade, lançou uma ideia que, a ser concretizada por um grande número de cidadãos europeus, poderia paralisar o sistema financeiro. Cantona, actualmente com 44 anos, defendeu numa entrevista a um jornal regional francês que são precisas formas de contestação alternativas às greves e às manifestações e que é necessário que se faça "uma verdadeira revolução".

"Não peguemos em armas para matar pessoas e começar uma revolução. Nos dias de hoje, é muito fácil fazer uma revolução. O sistema assenta no poder dos bancos, por isso tem de ser destruído através dos bancos", defendeu o ex-jogador, que, nos últimos anos, tem dividido o seu tempo entre o cinema e as acções de beneficência, através da Fundação Abbé Pierre, que presta apoio a pobres e sem-abrigo.

Na entrevista, dada depois da forte contestação dos franceses ao plano de austeridade, com implicações nos impostos, redução da despesa pública e aumento da idade da reforma, o antigo jogador que, ao longo da carreira, ganhou fama de "enfant terrible" - é famoso, por exemplo, o golpe de kung fu que em 1995 deu a um adepto do Crystal Palace e que lhe valeu 120 horas de serviço comunitário - sustentou que o seu conceito de revolução é simples: "Em vez de irmos para as ruas, conduzir durante quilómetros, basta ir ao banco e levantar o dinheiro. Se houver muita gente a fazer levantamentos, o sistema colapsa. Sem armas, sem sangue."

Por que é que estamos a dar destaque à entrevista de Eric Cantona, que chegou a ser apelidado de "rei" nos tempos áureos da sua carreira futebolística, no Manchester United, na década de 90? Porque a entrevista ao jornal Press Océan, de Nantes (Zona Centro), foi gravada em vídeo. E esse vídeo foi colocado no YouTube, e já registou dezenas de milhar de visitas. Bastante menos, contudo, do que os mais de quatro milhões de visionamentos que, poucos dias depois do jogo amigável entre Portugal e Espanha, já tinha o vídeo do momento em que Cristiano Ronaldo viu um golo anulado.

Mas a proposta de Cantona teve uma consequência imediata que não pode ser desprezada, já que serviu de mote a um movimento na Internet, o StopBanque, que apela aos cidadãos europeus, e não apenas aos franceses, para que façam levantamento de dinheiro, aos balcões dos bancos, num dia em concreto: 7 de Dezembro.

Já terão sido manifestadas mais de 14 mil intenções de adesão a esta iniciativa, e a mensagem do StopBanque começa a ser replicada noutros países, com destaque para a Inglaterra, e também noutras redes sociais, designadamente no Facebook.

Pode um movimento maciço de levantamentos colapsar o sistema financeiro? Em teoria, pode. É expectável que isso venha a acontecer? Não.

Guardar no colchão?

Vamos aos factos. Há largas centenas de milhar de consumidores, para não falar em milhões, furiosos com o sistema bancário. A crise foi gerada no seio dos bancos - começou pelos exageros na concessão de crédito imobiliário nos Estados Unidos, o chamado "subprime" -, arrastou a economia mundial para uma recessão como não há memória, obrigando os Estados a resgatar bancos e a gastar muito dinheiro para dinamizar a economia e evitar consequências maiores.

Na sequência deste esforço, feito com recurso à emissão de dívida, os défices públicos dispararam e rebentou a crise da dívida pública, que, agora, está a obrigar os governos de vários países a lançar ambiciosos planos de austeridade que incidem fundamentalmente sobre o aumento de impostos, redução de salários, cortes na idade da reforma.

Apesar de serem centenas de milhar os consumidores descontentes, ou com vontade de fazer uma birra, seriam precisos apenas algumas dezenas de clientes para criar perturbação. Bastava dirigirem-se aos balcões, no mesmo dia, à mesma hora, para esgotar o pouco dinheiro que as agências têm em caixa ou nos cofres-fortes e criar uma situação de total paralisia do sistema. Os bancos apenas guardam uma pequena parte dos depósitos que recebem, canalizando o restante para empréstimos e para outros investimentos.

Mas, apesar da profunda revolta dos cidadãos - chamados a pagar uma factura elevada quando acham que pouco ou nada contribuíram para esta crise -, é pouco provável que o cartão vermelho pedido por Cantona ganhe muitos adeptos.

A consciência de que os prejuízos seriam superiores à vingança moral, a forte dependência e o conforto que os clientes têm nos serviços bancários - ainda que lhes seja cobrado cada vez mais por esses serviços - são razões pelas quais as fontes do sector bancário contactadas pelo P2, e que não quiseram ser identificadas, esperam que o apelo não tenha muitos seguidores. É preciso lembrar que, à excepção dos depósitos à ordem, nem todos os depósitos a prazo são facilmente mobilizáveis, e os que são podem implicar perdas de juros se forem levantados antes do prazo.

Há também as questões da segurança. Onde se vai guardar o dinheiro. Volta-se à técnica de tesourar o colchão e enfiar lá o dinheirinho? Parece pouco provável o regresso a essa prática. Exemplo disso, no pico da crise financeira do ano passado, alguns portugueses levantaram o dinheiro que tinham nos bancos e alugaram cofres, dos próprios bancos, para o guardar.

Risco de alarme público

Entre as muitas questões em jogo na "revolução" defendida por Cantona estão ainda os empréstimos bancários. Levantam-se os depósitos e deixam-se as dívidas? E abre-se mão das facilidades de pagamento e dos levantamentos com os cartões de multibanco e de crédito? E dos pagamentos de serviços por transferência bancária? Abdica-se das transferências feitas online e pelo serviço telefónico?

Apesar do forte descontentamento em face das pesadas comissões bancárias, ninguém quererá, nem parece ser possível, receber o ordenado e as pensões em notas, voltar a pagar tudo em dinheiro. A segurança e a comodidade são os maiores entraves a um apelo do género.

Mas o risco de alarme público é elevado. Especialmente numa altura em que se ouve falar tanto em bancarrota e em falência de Estados, o medo de perder poupanças, de ficar sem dinheiro, é muito grande. E um rumor de que não há dinheiro para satisfazer levantamentos, mesmo que na base estejam apenas razões técnicas ou de modelo de funcionamento dos bancos, pode ter consequências devastadoras.

No pico da crise do ano passado, e perante as filas de clientes às portas do Northern Rock, o Governo de Inglaterra não teve outra alternativa senão nacionalizar a instituição. Em Portugal, e para evitar o efeito de contágio a todo o sistema, numa altura em que havia um clima de medo latente, o Governo nacionalizou o BPN - Banco Português de Negócios.

Por todas estas razões, algumas pessoas da banca disseram ao P2 que esperam e desejam que a proposta do treinador da selecção francesa de futebol de praia e do movimento StopBanque não venha a ter muito seguidores. É como brincar com o fogo... pode sair alguém queimado!

fonte: Público

Destaques


 MNE alemão espera que publicações não afectem segurança da Alemanha e dos aliados


Kremlin não comenta "personagens fictícias de Hollywood"

 Jornais justificam publicação de documentos

 Israel tentou obter apoio do Egito e do Fatah para ofensiva em Gaza

 Um cientista nuclear iraniano morreu e outro ficou ferido num atentado

 Mossad e CIA envolvidas em atentados contra cientistas

 Má gestão após atentados 2004 contribuiu para vitória de Zapatero

 Norte-americanos comparam Putin e Medvedev a Batman e Robin

 Documentos incluem 722 telegramas da embaixada dos Estados Unidos em Lisboa

 Documentos contêm opiniões "embaraçosas" sobre Cameron e Brown

fonte: DN
Wikileaks promete divulgar mais documentos


A Wikileaks tenciona divulgar mais documentos diplomáticos confidenciais nos próximos dias, semanas e meses, afirmou hoje o porta-voz da organização, Kristinn Hrafnsson, ao diário norte-americano The Wall Street Journal.

A Wikileaks começou a publicar no domingo no seu sítio na Internet, os primeiros de mais de 250 mil mensagens diplomáticas dos Estados Unidos, algumas das quais com conteúdo polémico, no que já foi considerado um rude golpe na política externa norte-americana.

Os documentos revelaram segredos diplomáticos dos EUA, como a ordem de espiar altos funcionários da Organização das Nações Unidas ou opiniões dos seus diplomatas pouco abonatórias sobre dirigentes de vários países.




EUA esconderam ataques com mísseis que mataram civis

Norte-americanos comparam Putin e Medvedev a Batman e Robin

Hillary mandou diplomatas americanos fazer de espiões

China bloqueou acesso à informação revelada pela Wikileaks

fonte: DN

domingo, 28 de novembro de 2010

Novos documentos visam "todos os grandes assuntos"


Os milhões de documentos norte-americanos que a Wikileaks está prestes a divulgar dizem respeito a "todos os grandes assuntos", afirmou hoje o fundador da organização, Julian Assange, numa videoconferência com jornalistas na Jordânia.

"Os documentos que nos preparamos para publicar dizem respeito a todos os grandes assuntos em todos os países do mundo", respondeu Assange a uma pergunta sobre se os novos documentos diziam respeito ao Iraque ou ao Afeganistão. Assange disse aos jornalistas que optou por falar com eles por videoconferência porque "a Jordânia não é o país mais seguro quando se tem a CIA atrás" e não indicou onde se encontra.

A Wikileaks, que se especializou na divulgação de documentos confidenciais, deverá divulgar nas próximas horas cerca de três milhões de documentos de todo o tipo provenientes de embaixadas dos Estados Unidos em todo o mundo. O 'site' de Assange publicou no mês passado cerca de 400 mil documentos norte-americanos, muitos sobre a guerra no Iraque, depois de em Julho ter divulgado quase 80 mil documentos norte-americanos sobre a guerra no Afeganistão.

A divulgação destes documentos está a preocupar seriamente a administração norte-americana, que sábado advertiu a Wikileaks que a divulgação dos documentos vai colocar muitas vidas em risco, ameaçar operações antiterroristas e prejudicar as relações dos EUA com os seus aliados.

RELACIONADO:



fonte: DN

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A primeira provocação do futuro líder norte-coreano


A região onde se verificou ontem o mais recente confronto entre as duas Coreias é palco, desde os anos 90, de vários incidentes. Pyongyang não reconhece a soberania da Coreia do Sul sobre aquela área. O anterior incidente verificou-se em Março, quando uma fragata de Seul foi afundada por um torpedo norte-coreano. Analistas estimam que o sucedido se integra na estratégia de consolidação do poder de Kim Jong-un, sucessor do actual líder.

Aviões de combate sul-coreanos sobrevoavam ontem a ilha de Yeonpyeong, alvo de uma barragem de artilharia da Coreia do Norte que causou dois mortos militares e 18 feridos entre militares e civis, enquanto se elevavam colunas de fumo desta ilha do Mar Amarelo, na posse da Coreia do Sul e reivindicada pelo regime norte-coreano.

Os cerca de 1500 habitantes foram levados para abrigos e algumas dezenas deixaram a ilha horas mais tarde.

Foi accionado o alerta máximo e o Presidente Lee Myung-bak reuniu as chefias militares e conferenciou com Barack Obama, cujo país é aliado de Seul em matéria de defesa. O Pentágono excluiu acções de retaliação àquela que é a primeira provocação da Coreia do Norte após a designação de Kim Jong-un como sucessor do líder do regime de Pyongyang, Kim Jong-il.

Com parte importante do poder do líder relacionada com a sua capacidade de, através de provocações levadas ao limite, obter concessões de Seul, Washington e Tóquio, o ritual destes acontecimentos terá de ser testado várias vezes para consolidar o poder por Jong-un, consideram analistas sul-coreanos. Especialistas chineses defendem, por outro lado, que a criação dos incidentes cumpre também uma função interna: a mobilização de militares e civis, criando uma atmosfera de "Estado cercado".

A Coreia do Norte acusou as forças sul-coreanas de terem dado os primeiros tiros.Na habitual retórica apocalíptica de Pyongyang, a agência oficial apresentou a actuação das forças armadas norte-coreanas como "a tradicional resposta do nosso exército que responde como raio impiedoso às provocações".

O incidente originou reacções preocupadas na generalidade dos países asiáticos e comentários apaziguadores da China, principal aliada do regime de Pyongyang.

O ataque de ontem surge num momento em que se soube ter um cientista americano, Siegfried Hecker, visitado novas instalações de enriquecimento de urânio no complexo nuclear norte-coreano de Yongbyon, notícia que coincidiu com o início da deslocação de um enviado especial dos EUA, Stephen Bosworth, para analisar a possibilidade de serem reatadas as negociações sobre o programa nuclear de Pyongyang. Envolvendo EUA, Japão, China, Rússia e as duas Coreias, este processo é conhecido como as negociações a seis, e foi interrompido pelos norte-coreanos em Abril de 2009.

Mas, condição essencial para reatar as negociações, como Bosworth referiu ontem é a cessação prévia de todos os "programas activos" da Coreia do Norte assim como este país se comprometer a não realizar novos ensaios nucleares.

fonte: DN

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Coreia do Norte atacou ilha da Coreia do Sul


Dois militares sul-coreanos morreram hoje num ataque da Coreia do Norte contra uma ilha da Coreia do Sul situada a oeste da península no mar Amarelo, disse a agência Yonhap citando um responsável.

Anteriormente, o Ministério da Defesa sul-coreano disse que a Coreia do Norte disparou granadas de morteiro contra uma ilha da Coreia do Sul, causando um morto e 13 feridos e desencadeando uma resposta militar da parte de Seul.

De acordo com a cadeia de televisão sul-coreana YTN, os projéteis norte-coreanos atingiram a ilha de Yeonpyeong, onde também provocaram estragos em habitações.

RELACIONADO:


fonte: DN

domingo, 21 de novembro de 2010

Igreja aplaude Papa por admitir preservativo


Bento XVI aceita preservativo para casos pontuais, como a prostituição

Pela primeira vez na história, um Papa admitiu o uso do preservativo. Bento XVI considera que "pode haver casos pontuais, justificados", como a prevenção da sida. As declarações do Chefe da Igreja Católica - a publicar num livro de entrevistas - foram ontem conhecidas e imediatamente correram mundo. Em Portugal, tanto os católicos como activistas da luta contra o VIH aplaudiram as suas palavras.

No livro Luz do Mundo, que será lançado na terça-feira em Itália, e em Portugal a 3 de Dezembro, Bento XVI diz que "pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização".

Mas faz questão de salientar que o uso deste método não é "uma solução verdadeira e moral", nem "a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção do VIH". Bento XVI defende, por isso, que a solução "tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade". Ou seja: a utilização do preservativo deve acontecer por questões de saúde, mas nunca de contracepção.

D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas, está "muito feliz" com as declarações de Bento XVI. "O Papa é um homem inteligente e honesto que fez também a sua caminhada mental, aconselhando-se com pessoas e reflectindo."

O bispo - que já tinha defendido o uso do preservativo aquando da polémica gerada em torno das declarações do Papa na visita a África (ver fotolegenda) - admite que estas palavras "chegam atrasadas", mas diz que "em todo o tempo o que é verdade tem lugar".

D. Januário espera agora que Bento XVI venha dizer aos fiéis o que disse na entrevista publicada no livro do jornalista alemão Peter Seewald. O bispo não acredita que estas palavras mudem o comportamento das pessoas que combatem no terreno a propagação do vírus da sida, porque estas já recomendavam o uso do preservativo nestas situações.

Já o padre Carreira das Neves acredita que "pode levar a uma mudança de atitudes, já que a palavra do Papa é ouvida por muitos". Por isso, considera que este "é um avanço", "um passo em frente" da Igreja.

Houve quem preferisse o silêncio. Foi o caso do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga. Tal como o porta-voz da CEP, Manuel Morujão, que ainda assim sublinhou que "não há voz mais autorizada que a do Papa".

Para quem luta contra a sida, como a presidente da Abraço, esta é "mais uma abertura". Margarida Martins lembra, contudo, que as pessoas que estão no terreno, mesmo de associações católicas, já assumiam esta postura. Os católicos como Maria João Sande Lemos, do movimento Nós Somos Igreja, estão satisfeitos. "Depois de a Igreja até ter dito que o preservativo ajudava a propagar a infecção, estas palavras são muito positivas."

Mas nem todos encaram a opinião do Papa com surpresa. D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa, citado pela Rádio Renascença, diz que esta "é uma questão moral, que há muito tempo está esclarecida. Talvez as pessoas estranhem por ela vir do Santo Padre". Esta é "a reflexão sobre um mal menor: não vamos matar outras pessoas quando alguém não tem consciência do que faz".

fonte: DN

Polícia sueca lança mandado de captura contra Assange


A polícia sueca lançou um mandado de captura internacional contra o fundador do site WikiLeaks especializado na publicação de documentos confidenciais, Julian Assange, por suspeita de violação e agressão sexual, anunciou hoje uma fonte da polícia.

Sexta-feira à noite, "nós acabámos de juntar todas as informações (...) e enviámos tudo para as diferentes redes da polícia", para o sistema sueco, sistema SIS dos países Schengen e para a Interpol, declarou Tommy Kangasvieri da Polícia criminal nacional sueca.

"O procurador já tinha decidido emitir um mandado de captura internacional, assegurámo-nos que todas as forças da polícia no mundo o viriam", explicou Kangasvieri.

RELACIONADO:

Chefe do WikiLeaks é alvo de mandado de captura

Assange recorre de mandado de captura sueco

fonte: DN

Rei há 35 anos com apoio do povo


Juan Carlos foi entronizado a 22 de Novembro de 1975 e deu início à transição da ditadura para a democracia

Existe a ideia generalizada de que os espanhóis são mais juan-carlistas que monárquicos, mas uma sondagem de Outubro revela que 57% dos nossos vizinhos preferem manter a monarquia parlamentar a apostar numa república. E apenas 8% dizem que o actual regime só vai durar enquanto Juan Carlos estiver vivo. O que não deixa de ser uma vitória para o Rei de Espanha, que assinala amanhã o 35.º aniversário da sua subida ao trono.

A 22 de Novembro de 1975, dois dias depois da morte de Francisco Franco, Juan Carlos de Borbón tornava-se Rei aos 37 anos. Escolha pessoal do ditador espanhol, que o designara seu sucessor em 1969, o neto do rei Afonso XIII acabaria por ser o rosto da transição pacífica da ditadura para uma monarquia parlamentar. Num dos momentos-chave, a 23 de Fevereiro de 1981, surgiu em directo na TV, com farda de comandante militar, a defender o Governo eleito: assim pôs fim à tentativa de golpe de Estado liderada por Antonio Tejero.

Ainda hoje, segundo uma sondagem realizada pela empresa Análises Sociológicas, Económicas e Políticas, 63% dos espanhóis consideram "algo" ou "muito" importante o papel do Rei para o funcionamento da democracia. Nem que seja por ele ser um símbolo da união de Espanha. E 84% dos inquiridos acreditam que a sucessão vai decorrer sem problemas, sendo o príncipe Felipe das Astúrias popular como o seu pai - escolhido como "o maior espanhol de todos os tempos" num programa de televisão da Antena 3, em 2007.

Felipe e Letizia, a jornalista plebeia e divorciada com quem o herdeiro se casou em Maio de 2004, são vistos como um casal moderno. E podem tornar-se no símbolo de uma Espanha que, socialmente, está na linha da frente da modernidade (foi um dos primeiros países a autorizar os casamentos homossexuais e a viabilizar o aborto legal). E, apesar da presença continua dos príncipes das Astúrias nas revistas cor-de-rosa, resta saber se a monarquia não acabará por ficar fora de moda.

Nos últimos anos, nem tudo foram rosas para a Casa Real. Um dos momentos mais difíceis terá sido em Setembro de 2007, quando jovens independentistas catalães queimaram fotografias suas e de Sofia - a princesa grega com quem o monarca se casou em 1963. O ataque levou mesmo o Rei a defender-se, aproveitando um discurso na Universidade de Oviedo. "A monarquia constitucional propiciou o período mais longo de estabilidade", lembrou. Foi o culminar de um ano ainda marcado pelo famoso Por qué no te callas?, lançado ao Presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Há seis meses, o Rei foi submetido a uma operação numa clínica em Barcelona, com os médicos a retirarem-lhe um nódulo do pulmão direito. Não foram detectadas células malignas, mas voltou a falar-se da possibilidade de Juan Carlos, já com 72 anos, poder abdicar a favor do filho. Mas nem para a operação o Rei abdicou da regência, uma situação que está prevista na Constituição espanhola. A Casa Real considerou que o tempo em que estaria anestesiado para a cirurgia não iria impedir o exercício normal das suas funções.

Em plena crise económica, o 35.º aniversário da entronização de Juan Carlos não será assinalado com uma grande festa. Mas certamente será uma altura para um novo balanço de reinado e novas perguntas sobre o futuro da monarquia. O carisma de Juan Carlos e a forma como actuou na transição fez com que a Casa Real fosse respeitada ao longo dos anos - e continue a ser. O desafio do príncipe Felipe é fazer com que o cenário não se altere quando for a sua vez de usar a coroa.

1. "Hoje começa uma nova etapa na história de Espanha", disse Juan Carlos na sua coroação, a 22 de Novembro de 1975. O Rei iria dar início à transição da ditadura para a democracia. 2. Juan Carlos conheceu Sofia num cruzeiro, tinha ela 18 anos. Casaram-se em 1963. Na foto com as infantas Elena (a mais velha) e Cristina, que nasceu em 1965. O herdeiro, Felipe, nasceria em 1968.

3. Franco designou Juan Carlos o seu sucessor em 1969. Na foto, numa das últimas aparições públicas antes da sua morte, a 20 de Novembro de 1975.

4. A sua mensagem na televisão de apoio à democracia pôs fim à tentativa de golpe a 23 de Fevereiro de 1981. Foi um momento-chave para o Rei.

5. Fotos de Juan Carlos foram queimadas por independentistas catalães, num dos piores momentos de 2007.

fonte: DN

Uma exposição para esconjurar o passado nazi


Cidade assinala julgamento de responsáveis do III Reich, iniciado em 1945

Cidade indissociavelmente ligada à ascensão dos nazis e do III Reich, Nuremberga quer recordar através de uma exposição permanente que foi também a cidade do seu julgamento, há 65 anos.

A cidade foi palco de eventos gigantescos organizados pelo partido nacional-socialista, e foi aqui que foram publicadas as leis antijudaicas. Hitler considerava-a a "capital espiritual" do seu império. Mas foi também aqui que, a 20 Novembro de 1945, 21 responsáveis do regime nazi começaram a ser julgados no primeiro processo de Nuremberga, que lançou os fundamentos da justiça internacional (ver caixa).

É para comemorar este processo histórico e exemplar que é hoje inaugurada uma exposição no espaço onde sucedeu o julgamento.

Entre as peças mais importantes encontra-se os bancos onde se sentaram os acusados, em especial Herman Göring, um dos mais eminentes dirigentes nazis a ser julgado. Göring escapou ao enforcamento ao tomar cianeto horas antes da execução.

"Durante anos, os bancos estiveram no sótão", disse à AFP o conservador Henrike Zentgraf. "Mas tirando isso, já há poucas coisas desse tempo".

Recortes da imprensa da época, entre os quais uma página dupla da revista Life com a foto dos cadáveres dos 11 condenados à morte, estão também expostos. Estas fotos foram feitas para matar à nascença qualquer rumor de que eles poderiam estar vivos, mesmo se na época não tivessem uma grande divulgação.

A exposição aborda a influência dos processos de Nuremberga nas jurisdições criadas após conflitos, como o Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia.

"A culpabilidade [dos dirigentes nazis] era óbvia, mas tiveram, ainda assim, direito a um processo", diz Juliana Rangel, responsável da biblioteca do Tribunal Internacional de Justiça da ONU. "Foi um processo muito bem conduzido, no respeito do direito dos acusados. Foi uma referência", diz.

fonte: DN

sábado, 20 de novembro de 2010

20 manifestantes anti-NATO detidos, diz PSP

São cerca de 20 os manifestantes anti-NATO que foram identificados hoje de manhã pela polícia na avenida de Pádua, nas imediações do Parque das Nações, disse o porta-voz da PSP.


Manifestantes foram detidos pela PSP

São cerca de 20 os manifestantes anti-NATO que foram identificados hoje de manhã pela polícia na avenida de Pádua, nas imediações do Parque das Nações, disse à Lusa o porta-voz da PSP, Paulo Flor.

O porta-voz da PSP adiantou que os manifestantes estão a ser levados para instalações policiais e que só nas próximas horas é que se saberá se eles vão ou não ficar detidos.

Fonte da PSP no local afirmara à Lusa que tinham sido cerca de 40 os ativistas anti-NATO detidos pela PSP por desobediência à autoridade, na zona do Parque das Nações.

Os ativistas, provenientes de várias organizações anti-NATO, entre as quais a Clown Army e a PAGAN, manifestavam-se no cruzamento da avenida Infante D. Henrique com a avenida de Pádua.

Barulho com tambores

Os ativistas manifestaram-se com barulho, mas pacificamente, nas imediações do Parque das Nações, onde decorre a cimeira da NATO, num protesto que mobilizou outras tantas dezenas de elementos policiais.

Inicialmente, os ativistas concentraram-se em cima de um dos túneis, no cruzamento das duas avenidas, fazendo-se ouvir ao som de tambores e envergando uma faixa em que se lia "NATO Game Over".

Devido ao protesto, o trânsito esteve cortado neste cruzamento para carros e peões, o que motivou alguns protestos de transeuntes.

A 24ª cimeira da NATO prossegue hoje na Feira Internacional de Lisboa com a discussão do processo de transição no Afeganistão e a nova relação com a Rússia, com foco no escudo antimíssil europeu.

No primeiro dia dos trabalhos, os aliados aprovaram o novo conceito estratégico da organização, válido para os próximos 10 anos.

fonte: Expresso

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Suécia emite mandado de captura para o fundador do WikiLeaks


O co-fundador da WikiLeaks, Julian Assange, podera pedir asilo político na Suíça.

O ministério público sueco emitiu hoje um mandado de captura contra o fundador do site WikiLeaks especializado na publicação de documentos confidenciais, Julian Assange, por suspeita de violação e agressão sexual.

“Pedi ao tribunal de Estocolmo para prender Assange por suspeitas de violação e agressão sexual”, segundo um comunicado da procuradora encarregue do dossier, Marianne Ny.

"A razão desta decisão é porque precisamos de o interrogar”, adiantou Ny, também diretora do departamento do ministério público encarregue de crimes sexuais.

Assange, cidadão australiano de 39 anos, saiu a 01 de setembro da Suécia.

O tribunal de Estocolmo deve agora pronunciar-se sobre o pedido de Ny e a decisão poderá dar lugar, segundo os «media» suecos, a um mandado de prisão internacional.

fonte: Jornal i

NATO. Comprámos na Expo materiais para fazer uma bomba por 19 euros

O i comprou materiais que, combinados, poderiam servir para fazer várias bombas. Tudo dentro do perímetro de segurança


Carrinho de compras explosivo: uma botija de gás (1,99?), um litro de ácido (1,59?), acetona, água oxigenada, álcool, limpa canos, uma faca, pregos e acendalhas. Tudo por 19,01?

"Boa tarde, tem cartão Continente?", atira uma senhora simpática numa caixa do hipermercado do Centro Comercial Vasco da Gama. "Não, não temos", respondemos, duvidando logo à partida que o nosso cestinho de compras fosse elegível para os descontos "em talão". Passa uma caixa de pregos, outra de acendalhas, uma botija de gás em formato recarga. A senhora sugere um ar suspeito. Segue-se uma faca pequenina, mas que promete "corte de precisão" e um litro de ácido muriático. "O senhor ponha-se a pau que com tantos ácidos ainda pensam que vai fazer alguma bomba...", diz a caixa entre risos.

Nós não vamos. Mas o objectivo da reportagem é mesmo esse: a três dias do início da Cimeira da NATO, no coração do perímetro de segurança (ver mapa ao lado), é possível que alguém com expertise necessária e os mesmos 19,01 euros que o i gastou no hipermercado tenha acesso a produtos que, juntos, são mais do que suficientes para fazer uma bomba.

Esta reportagem não é um guia para fazer um engenho explosivo e por isso vários pormenores não serão divulgados - embora o Google indique o caminho. Fica o essencial: o centro comercial oferece todas as condições para se fazerem cocktails molotov, bombas de fumo e, mais preocupante, um explosivo químico chamado triperóxido de triacetona ou TATP, muito popular entre os militantes do Hamas e da Al-Qaeda.

A fórmula do TATP é conseguida à base de produtos banais, como a acetona, a água oxigenada e ácidos presentes em vários produtos de limpeza, como desentupidores de canos - tudo materiais a que tivemos acesso sem dificuldade no hipermercado. Foi este o explosivo utilizado pelo britânico Richard Reid, o "Shoe bomber", no voo que ligava Paris e Miami em 2001, e nos atentados de Londres de 7 de Julho de 2005.

Mesmo com milhares de homens no terreno, as forças policiais não poderão fazer mais do que vigiar indivíduos suspeitos, como confessa ao i fonte das autoridades de segurança. "A atenção das forças de segurança deve incidir nos indivíduos sobre os quais há suspeitas de prática de acções violentas. Não vejo como é que se pode proibir as pessoas de vender esses materiais. É uma preocupação para a segurança? É. Um risco? Certamente", considera José Manuel Anes, presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT). Anes lembra que alguns dos materiais comprados nesta reportagem são "utilizados em explosivos caseiros" e, por isso, não hesita em acrescentar mais umas linhas ao seu raciocínio: "Penso que as autoridades nacionais deverão reflectir sobre esta questão."

Ontem, a meio da tarde, o i seguiu em direcção ao Parque das Nações para testar as prometidas medidas de segurança. A entrada fez-se sem problemas, de carro pela porta da Avenida do Índico. Na nossa tentativa de compor uma lista de compras, uma coisa saltou logo à vista: o centro comercial abre um horizonte de possibilidades a grupos violentos.

Entrámos numa loja de desporto e começámos a compor o carrinho: pacotes de bolas de golfe, novas ou em segunda mão, desde 12 euros; um taco de basebol Wilson por 15 euros, já com luva e bola incluídos; bolas de bilhar (todas n.o 8) por 4,90 euros cada. Na prateleira ao lado, havia cotoveleiras, joelheiras e capacetes. Mais à frente, facas de campismo. "E dardos tem?", perguntámos a um funcionário. "Prefere ponta de ferro ou plástico?" A resposta é óbvia e, passado pouco tempo, lá estava um pacote de dardos de ferro por 4,90 euros. A lista continua, só com material que a polícia antimotim, por certo, não gostaria nada de ter pela frente.

Passámos para o hipermercado e enquanto abastecemos o carrinho com mais alguns ácidos e gases vimos várias famílias às compras - incluindo Liedson, com quem nos cruzámos no corredor das fraldas de bebé -, tranquilamente embaladas pela voz de Céline Dion em "So this is Christmas".

Nos dias 19 e 20, nem tudo pode ser assim tão calmo no Parque das Nações.

fonte: Jornal i

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Medvedev e Obama poderão encontrar-se em Lisboa


O embaixador dos EUA na Rússia revelou que os dois líderes deverão reunir-se na capital portuguesa para falar sobre a segurança mundial

O embaixador dos Estados Unidos na Rússia, John Beyrle, declarou hoje que espera que os Presidentes russo e norte-americano se encontrem na cimeira Rússia-NATO em Lisboa, que se realiza em 19 e 20 de Novembro.

"No que diz respeito a Lisboa, esperamos que assim seja", disse Beyrle ao responder à pergunta da rádio Eco de Moscovo se Dmitri Medvedev e Barack Obama se irão encontrar em Lisboa a 20 de Novembro.

O embaixador norte-americano afirmou também que, não obstante os resultados das eleições nos Estados Unidos, espera que o Congresso de Washington ratificará o Tratado START-3 até ao final do ano.

"O START corresponde aos interesses de russos e norte-americanos. Trata-se de uma questão importantíssima da segurança mundial e devemos ratificar esse documento", sublinhou.

O acordo prevê um máximo de 1550 ogivas nucleares para cada um países, ou seja uma redução de 30 por centro em relação ao nível estabelecido em 2002.

O novo tratado START-3 foi assinado pela Rússia e Estados Unidos em Praga a 8 de Abril.

fonte: DN

Veja aqui os telegramas publicados por The Guardian

Veja aqui os telegramas publicados por The Guardian
Veja aqui os telegramas publicados por The Guardian