sábado, 31 de julho de 2010

Baden-Powell, de militar a líder juvenil

A 31 de Julho de 1907, Baden-Powell reuniu um grupo de 20 jovens na ilha britânica de Brownsea. Assim nasceu o escutismo à escala mundial.


A mais divulgada pintura de Baden-Powell

Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, o fundador do movimento escutista a nível mundial, nasceu a 22 de fevereiro de 1857, em Londres. Passou algumas dificuldades quando, depois da morte do pai, quando tinha apenas três anos, ficou sozinho com a mãe e seis irmãos ainda pequenos.

Baden-Powell sempre se interessou por atividades que o ajudassem a explorar a natureza. Acampava frequentemente com os irmãos e, na escola, "escapava-se" muitas vezes para a mata circundante. Aí, observava os animais, construía abrigos e armadilhas, explorando e aprendendo as regras da vida ao ar livre.

Quando completou os seus estudos, e não conseguindo entrar na Universidade de Oxford, Baden-Powell concorreu ao lugar de aspirante do Exército. Entrou em 2.º lugar, numa seleção de cerca de 700 candidatos. A sua boa prestação levou-o a subir de patente rapidamente. Aos 19 anos foi para a Índia, como alferes de um regimento na carga da Brigada Ligeira, na Guerra da Crimeia, e aos 26 anos já era capitão.

Quando foi para África, em serviço, combateu os zulos. Sempre com um espírito explorador, Baden-Powell acabou por infiltrar-se para descobrir mais sobre essa e outras tribos.

Mais jovem general inglês

Ao longo da sua carreira militar o inglês fundador do movimento escutista foi tendo desafios, nomeadamente em terrenos difíceis que o ajudaram a desenvolver ainda mais as suas habilidades de explorador.

Aos 42 anos Baden-Powell já era coronel. Nessa condição, voltou a África para enfrentar os colonos ingleses de Mafeking, vulgarmente conhecidos por boers, que tinham cercado a cidade. Conseguiu resistir ao cerco durante 217 dias, até chegarem reforços que ajudassem a combater o exército inimigo. A vitória fez com que se tornasse o mais jovem major general do Exército britânico, com apenas 43 anos.

Escreveu, em 1899, "Aids for Scouting", um guia para recrutas do Exército. Este manual fez tanto sucesso como livro de texto em várias escolas masculinas e referência para tantos jovens rapazes que experimentavam algumas das atividades nele indicadas, que Baden-Powell começou a pensar num projeto direcionado para os jovens.

Início do escutismo

Esse projeto era o escutismo, nascido em 1907 quando reuniu 20 jovens em quatro patrulhas e acampou com eles na ilha britânica de Brownsea.

Ainda nesse ano reúne e organiza os seus apontamentos e publica, em 1908, "Escutismo para Rapazes", primeiro em seis fascículos quinzenais, ilustrados também por ele, e, só mais tarde numa edição única.

O projeto desenvolve-se, cresce e expande-se e, anos depois, Baden-Powell lança a ideia de um encontro mundial de escuteiros, a que dá o nome de Jamboree. O primeiro aconteceu em Londres, em 1920, e estiveram presentes cerca de 12.000 escuteiros. No final da atividade, Baden-Powell foi nomeado chefe mundial dos escuteiros.

Ao longo dos anos seguintes, Baden-Powell viajou pelo mundo incentivando o movimento e conversando com chefes escutistas de vários países. Nessas viagens foi sempre acompanhado pela mulher, Olave Baden-Powell, grande incentivadora e criadora das guias, movimento escutista para raparigas.

Primeira visita a Portugal em 1929

Escreveu outros livros e artigos com base no escutismo. Em 1929 foi-lhe atribuído, pelo rei Jorge V, o título de Lord, pela sua dedicação aos jovens. Nesse ano visita Portugal pela primeira vez. Nessa altura já existia no nosso país a Associação de Escoteiros de Portugal (AEP) e o Corpo Nacional de Escutas (CNE). E voltou uma segunda vez a Portugal, cinco anos mais tarde.

Já no final da vida, com cerca de 80 anos, Baden-Powell regressou a África para não mais voltar. Morreria três anos depois, no Quénia, a 8 de janeiro de 1941.

fonte: Expresso

Argentinos criam plantas resistentes ao frio e à seca


Um grupo de analistas argentinos criou plantas transgénicas capazes de suportar o frio, a seca e a salinidade excessiva dos solos com o objectivo de aplicar esta tecnologia à agricultura. A capacidade de suportar condições meteorológicas extremas e a salinidade está presente em um gene do girassol isolado por especialistas do Instituto de Agrobiotecnologia do Litoral (IAL) e implantado depois em plantas experimentais.

Segundo informaram os especialistas ao jornal La Nación, o resultado foi uma planta com estrutura genética modificada capaz de suportar as piores condições que podem atacar as lavouras. O projecto é realizado junto com o Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Técnica (Conicet) dentro do programa de desenvolvimento de um girassol transgénico. O instituto de biotecnologia, ligado à Universidade Nacional do Litoral argentino, já havia isolado e patenteado o gene de girassol denominado HaHB4 que confere às plantas tolerância à seca, a salinidade e ao ataque de insectos. Agora, isolou e implantou em cultivos experimentais outro gene, denominado HaFT, que acrescenta características de protecção ao congelamento.

"Conseguimos benefícios importantes como melhorar o comportamento das plantas frente às condições de seca e salinidade", indicou Raquel Chan, directora do projecto. "Os estudos básicos comprovaram que este gene interfere nas vias de resposta das temperaturas de congelamento e, ao introduzi-lo como transgénicos em outra planta, gerava uma tolerância a estas temperaturas abaixo de zero", acrescentou. O gene foi introduzido em espécimes de Arabidopsis, planta cuja estrutura genética pouco complexa a torna ideal para a experimentação em biotecnologia.

Os exemplares modificados "sobrevivem ao tratamento (de condições extremas) numa percentagem muito maior do que as não modificadas", apontou Chan ao detalhar que as experiências foram feitas a temperaturas de 4 graus e 8 graus. "Não são plantas que possam ser mantidas congeladas, mas que são capazes de tolerar o congelamento por algumas horas, algo similar ao que ocorre nos campos durante as madrugadas no inverno", esclareceu.

A investigadora disse que agora enfrenta o desafio de levar essa modificação biotecnológica para o trigo, soja e o milho, cujas estruturas genéticas são muito diferentes as do modelo experimental. "Sabemos que muitos dos mecanismos moleculares estão conservados entre as plantas, como os da resposta ao estresse, que é o que nós estudamos", afirmou Chan.

A Universidade do Litoral e o Conicet assinaram um convénio com a empresa inglesa Plant Bioscience Limited (PBL), que actua como intermediária para obter financiamento para o desenvolvimento de projectos em biotecnologia.

fonte: terra

Tecidos feitos com garrafas PET são solução para moda sustentável


Uma alternativa para quem quer comprar roupas, bolsas e outros produtos feitos com materiais mais sustentáveis é o tecido de garrafa PET. Ele é feito a partir da reciclagem do plástico e pode evitar que novas matérias-primas sejam produzidas, além de reaproveitar o material que iria para o lixo.

Apesar de parecer novidade, os tecidos produzidos a partir das embalagens PET são os mesmos das roupas comuns de poliéster. A grande diferença é que em vez de utilizar o Tereftalato de Etileno virgem, a indústria recicla o plástico das garrafas e o transforma em fibras de poliéster.

Posteriormente, essa fibra poderá ser tecida junto com algodão e virar matéria-prima para roupas, bolsas, travesseiros, roupas de cama, tapetes e outra infinidade de produtos, ou ainda ser utilizada em sua forma bruta na confecção de banners, sacolas, embalagens etc.

Basta olhar a etiqueta de algumas roupas para ver que a composição do produto é feita com 50% de algodão e 50% de poliéster. As roupas feitas a partir dessa mistura ainda são mais resistentes, correm menor risco de desbotar ou formar "bolinhas", além de amassam menos que aquelas feitas com 100% de algodão.

Benefícios ambientais

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de PET (ABIPET), em 2008 foram recicladas no Brasil 253 mil toneladas de embalagens, sendo que 38% foram encaminhadas para a área têxtil. Destes, 44% foram usados na indústria de vestuário, 35% para a produção de cordas, cerdas e monofilamentos e 21% para não-tecidos.

Além de incentivar os investimentos em cooperativas e catadores de lixo, a reciclagem pode trazer diversos ganhos ambientais. Para produzir um quilo de malha PET são recicladas 11 garrafas de dois litros de refrigerante.

Além disso, ao reutilizar o material a indústria deixa de produzir novas unidades de Tereftalato de Etileno, economizando água, energia e matérias-primas, como o petróleo. Por fim, a reciclagem evita o acúmulo do material em lixões e aterros e prolonga sua vida útil.

fonte: terra

Wikileaks. Talibãs abrem caça aos informadores

Pentágono diz que Julian Assange tem as "mãos manchadas de sangue" e não sabe, para já, como lidar com o Wikileaks


Kandahar: bastião de rebeldes e pesadelo das tropas da coligação

Nos 92 mil documentos divulgados esta semana pelo Wikileaks, na série "Relatórios de Guerra", encontram-se notícias para todos os gostos. Com maior ou menor grau de novidade noticiosa, apura-se o papel duplo do Paquistão, revelam- -se erros operacionais das tropas americanas e descobrem--se novos arsenais dos talibãs.

Mas também lá estão os nomes e as moradas dos afegãos que cooperam com a NATO na guerra. E como num país como o Afeganistão os mapas podem não ser grande ajuda, acrescentam-se as coordenadas GPS dos colaboradores. Ao contrário das primeiras, os jornais não publicaram estas informações, mas elas estão disponíveis online e fazem as delícias dos talibãs. "Vamos estudar os documentos", disse ontem o porta-voz do grupo Zabihullah Mujahid, que acrescentou: "Se há espiões americanos, agora sabemos como puni-los."

No meio da maior fuga de informação da história americana recente, confirma-se uma das piores perspectivas dos decisores militares de Washington no que diz respeito à segurança dos contactos afegãos dos aliados. "Passei parte da minha vida nos serviços de informações e um dos princípios sacrossantos é proteger as fontes", admitiu na noite de quinta-feira Robert Gates, o homem que liderou a CIA antes de passar para os comandos do Departamento de Defesa.

Num teatro de operações extraordinariamente difícil, onde a conquista dos "corações e almas" afegãs é uma peça central, a fuga de informação anuncia um dano irreparável para as forças americanas. Se a cooperação com os aliados já era missão arriscada para os afegãos - sobretudo baseado no elemento confiança - agora ainda mais. "Se eu fosse afegão trabalharia para os militares americanos arriscando a que me cortassem as orelhas ou a cabeça?", interroga-se o antigo operacional de campo da CIA Robert Baer ao "Politico".

Ontem o homem que juntamente com Julian Assange gere o Wikileaks, o berlinense Daniel Schmitt, mostrou--se orgulhoso do trabalho do site que deixa empresas e governos com ataques de nervos: "Estamos a mudar o jogo", disse o especialista em tecnologias de informação de 32 anos.

Opinião bem diferente tem o chefe do Estado Maior conjunto norte-americano, Mike Mullen. "O senhor Assange pode dizer aquilo que quiser sobre o bem maior que ele e a sua fonte dizem fazer. A verdade é que a esta hora já deve ter as mãos manchadas do sangue de algum soldado ou de uma família afegã."

No Pentágono a ideia é levar a investigação sobre as fugas de informações até às últimas consequências - o FBI juntou-se às diligências que têm como único suspeito o soldado Bradley Manning -, mas fica claro que ninguém sabe ao certo se o Wikileaks pode ser alvo de uma investigação criminal. E porquê? Steve Myers explica no "Poynter". "Assange descobriu que ser sem-abrigo na internet significa poder ir a jogo sem estar sujeito às regras de quem quer que seja."

fonte: Jornal i

Militar que forneceu documentos à Wikileaks transferido para os EUA


Marines em Marjah, na província de Helmand, Afeganistão

Um militar norte-americano suspeito de fornecer documentos militares secretos norte-americanos ao ‘site’ WikiLeaks foi transferido do Kuwait para uma prisão militar no estado da Virgínia (leste dos Estados Unidos), informou hoje o Pentágono.

O soldado Bradley Manning chegou à base militar de Quantico, na Virgínia, quinta feira à noite, na sequência da transferência do seu processo de uma prisão militar norte-americana na base Camp Arifjan no Kuwait, segundo um comunicado do Departamento de Defesa.

Manning, 22 anos, foi formalmente acusado no início de junho de violação do regulamento militar por ter passado ao WikiLeaks um vídeo, divulgado pelo ‘site’ em abril, mostrando um ataque de um helicóptero militar norte-americano no Iraque em que morreu um grupo de civis, entre os quais dois jornalistas das Reuters.

O soldado é também acusado de ter transmitido ilegalmente 150 000 telegramas diplomáticos, 50 dos quais nocivos à segurança nacional dos Estados Unidos.

Badley Manning é agora também suspeito da fuga de milhares de documentos sobre a guerra no Afeganistão divulgados domingo no ‘site’ WikiLeaks.

O Wall Street Journal noticiou quinta feira que as autoridades dispõem de provas que ligam Manning à difusão de 92 000 documentos secretos.

A transferência do suspeito para os Estados Unidos justifica-se, segundo o Pentágono, por se tratar de “uma detenção potencialmente longa até ao julgamento dada a complexidade das acusações e do inquérito em curso”.

fonte: Jornal i

WikiLeaks falha big bang mediático


Soldados americanos no terreno, na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão

A guerra não precisa das "revelações" do WikiLeaks para ser o pesadelo da NATO e de Obama. Se o site pôs em risco a vida de informadores afegãos, diz o seu fundador, a culpa é da Casa Branca, que não respondeu ao seu pedido de ajuda. A "maior fuga de informação da história militar" está a redundar em fiasco. Ao fim de dois dias saiu das primeiras páginas. Por Jorge Almeida Fernandes.

A operação do site WikiLeaks foi inédita pela sua escala - uma fuga de informação de mais de 90 mil documentos militares - e demonstra que a Internet pode mudar as regras do jogo da guerra, agravando a vulnerabilidade do "segredo militar". Foi um sucesso de propaganda para Julian Assange, fundador do WikiLeaks. Era o esboço de uma revolução nos media, em que um site participativo ditava a sua lei de "transparência" a três jornais históricos. Mas, ao terceiro dia, o tema desapareceu das primeiras páginas. Terá sido um flop?

O WikiLeaks é uma organização peculiar. Especializada na divulgação de documentos confidenciais, é uma máquina "blindada" em termos de segurança informática e, refugiada em "paraísos informativos", não está sujeita a nenhum sistema legal. "É a primeira organização informativa do mundo sem Estado", anotou Jay Rosen, professor de Jornalismo em Nova Iorque. "Isto é novo. Tal como a Internet, o WikiLeaks não tem endereço territorial nem sede central."

A operação foi cuidadosamente montada. A informação foi antecipadamente passada a três "jornais de papel" - The New York Times, The Guardian e o semanário Der Spiegel. Por que não colocaram a documentação em linha para que os media de todo o mundo a ela pudessem ter acesso?

Assange explicou há meses que a "transparência" passa pelas leis do mercado: "Acredita-se que quanto mais importante é um documento mais divulgado ele será. É absolutamente falso. Tem a ver com a oferta e a procura. Uma oferta fraca arrasta uma procura forte e é isto que tem valor. Quando difundimos uma coisa em todo o mundo, a oferta é infinita e, portanto, o valor aproxima-se do zero."

Os três jornais de referência serviram para caucionar a fuga e maximizar o seu impacto. E prestaram um serviço: reuniram especialistas para descodificar a linguagem, as siglas e o calão das comunicações militares. Em bruto, este tipo de documentação é ilegível.

Jornalismos

Cada jornal explorou a informação segundo a sua óptica. O NY Times sublinhou a duplicidade do Paquistão; o Guardian focou os relatórios sobre vítimas civis; o Spiegel realçou o encobrimento da difícil situação das tropas alemãs pelo Governo de Berlim. São três ópticas em consonância com as sensibilidades nacionais.

O título de primeira página do NY Times - Paquistão ajuda a insurreição no Afeganistão - mereceu uma ironia de Anne Applebaum, no (concorrente) Washington Post: será isto "notícia", quando o NY Times reportou e analisou, dezenas e dezenas de vezes, a cumplicidade entre os serviços secretos militares paquistaneses e os taliban?

Esta ironia liga-se ao paradoxo da fuga: os documentos não têm praticamente novidade. Mostram, disse um jornalista, que a guerra é um inferno e é suja, que as operações provocam mais vítimas civis do que a estatística oficial reconhece, que o Paquistão é dúplice, que o Governo de Cabul é corrupto, que há incompetência e desorientação entre os militares da força internacional. A fuga pretendia explorar o "efeito de massa" e os imensos detalhes inseridos em milhares de documentos.

Assange assume-se como um justiceiro, que "adora esmagar patifes", e qualifica a actividade do seu site como "bom jornalismo" e "um serviço de informação do povo". Quanto ao objectivo da operação, diz: "Há uma tendência para acabar com a guerra no Afeganistão. Esta informação não é isolada e provocará uma viragem política significativa."

O repórter italiano Gian Micalessin, que tem coberto a guerra afegã, denuncia o "bom jornalismo" do WikiLeaks. Na conferência de imprensa em Londres, na segunda-feira, Assange colocou a diferença entre boa e má informação "na autenticidade das fontes, capazes de transmitir uma indiscutível verdade". Ora, os 92 mil documentos são "informações" recolhidas no campo, ao mais baixo nível de intelligence. O equivalente a um relatório de polícia "no local do crime".

Resume Micalessin: "A procura da verdade - tanto no campo da intelligence como no do jornalismo - não se baseia apenas no acesso às fontes e aos documentos, mas também na capacidade de os analisar e construir uma trama capaz de fazer compreender o encadeamento dos acontecimentos e da estratégia." Fontes em bruto são matéria-prima, não informação.

O jornalismo, dizia-se outrora, é o primeiro rascunho da História.

A arte da fuga

As fugas de informação são o nervo do jornalismo político desde que a liberdade de imprensa se afirmou. Há pequenas e grandes fugas, as de revolta moral, as de ressentimento e as de intoxicação. E há fugas que marcam a História. Dois exemplos americanos clássicos são os "Pentagon Papers" e as revelações do "Garganta Funda" no caso Watergate.

Ao contrário dos documentos do Afeganistão, os "Pentagon Papers" eram um conjunto de análises e relatórios das mais elevadas fontes - Casa Branca, Pentágono, CIA... - que cobriam, em 7000 páginas, a intervenção americana na Indochina ao longo de 22 anos (1945-67). Os papéis foram laboriosamente fotocopiados por Daniel Ellsberg, um analista da Rand Corporation que participou na sua elaboração. Crítico da guerra no Vietname, Ellsberg passou-os ao NY Times, em 1971.

Eles permitiam dizer categoricamente que a "Administração Johnson mentiu sistematicamente não só ao público como ao Congresso sobre um assunto de transcendente interesse nacional". Teve grande impacto, porque o sentimento antiguerra já estava maduro. E o efeito foi reforçado quando Nixon tentou impedir a sua publicação, que feria a nova estratégia de alargar o conflito ao Laos e ao Camboja para negociar em posição de força.

Radical foi a eficácia do "Garganta Funda", que hoje se sabe ter sido Mark Felt, subdirector do FBI: gota a gota, foi desfiando informações que culminaram na demissão de Nixon, em 1974.

Ellsberg, que admira Assange, fez um paralelo entre os seus casos. Declarou numa entrevista que esta fuga de informação é a mais importante desde os "Pentagon Papers". Com uma diferença: "Tem uma escala muito mais larga e, graças à Internet, deu a volta ao mundo muito mais rapidamente."

Ellsberg pôde fazer a fuga, porque tinha sido inventada a fotocópia. Assange não só beneficia da Internet, como da vulnerabilidade da informação electrónica. É uma das razões de alarme do Pentágono, que fez da identificação do informador ou informadores do WikiLeaks "um objectivo estratégico". O problema é que todos os militares mobilizados no Afeganistão, os analistas do Pentágono e seus parceiros privados podem aceder, via Intranet, a este tipo de informação.

"A Web tornou-se uma ameaça para as nações em guerra, porque a informação secreta é decisiva para o sucesso ou o fracasso no conflito. Quem revele um segredo e o difunda numa escala gigantesca pode influenciar a guerra", anota o diário alemão Süddeutsche Zeitung.

A guerra

A operação teve efeitos políticos. Na Europa, os sectores críticos da guerra subiram a pressão sobre os governos, exigindo a retirada do Afeganistão. Poderá ser este o efeito mais imediato. Em Washington, Obama enfrenta a pressão dos "pacifistas" democratas. Um ponto crítico é a nova quebra de confiança entre os EUA e o Paquistão. As revelações confirmam a ideia de atolamento e inutilidade da guerra, mas, ao contrário da previsão inicial de alguns analistas, não produziram um sobressalto dramático na opinião pública americana.

O fundamental está noutro plano: a guerra do Afeganistão não precisa do WikiLeaks para ser um pesadelo da NATO e dos americanos. Em Agosto de 2009, uma fuga de informação filtrada pelo Washington Post atribuía ao general Stanley McChrystal a afirmação de que os EUA só tinham 12 meses para inverter o curso da guerra. Que se passa um ano depois?

Richard Haass, presidente do Council on Foreign Relations e que foi conselheiro de Colin Powell na era Bush, assina na Newsweek um artigo intitulado: Não estamos a vencer. E não vale a pena. A estratégia da contra-insurreição não está a resultar, diz. E nenhuma das opções que Obama tem à disposição é agradável. Restará ao general Petraeus reduzir as operações e poupar a vida de soldados, aguardando uma aproximação aos taliban. "Quanto mais depressa aceitarmos que o Afeganistão não é um problema a resolver mas uma situação a gerir, tanto melhor."

Flop?

Na quinta-feira, Assange defendia-se de ter divulgado, na versão bruta colocada em linha, documentos com nomes de informadores afegãos, denúncia feita pelo jornal britânico The Times após investigação. Argumentou que tinha pedido à Casa Branca, na semana passada, que colaborasse com o site de modo "a minimizar a possibilidade de nomes de informadores serem divulgados". Não teve resposta!

O magazine Slate chama a atenção para o facto de, após dois dias de estrondo, o assunto ter desaparecido da primeira página do NY Times. "A rapidez com que a imprensa e os políticos normalizaram o material como "não notícia" indicia que Julian Assange, líder do WikiLeaks, se poderá ter equivocado no desejo de produzir o grande bang mediático." O segredo da gestão das fugas é administrá-las gota a gota. "Mas a estratégia gota a gota requer determinar o que é mais importante na história." A falta de novidade torna essa escolha problemática.

No seu blogue na Foreign Policy, Tom Ricks ironizou: "Os milhares de documentos lembram-me o que é ser repórter: imensas pessoas diferentes a contar coisas diferentes. Leva algum tempo a distinguir o lixo do ouro."

O antigo hacker Julian Assange diz ter outras munições na manga. Aguardemos a próxima "bomba".

fonte: Público

Freeport: processo pode ser reaberto, diz Cândida Almeida


Os procuradores queixaram-se do prazo limite para o enecrramento e apontaram diligências que ficaram por fazer

O processo Freeport, apesar de concluído pelo Ministério Público, pode ser reaberto, admite a directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida.

“Foi levada a cabo uma cuidada e profunda análise da prova produzida e de diligências encetadas ainda sem resposta, por dependeram da cooperação internacional em matéria penal. Uma vez recebidas e caso determinem a alteração da decisão ora tomada, reabrir-se-ão os autos”, escreve a procuradora geral adjunta Cândida Almeida no despacho final do processo Freeport, a que a Agência Lusa teve hoje acesso.

Por outro lado, embora reconhecendo o “interesse na inquirição” do primeiro ministro, José Sócrates, e do ministro de Estado e da Presidência, Pedro Silva Pereira, a diretora do DCIAP considera que as respostas não alterariam o sentido do despacho dos procuradores titulares do processo, Vítor Magalhães e Paes Faria.

Das “respostas eventualmente obtidas não resultariam alterações de fundo aos juizos indiciários, próprios desta fase, que subjazem ao despacho de arquivamento e de acusação deduzidos”, lê-se também no documento.

À data dos factos, em 2002, José Sócrates era ministro do Ambiente e Pedro Silva Pereira secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza.

Ao dar na terça-feira o processo por concluído, o Ministério Público (MP) acusou os empresários Charles Smith e Manuel Pedro por tentativa de extorsão e ilibou os restantes cinco arguidos do processo Freeport, ao mesmo tempo que determinou o arquivamento dos crimes de corrupção (activa e passiva), tráfico de influência, branqueamento de capitais e financiamento ilegal de partidos políticos.

Foi ainda determinada a extracção de certidões para a continuação da investigação quanto à prática de crime de fraude fiscal.

Entretanto, na sexta-feira o procurador geral da República (PGR) anunciou a realização de um inquérito “para o integral esclarecimento de todas as questões de índole processual ou deontológica” que o processo Freeport possa suscitar.

A abertura deste inquérito visa também apurar “eventuais anomalias registadas na concretização de atos processuais”, adianta uma nota da Procuradoria então divulgada.

O processo Freeport teve na sua origem suspeitas de corrupção e tráfico de influências na alteração à Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo e licenciamento do espaço comercial em Alcochete quando era ministro do Ambiente José Sócrates, actual primeiro-ministro.

Entre os arguidos figuram os empresários Charles Smith e Manuel Pedro, João Cabral, funcionário da empresa Smith&Pedro, o arquiteto Capinha Lopes, o antigo presidente do Instituto de Conservação da Natureza Carlos Guerra e o então vice-presidente deste organismo José Manuel Marques e o ex-autarca de Alcochete José Dias Inocêncio.

fonte: Público

Decisão sobre Scut em 'stand by'


Só depois de Cavaco Silva promulgar a lei dos 'chips', o Governo dirá o que vai fazer às portagens. Processo pára por semanas

O ministro da Presidência reiterou ontem, no final da reunião do Conselho de Ministros, que só quando estiver concluído o processo legislativo sobre os métodos de cobrança de portagens nas Scut é que o Governo definirá - e tornará público - o calendário definitivo para o início dos pagamentos.

Pedro Silva Pereira, questionado sobre a data em que o Executivo tenciona começar a cobrar portagens nas auto-estradas sem custos para o utilizador (Scut), lembrou que "o procedimento de cobrança das portagens foi alterado por legislação do Parlamento", numa alusão ao acordo alcançado entre PS e PSD em torno dos mecanismos disponíveis para o pagamento de portagens, ainda antes de terem sido inviabilizadas as negociações sobre o que falta ao processo - precisamente quando se passarão a cobrar portagens, quais e com que descontos ou isenções.

Ontem, Pedro Silva Pereira garantiu que esse processo legislativo aprovado na Assembleia da República "está ainda em curso, o que impossibilita que a cobrança das portagens se realize". Os factos confirmam-no: nesta altura, o diploma sobre os chips estará já no Palácio de Belém, aguardando decisão do Presidente da República e, em caso de promulgação, a publicação em Diário da República. O processo demorará, tudo o indica, algumas semanas mais.

"No momento em que o processo legislativo se concluir, o Governo dará informações e esclarecimentos sobre o modo como essa cobrança se vai processar e a partir de quando", acrescentou Silva Pereira. Depois disso, a opção mais rápida seria a de implementar portagens nas três Scut a norte, que já têm legislação aprovada (permitindo que a decisão fosse imediata). Mas essa solução é improvável: o Governo quer portagens em todas as Scut, devendo optar por aprovar um novo decreto em Conselho de Ministros.

fonte: DN

Guerra aos talibãs custou cinco vezes PIB português


Congresso americano está cada vez mais dividido sobre o financiamento do esforço militar e a estratégia para o conflito.

A explosão de uma bomba artesanal, ontem, numa estrada da região de Delaram, província de Nimroz, sudoeste do Afeganistão, matou 25 pessoas e feriu com gravidade mais 20. Este ataque dos rebeldes ocorreu horas depois de o Congresso americano ter aprovado um reforço de 59 mil milhões de dólares (45 mil milhões de euros) para financiar o conflito, após uma discussão que mostrou crescentes divisões políticas.

O incidente de ontem em Delaram foi atribuído aos talibãs e, segundo o governador da província, Ghulam Azad, a bomba visava uma coluna de tropas internacionais. Os soldados da NATO ajudaram depois a retirar os feridos. Os talibãs, citados pela AFP, negaram envolvimento e culparam a NATO. Nimroz é uma região desértica a sul de Herat, onde se regista forte infiltração de rebeldes.

O conflito já tem nove anos e alguns políticos dos EUA começam a mostrar dúvidas sobre a estratégia. Com o reforço financeiro aprovado na terça-feira à noite em Washington, os custos desta guerra ultrapassaram pela primeira vez a marca de um bilião de dólares (mil milhões), o equivalente a cinco anos de PIB português ou a quase totalidade do défice orçamental americano deste ano.

A discussão do Congresso mostrou fortes divisões e chegou a ser votada uma resolução a favor da retirada de tropas americanas do Paquistão, proposta pelo representante democrata Dennis Kucinich (da ala esquerda do partido) e o libertário republicano Ron Paul. O documento teve apenas 38 votos a favor, mas o reforço financeiro teve 114 votos contra, sendo aprovado por 308 congressistas.

O debate foi marcado pelo caso Wikileaks, a divulgação de 90 mil documentos militares, e os dirigentes esforçaram-se por tranquilizar a opinião pública. O Presidente Obama afirmou estar preocupado com a publicação de "informação sensível" e que esta podia pôr em perigo pessoas no terreno, mas lembrou que não havia nos documentos nenhum assunto que não tivesse já sido discutido. O chefe do Estado-Maior, almirante Mike Mullen, explicou em Bagdad que os documentos "cobrem o período entre 2004 e 2009, e muito mudou" desde o ano passado.

fonte: DN

Pentágono não sabe onde gastou verba da reconstrução


Um relatório oficial aponta para irregularidades em larga escala na utilização das verbas geridas pelo departamento da Defesa americano no Iraque. Segundo estimativa do inspector-geral para a Reconstrução do Iraque, o Pentágono não consegue explicar em que foram gastos 95% dos 9,1 mil milhões de dólares (mais de oito mil milhões de euros), entre 2004 e 2007.

"O colapso dos controlos deixou os fundos vulneráveis a usos impróprios ou perdas indetectáveis", estima o relatório. O facto é que sete anos depois da invasão do Iraque, a infra-estrutura do país continua em péssimo estado, incluindo a petrolífera, da qual dependem as receitas do Estado. A queda dos preços de petróleo, a partir de 2008, afectou ainda mais o ritmo da reconstrução.

O grosso do dinheiro mal gasto provinha do fundo criado pela ONU em 2003, constituído por receitas petrolíferas. Foi o Governo iraquiano a dar autorização aos EUA para gerir o fundo. As dúvidas sobre a reconstrução do Iraque não são novas, a começar pelo vandalismo generalizado que ocorreu logo a seguir à queda do regime de Saddam Hussein.

fonte: DN

Talibãs ameaçam matar colaboradores dos EUA


O soldado Bradley Manning, que em Junho já passara informação para o WikiLeaks, foi transferido para uma prisão na Virgínia.

A divulgação dos documentos sobre a guerra no Afeganistão feita no WikiLeaks pode ter consequências fatais para todos aqueles que colaboram com as forças americanas e internacionais. Os talibãs ameaçaram ontem matar os seus compatriotas cujos nomes surgem citados nos mais de 90 mil relatórios e outras informações referentes ao conflito de 2004 a 2009.

A WikiLeaks tentou defender-se das acusações de que a divulgação comprometia a vida de "inocentes", afirmando ter retido mais de 15 mil outros contendo detalhes comprometedores para a segurança de todos no terreno.

O principal suspeito desta fuga de informação, o soldado Bradley Manning, foi entretanto transferido de uma prisão militar americana no Koweit para a prisão da base dos marines em Quântico, no estado da Virgínia. Manning é acusado, para já, de ter copiado ilegalmente mais de 150 mil documentos e da divulgação de 50 relatórios diplomáticos.

Em Junho, Manning fora acusado de ter passado um vídeo para a WikiLeaks, em que se regista a morte de um fotógrafo da Reuters durante um ataque de forças americanas no Iraque.

A WikiLeaks garante que a maioria dos documentos não são provenientes das cópias feitas por Manning.

fonte: DN

Genéricos mais baratos a partir de amanhã


O preço dos medicamentos genéricos baixa amanhã, domingo, com alguns "campeões de vendas" a registarem diminuições de 50%.

Em resultado da nova legislação, o Preço de Venda ao Público (PVP) dos medicamentos genéricos, em 2010, será 65% do preço máximo administrativamente fixado ao medicamento de referência com igual dosagem e na mesma forma farmacêutica, no caso das substâncias activas Sinvastatina (redução do colesterol) e Omeprazol (para o aparelho digestivo).

Nos restantes casos, o PVP será 85% do preço máximo administrativamente fixado, do medicamento de referência com igual dosagem e na mesma forma farmacêutica.

As reduções são mais significativas em alguns genéricos, como o da Sinvastatina 20 mg que desce cerca de 50% face ao preço anterior.

Também o Omeprazol 20 mg e Amlodipina 10 mg (hipertensão) descem cerca de 20%.

Sobre esta nova baixa, a Associação Portuguesa de Genéricos (Apogen) refere que "estas descidas brutais do preço dos medicamentos genéricos não fazem diminuir a despesa".

"Da factura total da Saúde (cerca de 9,5 mil milhões de euros) a factura com o medicamento em ambulatório é de cerca de 1,5 mil milhões", sublinha a associação.

Segundo a Apogen, a quota de mercado dos medicamentos genéricos é cerca de 20% e estes representam apenas três% por cento da despesa total em saúde.

"O que não é aceitável é que cerca de 3% da factura seja o alvo sistemático das descidas de preço", afirmou à Lusa esta associação.

Estas descidas, prossegue, "limitam o crescimento dos genéricos e é preciso ter em conta que os crescimentos do mercado de genéricos são crescimentos saudáveis, uma vez que por cada euro que este mercado cresce, são poupados vários euros no mercado global".

"Preços baixos levam à perda de competitividade dos medicamentos genéricos e à transferência para produtos protegidos por patente, semelhantes do ponto de vista terapêutico, mas de preços muito mais elevados, sem que se verifiquem benefícios terapêuticos adicionais", adiantou.

A Apogen concorda que o preço a atribuir de início ao medicamento genérico seja inferior em 35% ao produto de referência e que, em seguida, se ajuste de acordo com os níveis crescentes de consumo (quota de mercado).

Entre Janeiro e Maio deste ano foram vendidas em Portugal 101.556,928 embalagens de medicamentos genéricos, representando 1.365.688,235 euros.

Esta nova baixa do preço dos genéricos resulta da aplicação do decreto-lei n.º 48-A/2010 de 13 de Maio e da portaria n.º 312-A/2010 de 11 de Junho.

fonte: JN

Cresce venda de remédios para o desempenho sexual


Sexólogos dizem que os portugueses, tanto homens como mulheres, estão a dar mais importância à vida sexual. Procura de ajuda nos consultórios cresce no Verão.

O número de medicamentos prescritos para o desempenho sexual masculino tem vindo a aumentar, tendo também subido a procura de ajuda a sexólogos.

Segundo dados fornecidos ao DN pelo IMS Health, em 2010 houve um aumento de 3% na venda de comprimidos para a disfunção eréctil relativamente aos 12 meses anteriores, crescimento que reflecte o aumento de casos diagnosticados, mas também uma maior importância dada pelos portugueses à sua vida sexual.

Aliás, hoje comemora-se o Dia Internacional do Orgasmo e Júlio Machado Vaz aproveita para lembrar que o excesso de "sexo pelo sexo" e de "sexo em termos comerciais" tem afastado as pessoas de cultivarem "o sexo como fonte de prazer e de comunicação". Para o sexólogo, o sexo passou a ser "mecânico e 'hidráulico'".

Já o aumento da venda destes remédios surpreende o sexólogo Santinho Martins, por se estar numa fase de crise económica e o preço deste tipo de medicamentos não estar ao alcance de todos. "Ainda não foi lançado nenhum genérico e o preço é muito limitativo. Cada comprimido, que tem de ser tomado antes da relação sexual, ronda os 7,50 euros, dependendo da dosagem. Mesmo que seja só uma vez por semana, ao fim do mês é um preço muito elevado para muitas pessoas", lembrou.

Segundo os especialistas, há várias razões que podem ter provocado este aumento. "Desde o aparecimento do primeiro comprimido, há 12 anos, que a procura tem vindo a aumentar, o que não significa que haja mais homens com disfunção eréctil, mas sim mais homens que procuram ajuda", explicou ao DN Nuno Pereira, urologista e sexólogo.

Júlio Machado Vaz, psiquiatra e sexólogo, defende que há "um maior número de pessoas diagnosticadas e uma maior abertura da mentalidade", que também podem ser as causas para este aumento.

"Com o aparecimento do comprimido ocorreu uma revolução farmacológica e cultural em Portugal e tornou-se mais fácil falar do assunto. Antes era uma vergonha para o homem. Hoje, procura--se ajuda", disse Nuno Pereira.

Tanto homens como mulheres procuram ajuda para o seu desempenho sexual. Contudo, não existe nenhum medicamento que seja estritamente direccionado para o desejo sexual da mulher, podendo ser prescrita terapêutica hormonal. "Dentro de cerca de dois anos irá aparecer um medicamento para o desejo sexual da mulher", lembra o sexólogo Santinho Martins ao DN.

Já os homens têm à sua disposição vários medicamentos, principalmente direccionados para a disfunção eréctil, tais como: Cialis, Viagra, Levitra, Caverject e Zumba.

Os problemas sexuais masculinos, principalmente a disfunção eréctil, segundo os sexólogos, começam a aparecer com mais frequência a partir dos 50 anos e a faixa etária que mais procura ajuda é a dos 40 aos 60 anos.

Apesar de a consulta médica só ser indicada para quem tem problemas sexuais, há quem procure estes especialistas para "melhorar o seu desempenho". "O Verão costuma ser de grande procura", disse Santinho Martins, referindo-se ao "turismo sexual". "Para melhorar o desempenho não é preciso ir ao médico", constatou. Também Júlio Machado Vaz concorda em o Verão ser um período de grande procura e venda destes medicamentos: "Há uma expectativa maior de actividade sexual e há quem vá de férias para bater recordes."

fonte: DN

quinta-feira, 29 de julho de 2010



Salazar: 40 anos

O ventilador que salvou a vida de Salazar
Salazar ficou internado no quarto nº 68, protegido por uma brigada da PIDE, enquanto o Governo decretou censura total. Quando entrou em coma, o hospital comprou um ventilador sueco, bem como uma cama especial. Clique para aceder ao dossiê Salazar morreu há 40 anos
 
fonte: Expresso

UNESCO retira Galápagos da lista dos locais em perigo


O Comité do Património mundial da UNESCO decidiu quarta feira em Brasília retirar as ilhas Galápagos da lista dos locais em perigo na qual figurava desde 2007, reconhecendo assim os esforços de protecção feitos pelo Equador.

"Por 14 votos contra cinco e uma abstenção, o Comité do Património mundial da UNESCO (Organização das nações unidas para a educação, a ciência e a cultura) retirou as Ilhas equatorianas das Galápagos da lista do Património mundial em perigo, na qual foram inscritas em 2007", anunciou o ministério brasileiro da Cultura.

Este preside à reunião da UNESCO que decorre em Brasília até 03 de Agosto para escolher, entre 30 locais a concurso, aqueles que merecem ser distinguidos pelo seu "valor universal excepcional".

Os novos locais vão juntar-se aos 890 locais culturais, naturais ou mistos de 148 países, que figuram até agora na lista dos bens do património mundial a proteger.

"É importante reconhecer os esforços realizados pelo governo equatoriano para proteger e preservar este património", explicou o presidente do Instituto brasileiro do património (Iphan), Luiz Fernando de Almeida, num comunicado.

O arquipélago das Galápagos, inscrito desde 1978 na lista do Património mundial, é formado por cerca de quatro dezenas de ilhas vulcânicas situadas a cerca de 1.000 Km das costas sul-americanas.

As Galápagos serviram de laboratório para o naturalista britânico Charles Darwin que estudou em 1835 a diversidade das espécies, na origem do seu estudo sobre a evolução e a selecção natural.

fonte: DN

MP sem tempo para fazer 27 perguntas a Sócrates


Os procuradores do Ministério Público que investigaram o caso Freeport tinham 27 perguntas para fazer ao primeiro-ministro José Sócrates, mas a imposição de prazos para o fim do processo impossibilitaram a inquirição.

Esta é a justificação que consta no despacho final do processo, que o jornal Público hoje cita.

Tendo em conta o prazo estipulado para o fim do inquérito e uma vez que o primeiro-ministro só pode ser ouvido com autorização do Conselho de Estado, os procuradores escrevem que a audição de José Sócrates fica 'por ora inviabilizada'.

Segundo a mesma fonte, os magistrados tinham também dez questões a colocar a Rui Nobre Gonçalves, antigo secretário de Estado que, tal como o então ministro do Ambiente, foi uma das principais figuras do processo de aprovação do outlet de Alcochete.

O facto de o vice-procurador-geral da República ter fixado o dia 25 de Julho como data para o encerramento do inquérito impossibilitou estas diligências, lê-se no referido despacho citado pelo Público.

Também por esta razão houve cartas rogatórias dirigidas a autoridades estrangeiras que nunca obtiveram resposta.

fonte: DN

Informação secreta da GNR na Net


WikiLeaks, que divulgou relatórios secretos sobre os EUA no Afeganistão, fez o mesmo à guarda no Iraque.

Documentos secretos produzidos pela GNR na Guerra do Iraque em 2004, que ainda se encontram em sigilo militar, foram disponibilizados no site WikiLeaks, o mesmo que divulgou recentemente relatórios classificados sobre a intervenção dos EUA no Afeganistão.

Relatos sobre a Al-Qaeda, acções das "secretas" iranianas (ver texto em baixo), fotografias de munições de organizações terroristas, croquis de morteiros e até referências a opções políticas de Tony Blair, constam dos documentos classificados a que DN acedeu ontem na Internet.

O porta-voz oficial da GNR desvaloriza esta "fuga de informação" inédita de material classificado e garante até que a GNR "teve conhecimento" que os documentos estavam perdidos na Rede "desde o início de 2009". Mas a gravidade da situação resultou, segundo a mesma fonte, numa análise à lupa do conteúdo dos relatórios.

Porém, foi concluído que, "uma vez que já passaram seis anos dos acontecimentos, estes não contêm informações estratégicas especialmente relevantes". E acrescenta: "Quando os documentos foram para a Web nenhuma das forças envolvidas nesta missão de paz internacional se encontrava ainda no Iraque". No entanto, fica por saber a data exacta em que os relatórios foram "sacados" ao oficial , que organizações a eles tiveram acesso e até que ponto isso não comprometeu a missão internacional.

O DN soube que os relatórios em causa foram produzidos pelo mesmo oficial, um capitão de cavalaria. Este fazia parte de uma célula, designada G2, no Estado-Maior da MSU (Multinational Specialized Unit) em Nassíria. A sua função era processar as informações recolhidas no terreno pelas "secretas" dos países presentes na operação, relativas às ameaças terroristas e à situação política e social. Os relatórios consistem numa síntese da análise feita pelas "secretas" inglesas e italianas que tinham agentes no terreno, uma vez que Portugal não destacou "espiões" para solo iraquiano. O oficial da GNR limitava-se a traduzir e resumir as informações produzidas e que eram partilhadas na célula G2 do Estado-Maior.

Segundo o porta-voz da GNR, ao ter tomado conhecimento da "fuga", o comando-geral ordenou uma averiguação para saber que falhas podiam ter havido nos procedimentos de segurança, por parte do oficial, que levassem os documentos tivessem sido desviados e depois divulgados. "Nada foi detectado que comprometesse a acção do oficial", assegura a GNR.

Os documentos não fazem qualquer análise à missão portuguesa e esse facto tranquilizou quer a GNR, quer o próprio Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) que também foi envolvido na avaliação dos danos que o conhecimento público destes relatórios podiam ter para Portugal. A única referência que é feita à força da GNR, o subagrupamento Alfa, é sobre a inactivação de um carro-bomba a sul de Nassíria. Foi no dia cinco de Novembro, de 2004, às 08.14. Uma patrulha italiana detectou uma viatura parada suspeita e chamou a equipa de inactivação de explosivos da GNR, a única força da MSU que tinha esta valia. No local confirmou que se tratava de um carro-bomba, prestes a explodir numa zona movimentada. Os militares portugueses desactivaram e retiraram os explosivos. Nos EUA, a divulgação pela WikiLeaks de documentos secretos sobre a operação militar no Afeganistão está a causar polémica, pelas descrições de mortes de civis. (ver pág. 28). Os ministérios da Defesa e da Administração Interna não quiseram comentar o assunto

fonte: DN

Hungria intimada a devolver 80 milhões de euros de arte roubada pelos nazis


Agonia no Jardim, de El Greco

Os herdeiros do industrial e financeiro húngaro de origem judaica Mór Lipót Herzog (1869-1934), um dos mais notáveis coleccionadores de arte da primeira metade do século XX, processaram o governo da Hungria, exigindo a devolução de mais de 40 obras, estimadas em cerca de 80 milhões de euros, que foram roubadas pelos nazis e que se encontram hoje em vários museus do país.

Além de referir expressamente dezenas de peças, como a "Agonia no Jardim", de El Greco, a "Primavera", de Gustave Courbet, a "Senhora das Margaridas", de Jean-Baptiste Camille Corot, o "Retrato de Don Baltazar Carlos", de Alonso Cano, a quem chamaram “o Miguel Ângelo de Espanha”, e ainda obras de pintores como Francisco de Zurbarán, Lucas Cranach, Diego Velázquez ou Claude Monet, o documento preparado pelos advogados da família exorta o governo húngaro a apresentar um inventário de todas as obras de arte provenientes da colecção do barão Herzog que mantém em museus e outras instituições estatais.

O motivo desta cláusula, segundo o jornal norte-americano "New York Times" inédita em processos judiciais visando a recuperação de obras de arte espoliadas pelos nazis, deve-se à convicção de que o estado húngaro poderá conservar muitas outras peças da colecção, além das identificadas.

David de Csepel, bisneto de Mór Lipót Herzog e representante dos seus herdeiros nesta acção legal, explica que a decisão de recorrer aos tribunais só foi tomada após “décadas de frustração” em sucessivas tentativas falhadas de negociar com as autoridades húngaras. Ao longo dos anos, vários senadores dos Estados Unidos, incluindo o recém-falecido Edward Kennedy e a actual secretária de Estado Hillary Clinton, procuraram, sem êxito, persuadir a Hungria a satisfazer as reclamações dos Herzog.

O cônsul-geral húngaro em Nova Iorque, Gabor Foldvari, afirmou ao "New York Times" que a decisão de não devolver as obras só foi tomada após um tribunal húngaro ter deliberado que o governo tinha o direito de as conservar. Um juízo que não implica que a Hungria não reconheça a proveniência das obras, já que várias delas estão expostas em museus estatais com a indicação de que vieram da colecção Herzog.

Há 15 anos, a família chegou a propor uma divisão das obras, mas o governo húngaro recusou, ao contrário dos seus homólogos austríaco e alemão. Este último devolveu, já este ano, três peças da colecção: uma caixa de rapé que terá pertencido a Frederico, o Grande, uma obra do pintor quatrocentista alemão Bartholomäus Zeitblom e o Retrato de Sigismund Baldinger, pintado em 1545 por Georg Pencz, que a família leiloou este mês na Christie"s e que foi comprado por mais de seis milhões de euros. David de Csepel, que tem 44 anos e vive na Califórnia, informou que a verba se destina a financiar as várias litigações que a família tem em curso, não apenas na Hungria, mas também na Polónia e na Rússia.

A família anda há décadas a tentar recuperar pelo menos parte da colecção que pertenceu ao seu antepassado, e tudo leva a crer que esse esforço se prolongará por muitos anos, dada a enorme quantidade de peças em causa, muitas delas actualmente sem paradeiro conhecido. Os Herzog estão convencidos de que uma parte importante do acervo possa ter sido levado para a então União Soviética após a derrota dos nazis.

Entre pintura, escultura e outras peças, Mór Lipót Herzog terá reunido mais de 2500 obras de arte, compradas com os consideráveis lucros das plantações de tabaco que tinha na Macedónia.

fonte: Público

quarta-feira, 28 de julho de 2010

EUA não sabem onde foi gasto o dinheiro para reconstruir o Iraque


Não há certezas sobre o que aconteceu a 8700 milhões de dólares

A Inspecção-Geral para a Reconstrução do Iraque, um organismo federal norte-americano, chegou à conclusão de que o Departamento da Defesa não é capaz de explicar como é que gastou 96 por cento do dinheiro recebido para reconstruir aquele país

A auditoria efectuada a nível federal especifica que não há contas de 8700 milhões de dólares (6772 milhões de euros) dos 9000 milhões de euros (6902 milhões de euros) que o Pentágono recebeu para ajudar a reconstruir um país devastado pela guerra.

O dinheiro saiu do Fundo de Desenvolvimento para o Iraque, criado em 2004 pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas e proveniente da exploração do petróleo e do gás natural, de bens iraquianos congelados antes da invasão de 2003 e de fundos que tinham sobrado do programa “petróleo por comida”, do tempo de Saddam Hussein.

O Pentágono respondeu a esta fiscalização dizendo que as verbas em causa não desapareceram necessariamente, podendo pura e simplesmente ter acontecido que os registos da forma como foram utilizadas tenham sido arquivados, ninguém sabendo onde. E alega que as tentativas de justificar o dinheiro poderão exigir grande esforço de pesquisa nos arquivos.

Entretanto, em Bagdad, os blocos políticos rivais não conseguiram chegar a acordo para a nomeação de cargos governativos, tendo sido adiada sine die a primeira sessão que o Parlamento iraquiano deveria efectuar desde as legislativas de Março.

Uma das dúvidas é a de quem irá ocupar a presidência da câmara, uma vez que as eleições não deram um vencedor muito claro e que os principais grupos não conseguiram formar uma coligação. E tanto o ex-primeiro-ministro Iyad Allawi, do bloco Iraqiya, como o actual, Nouri al-Maliki, da aliança Estado de Direito, pretendem ficar à frente do Governo.

fonte: Público

BP manipulou fotografias para que o mar ficasse azul e límpido

Maré negra custou à petrolífera mais de 25 mil milhões de euros e uma demissão: Hayward deixa a BP em Outubro
 

Como numa operação antes e depois, a BP revelou ontem imagens que foram manipuladas e alteradas pelos fotógrafos oficiais da petrolífera, numa operação de charme da companhia justificando a "transparência" para o exterior. As imagens foram divulgadas na página que a empresa tem na rede Flickr.

Numa das fotografias, o fotógrafo fez com que nos ecrãs do centro de controlo e observação aparecessem imagens do local da maré negra: no entanto, na fotografia original são menos os ecrãs a funcionar. A BP admitiu que o fotógrafo usou o processo de "cut-and-paste" (corta e cola) e que apenas a imagem alterada foi posta no site oficial da BP, na internet. Noutra fotografia, a BP alterou a saturação da cor, para que o mar, mais escuro, parecesse azul e límpido.

A petrolífera avançou em comunicado que deu "instruções ao fotógrafo que alterou as imagens que deixe de proceder ao 'corte-e-cole' no futuro e que adira às melhores práticas do tratamento de imagem jornalística", para tentar evitar situações semelhantes, erro de alto custo Em apenas três meses, a situação financeira da gigante petrolífera passou para números vermelhos: desde Abril, a BP já perdeu 13,3 milhões de euros e as acções caíram 40% nesse período. Os resultados reflectem a maior perda da história dos Estados Unidos.

"Os custos pela resposta ao derrame no golfo do México são muito significativos nestas perdas", anunciou a BP em comunicado, depois da apresentação dos resultados anuais da petrolífera. Dos 25 mil milhões de euros gastos pela empresa em indemnizações e trabalhos de limpeza, destacam-se os 2,2 milhões de euros na resposta contra o desastre ambiental e ainda os 15 mil milhões aplicados no fundo de garantia já anunciado pela petrolífera.

Para fazer frente à reparação dos danos provocados pela maré negra - a plataforma Deepwater Horizon explodiu a 20 de Abril -, a petrolífera britânica anunciou aos analistas que vai vender até 23 mil milhões de euros em activos durante o próximo ano e meio, o que tornará a empresa "mais pequena, mas com um negócio de exploração e de produção de maior qualidade". Entretanto, a BP vendeu já os campos de prospecção no Alasca, por 5,3 mil milhões de euros de urgência Depois de várias semanas de especulação - e de Barack Obama ter recomendado o afastamento do responsável -, o conselheiro delegado da BP anunciou ontem a demissão, através de um comunicado entregue à Bolsa de Valores de Londres.

A 1 de Outubro, Tony Hayward, 53 anos, vai abandonar o cargo na petrolífera e será substituído pelo norte-americano Bob Dudley. Hayward começou a carreira na petrolífera há 28 anos, sucedendo ao antigo responsável - Lord Browne - em 2007. O conselheiro delegado demissionário sai da petrolífera com uma pensão de 715 mil euros e já se fala em novo cargo, no conselho-executivo da petrolífera TNK-BP, participada em 50% pela BP. Hayward esteve no Congresso norte-americano em Junho, para falar sobre o derrame de petróleo da companhia: nessa ocasião, assumiu as responsabilidades na explosão da plataforma petrolífera que protagonizou o maior desastre ambiental de sempre na história dos Estados Unidos.

fonte: Jornal i

Viver isolado faz tão mal como fumar 15 cigarros por dia

Análise a mais de 300 mil pessoas pesou o papel das relações sociais na saúde: se são fortes, o risco de mortalidade reduz 50%


É mais fácil saber quantos amigos tem em média um utilizador do Facebook (130, já agora) do que perceber quantas amizades tem um português, ou mesmo qual o estado das relações sociais na Europa - a última análise do Eurostat sobre o perfil do homem e da mulher, de 2008, não diz nada sobre relações sociais, apenas sobre temas como ser obeso ou fumar, trabalho e lazer, ou como uns e outros utilizam o computador.

A tarefa vã é parte do problema, mas isto é começar pelo fim. Investigadores da Universidade Brigham Young, em Provo, Utah, publicam esta semana na revista científica "PLoS Medicine" uma análise a mais de 148 investigações sobre o impacto da vida social na mortalidade. Os resultados lançam uma nova campanha para introduzir amigos e família nas preocupações das políticas de saúde pública: descobriram que uma fraca interacção social reduz 50% a taxa de sobrevivência, o equivalente a fumar 15 cigarros por dia. Viver mais isolado é ainda duas vezes mais prejudicial que ser obeso, e o mesmo que ser alcoólico ou não fazer exercício.

Cada idade tem uma taxa de mortalidade associada. O que os investigadores fizeram neste novo estudo foi cruzar os dados para tentar chegar a uma associação entre o grau de relacionamento social de 308 849 pessoas e a idade com que morreram, excluindo à partida situações de suicídio ou acidente.

Na base do trabalho, explicam no artigo científico, está o facto de há duas décadas se saber que as relações sociais influenciam a mortalidade, mas não haver ainda um reconhecimento desta dimensão como factor de risco, mas também a percepção de que a interacção social nas sociedades industrializadas tem diminuído, com menos interacções intergeracionais e a primazia dada à carreira.

Julianne Holt-Lunstad, uma das autoras, explica ao i que foi possível concluir que as probabilidades de sobrevivência são influenciadas - independentemente de idade, sexo, estado civil ou de saúde - pela magnitude das relações sociais, e que viver isolado representa um risco de 50%. Entendem por isso que, perante estes resultados, este factor não pode continuar a ser ignorado nas investigações populacionais e nas iniciativas de saúde pública. Uma boa rede social, afirmam, é comparável a comportamentos como deixar de fumar, e uma má rede excede os riscos de inimigos conhecidos como a obesidade ou o sedentarismo.

Definir o que é uma interacção social forte foi uma das partes mais difíceis. Numa análise segmentada dos vários estudos, perceberam que aqueles que contemplavam mais indicadores sociais como o número de amigos próximos, a força dos laços familiares ou o envolvimento em grupos comunitários anteviam um peso ainda maior desta dimensão: até 91% de acréscimo na probabilidade de sobrevivência. Também não é possível concluir se as interacções virtuais contam tanto como as tradicionais. "Os investigadores não perguntaram directamente por elas, mas é provável que alguns participantes as tenham incluído. Essa noção só se tornou mais comum nos últimos dez anos", diz Holt-Lunstad.

fonte: Jornal i

Veja aqui os telegramas publicados por The Guardian

Veja aqui os telegramas publicados por The Guardian
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