quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Prisão para ladrão neo-nazi de Auschwitz


A justiça polaca condenou a dois anos e meio de prisão o neo-nazi sueco que roubou a famosa inscrição da entrada do antigo campo de concentração de Auschwitz, onde se lê 'Arbeit Macht Frei'

Anders Hoegstroem, militante da extrema-direita sueca, foi detido em 2009, em conjunto com cinco cidadãos polacos, pelo roubo da placa onde em alemão se lê que «o trabalho liberta». A placa de ferro foi encontrada partida em três em Dezembro desse ano.

Dois ladrões polacos também foram hoje condenados a dois anos e meio de prisão. Hoegstroem vai cumprir pena de prisão na Suécia natal.

Outros três polacos tinham já sido condenados este ano pelo roubo, que as autoridades acreditam ter sido encomendado por um cidadão sueco que se encontra a monte.

A placa roubada é considerada um símbolo das atrocidades cometidas pela Alemanha Nazi sobre milhões de vítimas que foram escravizadas e assassinadas naquele e noutros campos de concentração na Europa dos anos 30 e 40.

fonte: Sol

China fecha mais de seis mil sites pornográficos


As autoridades chinesas fecharam, em 2010, mais de seis mil sites pornográficos

No decurso das investigações que levaram a estes encerramentos foram constituídos arguidos cerca de cinco mil suspeitos. Segundo um porta-voz do governo chinês, citado pela Reuters, esta acção faz parte de uma campanha contra a proliferação de material obsceno.

Dos 4.965 suspeitos, 1.332 foram punidos pelo sistema judicial, sendo que entre estes 58 foram presos, com penas que são de cinco ou mais anos.

Estas acções têm vindo a ser bastante criticada pelos opositores do regime, que consideram que tal apenas configura um aprofundamento da repressão.

Segundo os críticos a autoridades usaram a capa do combate à pornografia para encerrarem também alguns sites com conteúdos politicamente sensíveis.

Refira-se que as autoridades de Pequim tiveram um ano de 2010 bastante conturbado no que se refere à Internet, tendo bloqueado vários dos mais populares sites, como o YouTube, o Twitter, o Facebook e o Flickr.

fonte: Sol

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

'O Exorcista' e 'O império contra-ataca' vão estar nos arquivos históricos dos EUA


Filmes como O exorcista e O império contra-ataca, da saga Guerra das Estrelas, vão integrar os arquivos históricos da Biblioteca do Congresso, nos Estados Unidos, pelo valor cultural, histórico e artístico.

Estes dois títulos fazem parte de um grupo de 25 filmes seleccionados pelo Conselho Nacional de Conservação de Registos Fílmicos que passam a integrar os arquivos da Biblioteca do Congresso.

Além de Darth Vader, o vilão do filme O império contra-ataca (1980), e do clássico de terror O exorcista, na Biblioteca do Congresso passam a figurar, por exemplo, Febre de sábado à noite (1977), com John Travolta, e A pantera cor-de-rosa, (1963), com Peter Sellers como inspetor Clouseau.

Na Biblioteca do Congresso estão já conservados exemplares de 550 filmes, desde que começou o arquivo fílmico em 1988.

A seleção não representa necessariamente os melhores filmes ou os mais elogiados, mas os que tiveram «significado relevante» para a cultura norte-americana.

O documentário Let there be light (1946), de John Huston, censurado pelo Pentágono durante 35 anos, e a comédia Aeroplano (1980), protagonizada por Leslie Nielsen, recentemente falecido, também foram seleccionados.

fonte: Sol

domingo, 26 de dezembro de 2010

1,5 milhões de dólares por autobiografia de Assange


O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, anunciou hoje num jornal britânico que assinou um contrato de cerca de um milhão de libras (1,2 milhões de euros, 1,5 milhões de dólares) pela sua autobiografia.

Numa entrevista hoje publicada pelo Sunday Times, Julian Assange explicou que esta soma o ajudará a defender-se contra as acusações de agressões sexuais apresentadas por duas mulheres na Suécia.

«Não quero escrever este livro mas devo fazê-lo», afirmou.

fonte: Sol

Mil denúncias por mês de quem faça 'downloads' ilegais de filmes



Mil utilizadores da internet que fizeram downloads ilegais de filmes serão denunciados em Janeiro à Procuradoria-Geral da República por uma associação privada que pretende chamar a atenção para a necessidade de alterar a lei referente à partilha de ficheiros.

«A impunidade tem de acabar. Com esta iniciativa, todos terão consciência de que existe uma lei que penaliza com até três anos de cadeia um download ilegal», explicou Nuno Pereira, um dos responsáveis pela Associação do Comércio Audiovisual, Obras Culturais e de Entretenimento de Portugal (ACAPOR), a entidade responsável pela compilação e entrega da lista dos infractores.

Em causa está a partilha ilegal de ficheiros da internet, os designados downloads de obras cinematográficos, que configura um crime que está tipificado no Código dos Direitos de Autor, mas cuja lei «não é aplicada em Portugal», segundo Nuno Pereira, que critica o facto da legislação «estar desactualizada».

«A lei actual penaliza excessivamente os infractores, pelo que nunca é aplicada. Assim, para todos os efeitos, é como se não existisse», declarou o responsável pela ACAPOR, recordando que apenas uma pessoa «foi presente a tribunal» pelo crime de download ilegal.

A solução, refere, passa pela «alteração da legislação» e pela consciencialização de que os downloads ilegais são «um crime que prejudica grandemente a indústria cinematográfica».

«Possivelmente, seria melhor substituir a pena de prisão, que nunca é aplicada e que é excessiva, por uma contra-ordenação ou por um corte na internet, como se faz na França», aponta Nuno Pereira, sublinhando que se a lei em vigor fosse aplicada, os tribunais criminais seriam «inundados» com casos relacionados com a partilha ilegal de ficheiros na 'Rede'.

Nuno Pereira adiantou que a listagem que será entregue no próximo dia 5 de Janeiro - «a maior colectânea de denúncias criminais apresentadas em simultâneo na História da Justiça Portuguesa» - se refere a utilizadores da internet com IP nacional, «que partilharam obras cinematográficas sem a devida autorização».

«A partir desse dia, iremos fazer todos os meses 1000 novas denúncias», prometeu Nuno Pereira que, com esta iniciativa, pretende colocar «um ponto final na impunidade reinante neste tipo de crime».

O responsável critica, no entanto, que esta iniciativa esteja a ser realizada por uma associação privada, quando o que está em causa é um crime público.

«Sobretudo, porque já nos reunimos com todos os partidos com assento parlamentar, que demonstraram preocupação pela situação, mas que nada fizeram desde então», criticou.

De acordo com a ACAPOR, anualmente são realizados cerca de 50 milhões de downloads por clientes das operadoras nacionais de internet.

fonte: Sol

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Assange adianta que portal vai publicar 3700 documentos "sensíveis e polémicos" sobre Israel


Julian Assange

O fundador do WikiLeaks anunciou, numa entrevista difundida pela cadeia de televisão árabe Al Jazeera, que o seu portal irá publicar 3700 documentos "sensíveis e polémicos" sobre Israel dentro de quatro a seis meses.

"Ainda estamos a espera de publicar documentos sobre Israel, a grande maioria ainda não foi publicada e são polémicos", afirmou Julian Assange, precisando que até ao momento apenas foram divulgados 1 a 2 por cento dos telegramas relacionados com Israel.

De acordo com Assange, tratam-se de documentos "sensíveis e polémicos" sobre a guerra entre Israel e o Líbano em 2006 ou que abordam o homicídio do alto quadro do Hamas Mahmud al-Mabuh, em janeiro no Dubai, que foi atribuído aos serviços secretos israelitas (Mossad).

O fundador do Wikileaks, portal que em finais de novembro começou a divulgar 250 mil telegramas diplomáticos norte-americanos, precisou que os documentos confidenciais a divulgar "têm Israel como origem".

"Temos dependido até agora dos cinco grandes jornais mundiais (que tiveram acesso antecipado a todos os documentos do WikiLeaks). O que tem sido publicado reflete os interesses desses diários, mas não o que nós consideramos importante", salientou Assange.

É por isso que "vamos publicar todos os documentos à disposição do Wikileaks, o que deverá demorar quatro a seis meses", acrescentou.

O fundador do WikiLeaks negou a existência de qualquer acordo com Israel para não publicar os documentos secretos sobre o Estado judaico, bem como as alegações de que teria mantido contacto com os serviços de informações israelitas.

"Não temos tido nenhum contacto direto ou indireto, mas supomos que os serviços secretos israelitas observem de perto o que fazemos", afirmou Julian Assange, explicando que apesar de estes serviços não terem feito nenhuma tentativa para se aproximar de atuais colaboradores, o tentaram fazer "com antigos membros da organização".

De acordo com telegramas diplomáticos norte-americanos divulgados esta semana pelo Wikileaks, membros do Fatah, do presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, terão pedido a Israel para atacar o movimento rival Hamas em 2007.

Estes documentos confidenciais também apontam para uma colaboração estreita entre Israel e forças leais a Abbas, quando militantes do Hamas invadiram a Faixa de Gaza há três anos.

O Fatah desmentiu de imediato estas alegações, que considerou uma "conspiração" do Shin Bet (serviços secretos internos israelitas) para dividir o partido.

fonte: Jornal i

Homem atira-se das galerias do Parlamento em protesto


Um electricista da televisão pública romena atirou-se da galeria do Parlamento, gritando "Boc, roubaste o futuro dos nossos filhos", em protesto contra as medidas de austeridade impostas pelo governo de centro-direita, liderado pelo primeiro-ministro Emil Boc.

Adrian Sobaru, de 40 anos, foi particularmente afectado pelo pacote de redução de despesas do Estado, pois o governo reduziu muitos subsídios sociais, incluindo o que o electricista recebia como ajuda para criar um filho autista.

Sobaru atirou-se da bancada quando estava prestes a começar o debate de uma moção de censura contra o governo apresentada pela oposição. Mesmo apesar do incidente de a sessão parlamentar ter sido suspenso por uma hora, a ausência de vários deputados da oposição foi suficiente para que a moção tivesse sido rejeitada quando foi levada a votos.

Segundo fonte hospitalar, o homem está em condições estável, depois de ter sido submetido a uma cirurgia, em virtude das várias fracturas no rosto que sofreu na queda. Boc lamentou o "incidente trágico" e disse "compreender as dificuldades que muitos romenos enfrentam neste período de crise".

"Apelo a que procuremos soluções para ultrapassarmos este período difícil", disse o primeiro-ministro romeno, que teve de implementar neste ano duras medidas de controlo orçamental para ultrapassar a crise financeira e obter ajuda do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia.



fonte: DN

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


As notícias que fazem a primeira página da edição impressa do SOL e os destaques da economia do caderno Confidencial. Clique e descubra ainda as imagens de capa da revista Tabu e do guia Essencial. Esta sexta-feira nas bancas.

fonte: Sol

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

WikiLeaks: As campanhas de marketing

Enquanto uns olham para o WikiLeaks como um ato de traição e outros como um exemplo da transparência governamental, há quem veja uma oportunidade de vender canecas, preservativos e pensos higiénicos.


O site WikiLeaks tem divulgado milhares de documentos de fontes diplomáticas norte-americanas, mas nos últimos dias tanto o site, como o seu próprio fundador, Julian Assange, têm sido associados a diversos produtos.

O primeiro a surgir terá sido a clássica, mas repetitiva, caneca decorativa.

Este produto exibe a cara do fundador do WikiLeaks e a mensagem "Julian Assange, por favor casa comigo", mas não está apenas disponível numa caneca normal.

Existem vários tamanhos de copos e cores, assim como a possibilidade de adquirir termos (para manter os líquidos quentes) e copos, que dão a sensação de estarem congelados. Tudo isto pode ser encontrado com a cara de Assange e o pedido de casamento, à venda neste site , com preços que vão dos 16,75 dólares (12,50€) às canecas mais caras que custam 26,50 (19,80€), todas com 30% de desconto.

Uma fuga de informação no quarto


Passando de um produto que serve a miúdos e graúdos, para outro que apenas deverá ser utilizado pelos adultos, chegam-nos os preservativos DickiLeaks . Este produto não só usa o nome do site para um trocadilho com o órgão sexual masculino, como também aproveita a fama gerada à volta de Julian Assange.

A empresa Comdomania, que se dedica à personalização de preservativos, lançou o seu mais recente profilático. Este conta com a cara do australiano Assange na embalagem e o slogan: "We leak more than the truth" (que numa tradução livre se lê "Nós vazamos mais do que a verdade").

Para um preservativo, que se exige que retenha e não "vaze", talvez uma frase diferente teria sido a melhor opção. Fora isso os DickiLeaks são "uma ótima forma de apimentar a próxima festa de divulgação de novas informações do WikiLeaks, especialmente na Suécia", como se lê no site da Comdomania.

Como é sabido, Julian Assange é acusado de crimes sexuais na Suécia contra duas mulheres. É aqui que estes produtos pecam em chegar a um maior público, principalmente o feminino.

Leaks extra-absorventes


Para as mulheres que forem fãs do WikiLeaks, mas não querem ver a cara de quem tem queixas de agressões sexuais, o Paquistão encontrou a solução de publicitar produtos de higiene.

A agência de publicidade paquistanesa RG Blue Communications espalhou na cidade de Karachi a imagem dos pensos higiénicos Butterfly, sob o slogan "WikiLeaks... Butterfly doesn't", realçando a qualidade que se procura num penso higiénico (na imagem descrito como um "sanitary napkin"): O seu produto é extra-absorvente.

A informação dos milhares de documentos que o WikiLeaks já divulgou tem sido propagada por todo o mundo e, segundo o próprio fundador recém-libertado da prisão em Inglaterra após nove dias, os documentos vão continuar a ser divulgados.

Pode-se esperar assim que enquanto o site divulgar nova informação, a publicidade deverá conhecer momentos felizes.

fonte: Expresso

domingo, 19 de dezembro de 2010

Bancos são próximo alvo da WikiLeaks


Bank of America suspendeu as transacções para a organização. Assange denuncia "macarthismo financeiro"

"Pedimos a todas as pessoas que amam a liberdade que fechem as suas contas no Bank of America." A WikiLeaks reagia assim, através do microblogue Twitter, à decisão do banco norte-americano de suspender todas as transacções que tenham como destino a organização responsável pela divulgação de milhares de documentos secretos dos EUA. É o início de uma guerra que promete agravar-se no próximo mês, quando o site tem previsto divulgar "práticas pouco éticas" deste banco.

"O Bank of America junta-se às medidas anteriormente anunciadas pela MasterCard, PayPal, Visa Europa e outros e não efectuará mais transacções de qualquer tipo se tiver razões para acreditar que estas podem ter como destino a WikiLeaks", indicou o banco em comunicado. "Esta decisão é baseada no facto de termos razões para pensar que a WikiLeaks poderá estar envolvida em actividades que são, entre outras coisas, contrárias à nossa política interna de pagamentos", acrescentou.

O fundador da organização, Julian Assange, denunciou um novo "macartismo financeiro nos EUA", numa referência ao período, entre 1950 e 1956, de intensa perseguição anticomunista, liderada pelo senador Joseph McCarthy. "É uma nova forma de macartismo financeiro, que priva a nossa organização dos fundos que necessita para sobreviver, que me priva pessoalmente dos fundos que os meus advogados precisam para me proteger de uma extradição para os EUA ou a Suécia", disse.

O australiano de 39 anos encontra-se em liberdade condicional na mansão do amigo e jornalista Vaughan Smith, à espera da audiência de extradição para a Suécia, onde é suspeito de crimes sexuais. Os defensores de Assange acreditam que ele pode ser entregue depois aos EUA, que estarão a preparar uma acusação de espionagem ou conspiração contra o fundador da WikiLeaks.

Enquanto continua a revelação da correspondência diplomática norte-americana, a organização prepara-se para, no próximo mês, atacar o seu próximo alvo: os bancos. Em Novembro, Assange prometeu que a informação revelada seria capaz de acabar "com um banco ou dois". Os documentos serão comprometedores para a direcção de um "grande banco americano", com o australiano a revelar ter dados do disco rígido do computador de um responsável do Bank of America. "A vossa empresa tem negócios com o Bank of America? Aconselhamos que coloquem os vossos fundos num sítio seguro", dizia outra mensagem de Twitter da WikiLeaks.

fonte: DN

McCann: telegramas do WikiLeaks são 'alegações infundadas'


Os pais de Madeleine McCann lamentaram este domingo o que chamaram de "alegações infundadas" sobre o seu envolvimento no desaparecimento da criança motivadas pelas informações divulgadas pela Wikileaks.

Em comunicado divulgado, Kate e Gerry McCann afirmaram que a revelação do Wikileaks levou "à repetição de muitas alegações infundadas tanto no Reino Unido como particularmente em Portugal".

A notícia sobre o telegrama do diplomata britânico serviu também para "dificultar" os esforços do casal para encontrar a filha, afirmam. "Aqueles que poderiam ajudar a Madeleine mas escolhem não fazer nada são também cúmplices desta injustiça", acrescentam.

Os McCann lembram que continua a valer uma petição apelando às autoridades britânicas e portuguesas para fazerem uma "revisão transparente e independente" do caso do desaparecimento de Madeleine McCann.

Segundo um telegrama diplomático confidencial divulgado esta semana pela organização Wikileaks, o embaixador inglês em Lisboa em 2007 admitiu ao seu homólogo norte-americano que tinha sido a polícia inglesa a encontrar provas contra Kate e Gerry McCann.

A polícia inglesa não comentou e o procurador-geral da República, Pinto Monteiro, afirmou que só com "factos novos, relevantes e credíveis", que "indiquem indícios criminais", é que as autoridades portuguesas admitiriam reabrir o caso da menina desaparecida da Praia da Luz, no Algarve, em maio de 2007.

fonte: DN

Criança morre após queda de quinto andar


Uma menina de dois anos morreu esta tarde depois de ter caído de um quinto andar nas escadas interiores de um prédio, disse à agência Lusa fonte dos bombeiros da Póvoa de Varzim.

A criança estava nas escadas de acesso aos apartamentos do edifício na avenida Nossa Senhora das Neves, em A-ver-o-Mar, quando se terá debruçado e caído do quinto andar até ao rés-do-chão, informou a mesma fonte.

O alerta para os bombeiros locais foi dado às 16:30, mas quando o Serviço de Emergência Médica chegou ao local a menina já se encontrava em paragem cardio-respiratória, informou a mesma fonte. A criança foi encaminhada para o hospital da Póvoa de Varzim, onde entrou já cadáver.

Entretanto, os pais da menina estão a ser acompanhados por um psicólogo, porque ficaram em estado de choque.

fonte: DN

sábado, 18 de dezembro de 2010

Morreu o realizador Blake Edwards

O realizador norte-americano Blake Edwards, criador da série de filmes "Pantera Cor-de-Rosa" e do clássico "Breakfast at Tiffany's" (Boneca de Luxo), morreu hoje aos 88 anos.

Nascido em Tulsa, no estado do Oklahoma, Blake Edwards notabilizou-se pelas suas comédias cinematográficas, nas quais dirigiu actores que se tornariam ícones de Hollywood, como Audrey Hepburn, protagonista de "Breakfast at Tiffany's" (1961), ou Peter Sellers, actor principal da série de filmes "Pantera Cor-de-Rosa" (1963-1983).

Entre outros títulos conhecidos do realizador estão "The Party" (A Festa), também com Peter Sellers, "10" e "Victor/Victoria".

O realizador era casado com a actriz Julie Andrews, união que durava há 41 anos.

Algumas cenas dos filmes realizados por Blake Edwards

Cena de "O Regresso da Pantera Cor-de-Rosa":



Cena de "Breakfast at Tiffany's":


Cena de "The Party":


fonte: DN

Assange passa o Natal na mansão de amigo jornalista


Tribunal confirmou a liberdade condicional do fundador da organização que tem divulgado a correspondência diplomática dos EUA. Próxima audiência é a 11 de Janeiro.

Uma mansão de dez quartos com 160 hectares de terreno e não uma cela de isolamento na prisão de Wandsworth. Será aí que Julian Assange passará o Natal, após um juiz britânico confirmar a decisão de o deixar em liberdade mediante o pagamento de uma fiança de 240 mil libras (cerca de 280 mil euros). Acusado de crimes sexuais na Suécia, o fundador da WikiLeaks regressa ao tribunal a 11 de Janeiro para a audiência da extradição.

"É bom sentir de novo o ar fresco de Londres", afirmou o australiano de 39 anos à saída do tribunal. "Espero continuar o meu trabalho e continuar a defender a minha inocência." Na mensagem, lembrou ainda o seu tempo na cela de isolamento - aparentemente a mesma onde esteve detido o escritor irlandês Oscar Wilde - "no fundo de uma prisão vitoriana", dizendo ter pensado nas pessoas que estão detidas em condições ainda piores que as suas. "Essas pessoas também precisam da nossa atenção e apoio", disse.

Houve ainda tempo para agradecimentos. Primeiro, a todos os que mantiveram a fé nele e ajudaram a sua equipa nos nove dias que esteve preso. Depois aos advogados "que travaram uma luta corajosa e bem-sucedida" e àqueles que contribuíram para pagar a fiança, "diante de grandes dificuldades". Finalmente aos jornalistas e ao sistema judiciário: "Se o resultado não é sempre a justiça, pelo menos ela ainda não está morta."

Assange terá de se apresentar diariamente entre as 14.00 e as 17.00 na esquadra de Beccles, a mais próxima da mansão do jornalista e amigo Vaughan Smith, excepto nos feriados, quando um agente se deslocará à propriedade, a 200 km de Londres. Além de ter entregado o passaporte, Assange tem de usar sempre a pulseira electrónica, para evitar uma fuga.

A decisão do tribunal foi conhecida às 13.00, mas Assange só saiu cinco horas depois. Durante este tempo, os advogados tiveram de encontrar mais cinco fiadores, além dos dois iniciais. Estes tiveram de se deslocar ao tribunal, ou a uma esquadra da polícia, para preencher a documentação necessária e serem aprovados. Um deles foi recusado, o jornalista australiano John Pilger, descrito pelo juiz como "outro australiano ambulante", como o próprio Assange.

Além de Smith, o ex-coronel e jornalista de guerra que fundou o Frontline Club e na casa de quem Assange está hospedado, a fiadora inicial era Sarah Saunders, designer de restaurantes e sua amiga pessoal. A estes juntaram-se o biólogo e Nobel da Medicina John Sulston; o editor da revista Week, -Felix Dennis; o jornalista Philip Knightley; o ex-ministro do Labour Matthew Evans; e a professora universitária Patricia David.

Os defensores do australiano temem que esteja a ser vítima de um processo político e que seja entregue pela Suécia aos EUA. Segundo o New York Times, Washington tenta encontrar provas de que Assange conspirou com o ex-analista militar Bradley Manning, acusado de dar os dados à WikiLeaks.

fonte: DN

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Morreu Carlos Pinto Coelho, o senhor “Acontece”


Jornalista tinha 66 anos 

Carlos Pinto Coelho despediu-se, durante nove anos, dos telespectadores com a frase “E assim, Acontece”. Morreu ontem, aos 66 anos, em Lisboa.

O jornalista Carlos Pinto Coelho morreu, ontem, aos 66 anos, em Lisboa, na sequência de uma intervenção cirúrgica à aorta no Hospital Santa Marta para onde foi transferido depois de ter sido internado de urgência no Hospital de São José, segundo a agência Lusa.

Gostava que lhe chamassem “o senhor Acontece”, considerava ser essa “uma forma gentilíssima” de lembrar os nove anos, em que diariamente, acabava o magazine cultural que teve na RTP2, de 1994 a 2003, com a célebre frase: “E assim, Acontece”.

O programa foi cancelado no final de Julho de 2003 pela administração então liderada por Almerindo Marques, duas semanas antes da data em que estava anunciado o seu regresso depois das férias de Verão. Na altura, Carlos Pinto Coelho estava à espera da resposta ao seu pedido de rescisão do contrato, no âmbito de um plano de rescisões que a RTP abrira quase um ano antes. O jornalista estava na RTP há 26 anos.

José Rodrigues dos Santos, que era então o director de informação, estava ausente do país quando o programa foi oficialmente cancelado. Mas mostrou-se contra a rescisão do contrato de Carlos Pinto Coelho.

Carreira abrangente

Carlos Pinto Coelho ficou conhecido pela intervenção na área do jornalismo cultural, mas teve uma carreira abrangente. Começou a sua carreira jornalística no “Diário de Notícias”, como estagiário, em 1968, depois de ter abandonado o curso de Direito no último ano e de ter chumbado na oral de Direito das sucessões.

Além de repórter deste jornal, Carlos Pinto Coelho foi um dos fundadores do diário “Jornal Novo”, foi redactor da Agência de Notícias portuguesa ANI, director executivo da revista “Mais”.

Na rádio foi locutor das estações TSF, Rádio Comercial, Antena1 e Teledifusão de Macau. Na televisão foi chefe de redacção do Informação/2, da RTP2, director de Cooperação e Relações Internacionais, director-adjunto de Informação e director de programas da RTP durante quatro anos.

Na opinião de Joaquim Vieira, que com ele trabalhou, o que mais o distinguiu foi a projecção que deu à cultura. “Era a menina dos olhos dele. E sempre acreditou que viesse alguém que o chamasse a fazer de novo o “Acontece”. É curioso, há hoje na RTP2 uma tentativa de fazer um “Acontece”, o “Câmara Clara”, sem ser um “Acontece”. É o reconhecimento de que o programa fazia sentido e havia necessidade dele. É uma homenagem indirecta a ele”, acrescenta o jornalista Joaquim Vieira.

Pelo programa “Acontece” – que chegou a ser o mais antigo jornal cultural da Europa e acabou depois de uma polémica com o ministro Morais Sarmento que afirmou que seria mais compensador oferecer uma volta ao Mundo a cada espectador - recebeu o Prémio Bordalo e o Prémio do Clube de Jornalismo.

Foi condecorado com o Grau da comenda da Ordem do Infante D. Henrique por Jorge Sampaio, em 2000, e era oficial da Ordem das Artes e das Letras de França (2009).

Carlos Pinto Coelho nasceu em Lisboa mas viveu em Lourenço Marques (agora Maputo, Moçambique) até aos 19 anos, altura em que regressou a Portugal. Daí vinha certamente o seu grande interesse pela África lusófona (teve um programa que se chamava “Em Português nos Entendemos”). Outra das suas paixões era a fotografia. Começou a expor em 1992 e ao longo da vida lançou vários livros de fotografia “A Meu Ver” (editora Pegasus, 1992), foi co-autor “Do Tamanho do Mundo” (Ataegina/1998), publicou “De tanto Olhar, fotografias e textos seus e com um prefácio de Lídia Jorge na editora Campo das Letras. E “Assim Acontece - 30 Entrevistas Sobre Tudo... E o Resto”, livro publicado em 2007.

Era professor de jornalismo na Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Tomar desde 2003 e estava a preparar uma série de entrevistas a personalidades para o programa “Conversa Maior”, a emitir na RTP Memória.

fonte: Público

Julian Assange está já em liberdade


O fundador do WikiLeaks foi libertado ao fim da tarde desta quinta-feira, após ter pago 280 mil euros de fiança.

"Acredito que a Justiça não está morta", afirmou Assange, em conferência de imprensa improvisada à saída do Supreno Tribunal britânico. "Vou continuar o meu trabalho e protestar a minha inocência", afirmou.

O fundador do WikiLeaks manifestou ainda gratidão "às autoridades e pessoas que deram dinheiro perante grandes dificuldades e hostilidade", nomeadamente na angariação de dinheiro para a caução necessária para a sua libertação, e à imprensa pelo apoio.

Assange fez ainda questão de afirmar que a sua defesa não teve ainda acesso às provas que levam à acusação de dois crimes de abuso sexual.

Antes, o advogado Mark Stephens declarara estar "profundamente encantado e entusiasmado" com a decisão tomada hoje pelo juiz Duncan Ouseley.

fonte: DN

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Moore dá 20 mil euros a Assange para pagar caução


O realizador norte-americano Michael Moore disse ontem que ofereceu 20 mil euros ao fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, para ajudá-lo a pagar uma caução em tribunal

O cineasta anunciou ainda que coloca o seu próprio "site" e o seu servidor à disposição para ajudar o WikiLeaks a continuar a difundir informações secretas.

O fundador do WikiLeaks está detido em Londres, onde um tribunal decidirá se atende o pedido de extradição apresentado pela Suécia, onde é acusado de crimes sexuais. A caução reclamada a Assange para poder estar em liberdade condicional ascende a 200 mil libras (cerca de 238 mil euros).

"Embarcámos na guerra no Iraque com base em mentiras. Centenas de milhares de pessoas morreram. Imaginem apenas o que teria ocorrido se os homens que planearam este crime de guerra em 2002 tivessem que lidar com o WikiLeaks", escreve Michael Moore em comunicado.

fonte: DN

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Investigador cria mapa com os espelhos do WikiLeaks


Um investigador de Harvard resolveu criar um mapa, recorrendo ao Google Earth, onde apresenta a localização geográfica de todos os sites espelho do WikiLeaks. Veja o vídeo

A iniciativa partiu da curiosidade de Laurence Muller, um investigador de Harvard que quis identificar a localização geográfica dos mais de mil sites que resolveram ser espelhos do WikiLeaks original, desde que este começou a ser atacado para evitar a publicação de mais documentos.

De acordo com o investigador, o projecto foi feito a partir de um script PHP onde conseguiu reunir os primeiros 1334 URLs utilizados para espelhar o WikiLeaks.

Com este script Laurence Muller utilizou o programa GeoLite City, uma base de dados gratuita com informação de geolocalização, para ligar os URLs à sua localização geográfica.

Juntando esta informação, o investigador converteu-a em KML, um formato utilizado para criar modelos geográficos para incluir no Google Earth.

O resultado foi um mapa interactivo onde é possível encontrar a localização de todos os sites espelho do WikiLeaks.

No site de Laurence Muller é também possível encontrar um vídeo com as imagens do mapa.


fonte: Sol

Polícia britânica suspeitou de Gerry e Kate McCann


O embaixador britânico em Lisboa disse ao americano que a polícia inglesa tinha descoberto provas contra os McCann.

Existe apenas um telegrama dos obtidos pelo WikiLeaks que fala sobre o caso Madeleine McCann e, tal como revela o El País, resulta de uma conversa entre os embaixadores do Reino Unido e dos EUA em Lisboa, em Setembro de 2007. O primeiro conta ao segundo que foram os polícias britânicos que se deslocaram ao Algarve que descobriram as provas que incriminavam Kate e Gerry McCann pelo desaparecimento da filha Madeleine, a 3 de Maio desse mesmo ano, na Praia da Luz.

Uma revelação que é totalmente contraditória com aquilo que foi noticiado na altura, nomeadamente pela imprensa britânica, que chegou muitas vezes a pôr em causa o trabalho de investigação da Polícia Judiciária. Recorde-se que os pais de Maddie foram constituídos arguidos pela justiça portuguesa, decisão que provocou grande celeuma entre os dois países. Afinal, segundo o telegrama, é o próprio embaixador britânico que confidencia que foram as autoridades inglesas quem encontrou as provas que faziam dos denunciantes os principais suspeitos.

Richard Ellis, que acabava de chegar a Lisboa, visita o seu colega norte-americano, e os dois abordam o assunto que corria, na altura, o mundo inteiro. Ao contrário do que transparecia para a opinião pública, o diplomata britânico revela que as polícias de Portugal e do Reino Unido estavam coordenadas e que tudo era tratado com o máximo de sigilo.

O telegrama é confidencial e tem a data de 29 de Setembro de 2007, vinte dias depois de os pais de Maddie terem abandonado inesperadamente o Algarve após o interrogatório, em Portimão, no qual foram constituídos arguidos.

O embaixador britânico, que estava em contacto com o Governo português sobre as investigações, pede ao seu homólogo americano que mantenha esta conversa em "sigilo absoluto".

Segundo o diário El País, aquilo que esta mensagem confirma é o que vários meios de comunicação social revelaram na altura e que nunca as autoridades britânicas e os familiares dos McCann quiseram admitir em público. Ou seja, que foram os detectives britânicos, com a ajuda de cães especializados vindos de Inglaterra, quem achou as provas que evidenciavam a possível morte de Maddie (cheiro a cadáver, sangue e restos de fluídos corporais), tanto na parede do apartamento do Ocean Club, como no mala do carro que Kate e Gerry McCann tinham alugado.

VEJA AQUI O TELEGRAMA

fonte: DN

sábado, 11 de dezembro de 2010

Manoel de Oliveira está de parabéns

Realizador português celebra hoje o seu 102.º aniversário. Amanhã estará em Santa Maria da Feira a convite do Festival de Cinema Luso-Brasileiro, que o homenageia.

(Vídeos no fim do texto)


Manoel de Oliveira: «Foi o viver que me ajudou a fazer cinema e não o contrário»

O realizador português Manoel de Oliveira celebra hoje no Porto 102 anos, em família e a descansar, porque o relógio não pára e no domingo estará em Santa Maria da Feira a propósito de... cinema.

Fonte da família explicou à agência Lusa que Manoel de Oliveira passará um dia "recatado", com um jantar em família e com filhos, netos e bisnetos a celebrarem a longevidade do mais velho realizador mundo ainda a trabalhar.

Homenagem no Festival de Cinema Luso-Brasileiro

No domingo, Manoel de Oliveira estará em Santa Maria da Feira a convite do Festival de Cinema Luso-Brasileiro, que o homenageia, para mostrar o mais recente filme que rodou, "O estranho caso de Angélica".

A longa-metragem, que recupera um argumento de Manoel de Oliveira com mais de cinquenta anos, ainda não tem estreia comercial nos cinemas, nada que deva perturbar muito o realizador que já só pensa nas próximas produções.

Projetos na 'manga'

Na quinta-feira esteve em Serralves, no Porto, onde foi exibida a curta-metragem "Painéis de São Vicente de Fora, visão poética" e no final o cineasta disse aos jornalistas que há vários projetos que têm que ser feitos antes "de passar desta para a outra".

Manoel de Oliveira não tem medo da morte, mas do sofrimento, e remete para os astros a energia e a sorte de ainda estar vivo e a trabalhar.

Já lá vão quase oitenta anos desde que Manoel de Oliveira, então com 23 anos, estreou a curta-metragem documental "Douro, faina fluvial", um fresco mudo, a preto e branco, sobre a relação do Porto com o rio Douro.

Esse filme foi feito com uma câmara de filmar oferecida pelo pai e com a ajuda do amigo e fotógrafo António Mendes.

A estreia desse filme aconteceu a 19 de setembro de 1931, no mesmo dia em que morreu Aurélio da Paz dos Reis, considerado o pai do cinema português.

"A própria vida não tem nada de original"

Agora, que Manoel de Oliveira tem 102 anos e que o cinema já é também em 3D, "Douro, faina fluvial" voltou pela primeira às salas comerciais restaurado e remasterizado a acompanhar a exibição de um dos mais conhecidos filmes dele, "Aniki Bobó" (1942).

Aos 102 anos, o passado teima em estar presente quando se fala de Manoel de Oliveira, mas o realizador defende que "a própria vida não tem nada de original".

"Foi o viver que me ajudou a fazer cinema e não o contrário", resumiu.




fonte: Expresso

Sites portugueses apoiam WikiLeaks


O WikiLeaks fez um apelo mundial à criação de sites espelho para ajudar a divulgar a informação que detém. Pelo menos dois sites portugueses já aderiram à causa

O pioneiro foi Rui Cruz que afirma ser «o primeiro a alojar o Wikileaks no meu domínio .pt».

O administrador do primeiro site português a alojar o projecto criado por Julian Assange justifica o seu apoio numa mensagem publicada no seu site pessoal, onde sublinha que «fi-lo porque acredito na força da expressão na Internet. Fi-lo porque acho que a Internet é livre. Fi-lo porque sou convicto do que me rodeia e acredito que a Wikileaks é uma fonte que deve ser preservada livre a todo o custo, pelo bem do jornalismo, da liberdade de imprensa, e dos new media».

No mesmo texto Rui Cruz critica a posição da Fundação para a Computação Científica Nacional, responsável pela gestão dos domínios .pt, por ter «removido indevidamente» o domínio wikileaks.org.pt.

Além do site de Rui Cruz (http://www.tugaleaks.com/) há também pelo menos mais uma página portuguesa que resolveu ser espelho do WikiLeaks: http://wikileaks.partidopiratapt.eu/, aparentemente pertencente ao Partido Pirata Português.

fonte: Sol

Servidores do WikiLeaks estão guardados em antigo abrigo nuclear


Os servidores usados pelo site WikiLeaks estão em Estocolmo, na Suécia, num antigo abrigo nuclear escavado numa montanha da capital sueca

A WikiLeaks guarda os ficheiros secretos da sua organização num antigo abrigo nuclear do tempo da Guerra Fria, situado a mais de 30 metros de profundidade, sob o Vita Berg Park, em Estocolmo. O abrigo pertence a uma empresa sueca de serviços na Internet, a Bahnhof, e alberga cerca de 8 mil servidores de várias empresas. O site WikiLeaks tem apenas dois servidores.

Segundo a BBC Brasil, Jon Karlung, fundador da Banhof, afirma que o WikiLeaks pode ter escolhido a sua empresa pelo histórico de transparência e liberdade de expressão da Suécia, mas deixa claro que o site tem um contrato normal e é tratado como os outros clientes.

Acompanhe a visita guiada por Jon Karlung, CEO da Bahnof


fonte: DN

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Faça um passeio virtual pelo bunker que abriga o WikiLeaks

Com exclusividade, VEJA mostra - através de fotos em 360º - como é o local de trabalho do site que divulga os documentos sigilosos da diplomacia americana

O bunker sueco foi escavado numa montanha e possui uma só entrada, protegida por uma porta metálica - que tem meio metro de espessura

Parece o cenário de um filme de James Bond - e, pelo que se ouviu sobre o WikiLeaks nas últimas semanas, isso não é coincidência. O site que provocou um terremoto nas relações internacionais ao revelar milhares de documentos sigilosos da diplomacia americana está abrigado num bunker construído nos tempos da Guerra Fria. Tudo para proteger os arquivos de conteúdo explosivo obtidos pela equipe do polêmico Julian Assange. Nas imagens abaixo - que o site de VEJA revela com exclusividade - é possível fazer um passeio virtual pelo local onde estão os servidores do WikiLeaks (na primeira foto) e pela sala onde os responsáveis pelo site trabalham (a foto seguinte). O bunker, capaz de resistir até a um ataque com bomba nuclear, fica 30 metros abaixo da cidade de Estocolmo, na Suécia. Foi escavado numa montanha e possui uma só entrada, protegida por uma porta metálica de meio metro de espessura. Pertencente a uma empresa chamada Bahnhof, o bunker tem geradores de energia retirados de antigos submarinos alemães. A seguir, as fotos em 360º do esconderijo:

O salão que abriga os servidores


O local de trabalho da equipe do site


fonte: Veja

Fundador do Wikileaks detido pela polícia britânica


O fundador do site Wikileaks Julian Assange, foi detido esta manhã no Reino Unido, no âmbito de uma investigação da polícia sueca. Assange entregou-se voluntariamente e será presente em tribunal às 14.00 horas.

O jornal britânico "The Guardian" noticiou que o Assange foi detido esta manhã, no Reino Unido, às 09.30 horas, na sequência de um mandado de captura da polícia sueca, e deverá ser ainda hoje ouvido em tribunal. A polícia metropolitana de Londres disse ao jornal que Assange se entregou voluntariamente. O fundador do site Wikileaks será presente hoje ao tribunal de magistrados de Westminster pelas 14.00 horas.

Assange encontrava-se no Reino Unido, mas num local desconhecido, desde que o Wikileaks começou a divulgar centenas de telegramas diplomáticos dos Estados Unidos na semana passada. O australiano de 39 anos, é acusado de violação e agressão sexual num caso e de agressão sexual e coerção noutro, de acordo com a polícia sueca.

O fundador do Wikileaks negou as acusações, que o seu advogado afirmou derivarem de um "conflito relativo a sexo consentido mas desprotegido". O advogado acrescentou que as duas mulheres só apresentaram as queixas depois de tomarem conhecimento das relações que ambas mantiveram com Assange.

fonte: DN

Revelada lista de locais estratégicos para os EUA


A WikiLeaks divulgou hoje uma lista secreta de infraestruturas em todo o mundo cuja perda ou ataques perpetrados por terroristas podem ter um "impacto crítico" na segurança dos Estados Unidos.

O Departamento de Estado tinha solicitado em 2009 às missões americanas no mundo para identificarem locais e recursos no planeta cuja perda poderiam colocar em causa a saúde, segurança económica e/ou segurança nacional dos Estados Unidos.

A lista contém infraestruturas como cabos submarinos, centros chave de comunicação, portos, recursos minerais e empresas estratégicas de países como a Áustria e a Nova Zelândia.

Alguns locais recebem uma qualificação especial na lista, como os oleodutos de Nadym, no oeste da Sibéria, descrito como "a instalação de gás mais importante do mundo". O local é um importante ponto de trânsito do gás russo exportado para a Europa Ocidental.

fonte: DN

domingo, 5 de dezembro de 2010

O homem que viveu depressa de mais


Na Gulbenkian, em 26 de Abril de 1976

Quem foi Francisco Sá Carneiro? Trinta anos após Camarate, há muitas perguntas por responder. Foi um dos fundadores do regime e emancipou a direita. Desafiou as convenções do país e obrigou-o a aceitar a sua paixão por Snu Abecassis. Tinha pressa e morreu novo. Deixou-nos a tarefa de escrever o seu futuro.

Passava das nove da noite, mas havia uma grande agitação nos corredores da estação de metropolitano do Rossio, em Lisboa. Naquela quinta-feira, 4 de Dezembro de 1980, a Praça D. Pedro IV acolhia o comício de encerramento da campanha para a reeleição do Presidente, o general Ramalho Eanes. Mas se os corredores do metro estavam agitados, a praça estava estranhamente calma e as pessoas a saírem. O comício fora cancelado devido à morte do primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, e da sua companheira, Snu Abecassis, do ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa e da sua mulher, do chefe de gabinete do primeiro-ministro, António Patrício Gouveia, e dos dois tripulantes do Cessna que caíra em Camarate às 20h17. O silêncio e a estupefacção que se sentiam na praça adquiria outros contornos à medida que nos afastávamos do local do comício. O sinal de luto e de respeito que significara o cancelamento do comício não era necessariamente correspondido pelas bases; desse lado da rua, também se viam sinais de regozijo pelo desaparecimento de um homem que partia o país ao meio, um homem ao mesmo tempo amado e odiado, Francisco Sá Carneiro.

Cerca de uma hora mais tarde, em Caxias, nos arredores de Lisboa, este repórter, então estudante universitário, deparava com o lado enlutado da rua portuguesa. Na esplanada do café, às escuras, todos seguiam em absoluto silêncio as notícias na rádio, que ouviam através de duas colunas de uma alta-fidelidade que alguém trouxera de casa. Era impossível exprimir a perda irreparável, inesperada e, no limite, impossível de aceitar para os apoiantes da Aliança Democrática (AD), a coligação entre o PSD, o CDS e o PPM que semanas antes havia renovado a maioria absoluta que já tinham conseguido em 1979.

Francisco Sá Carneiro desaparecia de cena aos 46 anos na misteriosa queda de uma avioneta em Camarate, que a última de oito comissões parlamentares de inquérito classificou em 2004 como atentado. Mas nessa noite de 4 de Dezembro de 1980, a direita portuguesa sofrera algo incomensuravelmente pior do que qualquer derrota eleitoral. Perdera o líder que a emancipara e lhe dera "direito de cidade" no regime saído do 25 de Abril. Trinta anos depois, é isso que sublinha Vasco Pulido Valente, secretário de Estado da Cultura de Sá Carneiro na AD e um dos seus mais próximos conselheiros políticos.

"Francisco Sá Carneiro deu um grande passo para a democratização do regime. Fez uma coisa que foi decisiva depois do 25 de Abril. Levou a direita legalmente para o poder. Deu o direito à direita para governar. A direita foi eleita democraticamente e governou o país serenamente e democraticamente, sem qualquer tipo de perseguições", diz ao P2. "[Sá Carneiro] não chegou a ser derrotado, morreu apenas. Derrotados foram os sobreviventes. Ele ficou uma perpétua possibilidade que nada alterou ou jamais poderá alterar", escreveu Pulido Valente sobre Sá Carneiro, há duas décadas, no PÚBLICO, descrevendo de forma precisa as condições que o transformaram num mito. Nada mudou desde então na visão que tem do advogado do Porto que aceitou ser deputado da Ala Liberal (1969-1973) no consulado de Marcello Caetano, fundou o então Partido Popular Democrático 11 dias após o 25 de Abril (a 6 de Maio) e foi o primeiro político português a governar com uma maioria absoluta. É um dos fundadores do regime democrático.

"Ele faz falta"

"Houve duas pessoas excepcionais na política portuguesa - ele e Mário Soares. Tinham os dois um toque mágico. Sá Carneiro tinha a capacidade de ver realisticamente o estado em que está a sociedade que ele se propõe governar, de apreciar realisticamente os meios possíveis para agir sobre ela", diz o historiador.

Francisco Pinto Balsemão acompanhou todos os passos decisivos da vida política de Sá Carneiro e sucedeu-lhe como primeiro-ministro a seguir à tragédia de Camarate e à reeleição de Ramalho Eanes como Presidente. Liderou a AD durante três anos e negociou a revisão constitucional de 1982 que extinguiu o Conselho da Revolução, reduziu os poderes do Presidente e pôs fim à tutela militar do regime - o Conselho tinha poder de veto sobre todas as políticas governamentais. Eram as principais mudanças pelas quais Sá Carneiro tinha lutado e em nome das quais tinha garantido que não continuaria na chefia do Governo, se o candidato da AD a Belém, o general Soares Carneiro, perdesse as eleições de 7 de Dezembro, como veio a acontecer. "Eu tinha combinado que sairia com ele, mas depois não tive alternativa se não ficar", diz ao P2, numa conversa por telefone. Balsemão aceitou o papel difícil de suceder a Sá Carneiro e teve um mandato controverso à frente do Governo da AD. Era afinal de contas o último acto de uma relação política iniciada na primavera marcellista, quando os deputados da Ala Liberal acreditaram ser possível mudar o Estado Novo por dentro.

"Conhecemo-nos na Assembleia Nacional. Ficámos sentados ao lado um do outro, éramos companheiros de carteira, porque os deputados sentavam-se por ordem alfabética." Noutra primavera, a de 1974, o programa do PPD seria escrito, num clima de grande euforia, na casa de Balsemão, na Quinta da Marinha. Nessa altura, recorda o militante número 1 do PSD, Sá Carneiro era uma pessoa menos reservada do que nos primeiros anos de Lisboa. Mas os principais traços da sua personalidade permaneceriam os mesmos.

"Era um individualista no sentido em que se achava que devia fazer as coisas, fazia-as, não perguntava a ninguém. No tempo da Assembleia Nacional, aparecia com os projectos todos feitos. Depois, claro, aceitava que se fizessem correcções, não era um ditador", recorda Pinto Balsemão.

"Ele ia para a frente e quem quisesse que o acompanhasse. E isto está muito ligado à sua capacidade de antevisão. Ele via para além do trimestre, projectava-se no futuro dos cenários que estudava e procurava alcançar", afirma. E conclui: "Era uma pessoa com uma enorme coragem moral e física, não tinha medo das consequências das suas opções. Ele faz falta."

E se não tivesse morrido?

O mito de Sá Carneiro não é apenas a consequência de uma morte trágica e da forma frontal como fazia política, preferindo a ruptura, mesmo sendo capaz de consensos, como qualquer outro político. "Era um homem beligerante, apreciava a luta política e tinha uma intuição notável, via rapidamente as contradições a acreditava pouco nas possibilidades de uma via conciliatória. Nisso era a antítese de Mário Soares, que também rompia, mas dava sempre a ideia de ser favorável à conciliação", lembra Rui Machete, militante desde os primeiros tempos do partido e que acompanhou muito de perto Sá Carneiro durante vários anos, até romper com o PSD na altura das Opções Inadiáveis, ao lado de Sousa Franco.

Trinta anos depois, há muitas perguntas sobre Sá Carneiro que continuam à espera de resposta. É como se as suspeitas em torno da sua morte tivessem ofuscado as contradições de uma personalidade enigmática. O que movia Sá Carneiro? O que o levou a trocar a vida confortável de advogado bem sucedido no Porto pelo combate político em Lisboa? O que explicava essa ansiedade permanente, essa pressa, essa necessidade de desafiar o perigo? Como é que um político que se assumira como social-democrata e que queria disputar a Soares os favores da social-democracia europeia se torna o capitão da direita em ruptura com os militares e com o regime? Qual era a sua verdadeira identidade ideológica? Porque é que nunca houve um entendimento político entre ele e Soares? Como é que o líder de um partido conservador, casado, cuja formação cívica começou em grupos católicos assume uma paixão amorosa que levou até às últimas consequências? Há várias respostas para estas e outras perguntas e todas concorrem para tentar explicar o seu carisma, a sua singularidade e a sua complexidade. Mas o enigma de Sá Carneiro continua a desafiar respostas únicas e, em última análise, é esse o factor que alimenta o mito. E que permite que ainda hoje nos interroguemos sobre que país teria existido se Sá Carneiro não tivesse morrido e o que realmente sobra do seu legado na política de hoje - uma ideia que o colunista do PÚBLICO, Pedro Lomba, sintetizou, em Novembro, no lançamento da biografia do político social-democrata por Maria João Avillez, Francisco Sá Carneiro, Solidão e Poder, quando disse que "o contraste com a classe política deste tempo não poderia ser mais ostensivo".

A imagem do homem impaciente e apressado era captada dentro e fora dos meios políticos. Pedro Passos Coelho, o actual líder do PSD, tinha 16 anos, quando aconteceu Camarate. O Sá Carneiro que ele via da rua era "um homem extremamente afirmativo, que vivia muito intensamente a relação com a política, que parecia ter muita pressa, de algum modo impaciente. Não era um grande orador, mas era cortante no que dizia e ia rapidamente ao assunto e fazia da confrontação directa, até agressiva, um dos traços mais marcantes da sua comunicação política", diz ao P2. O eurodeputado Paulo Rangel ainda era mais novo nessa altura - tinha 12 anos a 4 de Dezembro de 1980. "Cresci no seio de uma família que, politicamente, depois do 25 de Abril, se definiu desde o início como sá-carneirista. Não éramos pê-pê-dês, éramos sá-carneiristas, o que explica que, em cada ruptura ou cisão, ficássemos sempre do lado dele. Sá Carneiro não era apenas um líder admirado, era um líder amado", refere Rangel, em declarações por correio electrónico.

O lado aristocrático

Quem acompanhou um líder que muitos consideravam inconstante, destaca, pelo contrário, a sua fiabilidade. José Medeiros Ferreira fora ministro dos Negócios Estrangeiros no primeiro Governo do PS, em 1976-77, mas esteve com Sá Carneiro em 1979, quando o movimento dos reformadores - onde estavam também António Barreto e Francisco Sousa Tavares - foi uma espécie de "ala esquerda" da AD.

"Sá Carneiro não queria ficar prisioneiro da direita", diz o historiador. "Sendo emotivo, tinha métier político, uma coisa mais rara do que se pensa. O que ficava estabelecido era executado, era uma personalidade fiável." Carismático? "Não há carismáticos à partida e é o poder que faz isso, mas ele foi-o. Achava-o voluntarioso e determinado." Como Pulido Valente, compara-o a Soares, mas noutros termos: "O melhor animal político do regime é Soares; depois, em segundo lugar, Sá Carneiro, mas não era a mesma coisa. Havia um lado importante - as coisas eram mais transparentes, ele não dissimulava. A arte da dissimulação é uma arte católica portuguesa. Os grandes talentos políticos portugueses são dissimulados e Sá Carneiro não era dissimulado."

Talento e confiança são as palavras que Vasco Pulido Valente escolhe para resumir uma relação política muito próxima com Sá Carneiro. "Tinha uma grande confiança nele. Era muito educado; tinha lido muito, sobre arte, sobre história, sobre arqueologia, sabia imenso sobre arqueologia e da sua profissão, era um bom advogado. Era uma pessoa segura de si própria. Tinha um grande talento político. E não era uma pessoa fechada, pelo contrário."Rui Machete encontrava-lhe um lado aristocrático: "Apreciava as boas coisas da vida, um bom vinho, uma boa comida, uma boa conversa. Era muito aristocrata na sua maneira de ser e de viver." Para o antigo ministro da Justiça do Bloco Central, Sá Carneiro "não era um conservador típico. Vive rapidamente, urgentemente, impacientemente".

Esse sentimento de urgência, essa premonição de que iria morrer cedo são descritos por Maria João Avillez na sua biografia de Sá Carneiro - que a autora relaciona com o acidente de viação que sofre em 1973 e com a doença que o obriga a sair do país em 1975. Rui Machete testemunhou este sentimento numa conversa que teve com Sá Carneiro. "Ele disse-me um dia isto: "Você não tem a experiência do que eu vivi. Eu estive praticamente do lado de lá e agora cada dia que passa é um dia que eu vivo com prazer, que eu tenho de apreciar, porque é uma oportunidade." E isso dá-lhe uma sensação de urgência."

Contra a maré

Há três momentos-chave na vida política de Francisco Sá Carneiro. O ponto comum a todos eles é terem sido interrompidos antes de chegarem ao fim. Primeiro são os três anos como deputado à Assembleia Nacional. Sai quando compreende que a mutação do regime é impossível. Em 1974, age com tremenda rapidez e monta o então PPD num ápice. Torna-se o principal apoio do primeiro chefe do Governo do pós-25 de Abril, Adelino da Palma Carlos. Mas demite-se com o primeiro-ministro e o Governo cai, sem poder para impor a eleição presidencial de Spínola nesse mesmo ano, numa tentativa de inverter o calendário estabelecido pelo MFA. O terceiro é a efémera maioria absoluta da AD. Pelo meio, há um período de desânimo e afastamento, entre 1974 e 1975 e um combate dentro do PSD. Em cada um desses três momentos, Sá Carneiro lutou contra a maré. Em 1979, mesmo depois de ter alcançado a maioria absoluta, tinha pela frente um obstáculo que não teria conseguido superar e que condicionava todo o seu projecto político: a reeleição de Ramalho Eanes e, com ela, a continuidade no poder dos militares.

Depois de 1974, o seu grande rival político era Mário Soares, com quem partilhou as profundas reservas quanto ao papel dos militares e que não acompanhou o PS no apoio a Eanes nas presidenciais de 1980. O entendimento entre ambos esteve mais do que uma vez na mesa, mas nunca se concretizou. "Sá Carneiro teria sempre dado prioridade ao PS para fazer um governo de maioria", relembra Pinto Balsemão. Mas os militares e Eanes eram a nemésis do líder social-democrata.

"O verdadeiro gargalo político [da AD] foi esse", afirma Vasco Pulido Valente. "Eu não achei até certa altura impossível que Eanes e Sá Carneiro se entendessem para tirar os militares do poder. Quando ganhámos em 1979, opus-me ao confronto imediato com ele." Para o historiador, "Eanes é um conservador, mas é um militar. Não se deixam soldados mortos no campo de batalha. No fundo, queria proteger os amigos e que não houvesse represálias. Queria tirar o exército da política, mas não sabia como o fazer".

Eanes não gostava de Sá Carneiro. Num depoimento ao Expresso, publicado há uma semana, classificava-o de "tacticista". Disse ainda ter temido pela sua vitória eleitoral, quando soube da queda da avioneta. Mas foi o contrário que aconteceu, apesar da tentativa de transformar o funeral de Sá Carneiro, na véspera da eleição, num acontecimento mediático para manter vivas as chances do general Soares Carneiro - que, segundo Vasco Pulido Valente, era uma excelente pessoa mas tinha "o encanto político de uma lista telefónica". Sem Sá Carneiro, desaparecia o núcleo que mantinha coesa a AD."Aquilo não era uma coligação. Era a autoridade do Sá Carneiro a cem por cento, o Diogo Freitas do Amaral acabou por ser um discípulo. Era um grande organizador e pôs aquele Governo a funcionar", lembra Pulido Valente. "Sá Carneiro era o cimento e a locomotiva da AD", diz Pinto Balsemão.

Medeiros Ferreira esteve com a AD até às legislativas de 1980, mas apoiava Eanes, que acompanhará depois no partido eanista, o PRD, em 1985. E tem outra perspectiva sobre o conflito entre Sá Carneiro e os militares. "Ele sabia que a AD ia ter a vida negra com o Eanes, a não ser que ele fizesse uma negociação. E não se entendeu com Eanes até 1980, porque pensou que o podia derrotar", afirma o historiador, para quem não é claro que o líder da AD viesse a deixar o poder a seguir às presidenciais. "Sá Carneiro usou a questão da disputa entre o poder civil e o poder militar para ser eleito; não sei se iria manter essa disputa depois. Admito que como ia haver uma revisão constitucional em 1982 isso poderia ser negociado."

"Ele atira à cabeça da figura social mais odiada pela direita nessa altura, que é a instituição militar que fez a revolução. Com ele, teria havido uma transição democrática, civil. Fica muito irritado com o incidente do 25 de Abril, o cálculo dele era outro, estava à espera de uma solução mais à espanhola", prossegue Medeiros Ferreira. "Ele desconfiava muito dos militares, desde o princípio. Ele corporiza muito uma ideia de restabelecimento de uma vida política normal, democrática, um não rompimento bruto em relação ao Ultramar", diz Rui Machete.

Machete lembra a entrevista que Sá Carneiro fez para o Expresso em 1975 - que acabaria por não ser publicada pelo semanário, uma vez que Sá Carneiro, então a viver em Espanha, escrevera as perguntas e as respostas, como recorda Miguel Pinheiro na biografia Sá Carneiro - na qual ataca os militares moderados do grupo dos Nove. Afastado de Portugal, ele parecia não compreender a relevância do grupo de Melo Antunes, Vasco Lourenço e Vítor Alves para conter a esquerda radical dentro do exército. Para Medeiros Ferreira, a razão desse ataque - que depois seria amenizado - era outra: "O grupo dos Nove, pela sua moderação, era um concorrente directo de Soares e de Sá Carneiro, por muito que se aliassem circunstancialmente contra o gonçalvismo. Tanto Soares como Sá Carneiro viam com maus olhos a perpetuação do poder militar, mesmo que fosse moderado. Ou sobretudo se fosse moderado, porque era concorrente." Os dois temiam que o regime evoluísse para um socialismo militar terceiro-mundista e partilhavam um europeísmo convicto e o mesmo modelo de democracia parlamentar.

O ano da descrença

O Sá Carneiro que passa grande parte do ano de 1975 em San Pedro de Alcantara, no Sul de Espanha, está a sair de um período de depressão e de descrença em relação ao futuro do país. Está longe de Portugal durante grande parte do ano de 1975. São Rui Machete e a mulher quem o convencem a vir votar nas eleições para a Assembleia Constituinte, em 1974, quando Sá Carneiro estava em Londres. "A minha mulher transmitiu-lhe o que eram as expectativas das pessoas que acreditavam nele e que ele iria defraudar. Disse-lhe que ele era cobarde, coisa que ele não era, fisicamente até exagerava um pouco."

É um Sá Carneiro abatido que encontram, o oposto da imagem do líder combativo. "Essa depressão foi muito motivada pela doença e ele estava sob grande influência do seu irmão Ricardo, que na altura achava que o país estava perdido e que a sobrevivência em termos de liberdade passava por reconstruir a vida no Brasil. Ele estava muito inclinado a isso." Sá Carneiro fica em casa de Rui Machete, quando vem votar nas eleições de 1975, onde recebe a visita dos pais: "Há uma reconciliação e nota-se muito, particularmente a mãe, que era uma pessoa muito conservadora. Tinha uma relação difícil com o pai, por motivos profissionais. O membro da família com quem ele se dava mais intensamente era o Ricardo. A sensação que tive é que naquela conversa deve ter havido muita influência do seu meio do Porto, da sua vida anterior, porque ele vivia uma vida completamente diferente."

Pressa de viver

Em Janeiro do ano seguinte, dá-se o acontecimento que vai mudar a vida afectiva de Sá Carneiro: conhece Snu Abecassis e, como descrevem as duas biografias do político, é o coup de foudre: uma paixão que o ligará até ao fim à editora dinamarquesa, que vivia em Lisboa desde 1962 e lançara as Publicações D. Quixote em 1965. Relação que ele assumirá com uma frontalidade total, independentemente dos custos políticos que pudesse vir a pagar.

O homem que tem pressa é um homem em mudança. Encontra em Snu a tranquilidade e um universo cosmopolita que o seduz. Continua a ter pressa de viver cada dia.

"A doença fê-lo mudar de mentalidade. Ele era uma pessoa muito radical", recorda Francisco Pinto Balsemão. "A Snu fê-lo mudar para melhor, ele mudou através dela. Evoluiu, abriu-se mais para a vida, estava melhor com ele próprio." O que o leva a assumir a ruptura, agora no plano familiar? "Pela mesma razão de sempre, se achava que o devia fazer, ia em frente", responde Balsemão.

Lisboa mudou o advogado da Foz que crescera a passar férias na Granja e construíra uma quinta em Barcelos? Vasco Pulido Valente diz que não: "Ele seguiu sempre as suas raízes até às últimas consequências." Rui Machete acha que Sá Carneiro "foi sempre marcado por um certo provincianismo nalguns aspectos de que nunca conseguiu libertar-se. E Snu Abecassis ajudou-o muito". Mas para o advogado e antigo presidente da FLAD, há duas outras mulheres incontornáveis na história de Sá Carneiro na capital: Conceição Monteiro, a secretária e o apoio de todos os momentos, e a poetisa Natália Correia. Foi Natália quem, num almoço no restaurante Tavares, falou a Sá Carneiro da "princesa nórdica" que estava à espera de um príncipe, que era ele. Era no Botequim, o bar de Natália na Graça, que Sá Carneiro se envolvia de outra forma na vida nocturna de Lisboa. "A Natália Correia foi uma espécie de deus ex-machina, há algum deslumbramento dele que resulta de algumas sessões nocturnas em que se discutiam política, literatura, porque isso era uma novidade que contrastava muito com a experiência anterior. Ela e a Conceição sentiam que ele precisava de respirar de uma maneira mais aberta." E acrescenta: "[Sá Carneiro] É um personagem trágico, as pessoas que o rodeiam têm alguns aspectos shakespeareanos."

Snu acompanhou-o até ao fim, até ao voo fatídico. Quantas vezes vamos ouvir perguntar ainda: o que teria acontecido, se eles tivessem seguido para o Porto, para o comício final da campanha de Soares Carneiro, no avião da TAP? Muitas vezes antes ele escolhera voar, mesmo quando as condições de segurança não estavam garantidas, tal como guiava sempre demasiado depressa. Duas convicções prevalecem até hoje - acidente ou atentado contra Amaro da Costa. O processo poderá ser reaberto em sede parlamentar, segundo admitiu esta semana Passos Coelho, no lançamento do livro Camarate Um Caso em Aberto, de Freitas do Amaral. Nada disso acrescenta o que quer que seja às duas perguntas que sobraram para o futuro: o que teria ele feito depois da derrota de Soares Carneiro e o que resta hoje da marca que deixou no país e, sobretudo, no partido.O último combate

Depois de conquistar a segunda maioria absoluta da AD, Sá Carneiro parte para o seu último combate com uma estratégia de tudo ou nada: ou o seu candidato vence as presidenciais, ou ele deixa o poder. Estratégia de alto risco? Vasco Pulido Valente diz que não. "Não era uma aposta de risco, era uma aposta muito prudente. Imagine o Sá Carneiro continuar a primeiro-ministro, o que lhe aconteceria a seguir? Tinha tudo tapado, sem possibilidade de reformar o Estado e à mercê do veto político do Conselho da Revolução que o podia pôr na rua por uma ninharia qualquer que o humilhasse." Ao mesmo tempo, a estratégia do tudo ou nada era um beco sem saída: "Quando chega ao fim do jogo, não pode dizer ganhámos, mas agora não podemos continuar a jogar com este presidente do clube."

Depois das presidenciais "ele saía e ficava com o prestígio e o poder; e mais adiante voltaria", diz o então estratego da AD. Faria um partido novo, continuaria no PSD, conseguiria antecipar a liberalização política e económica do regime pela qual se bateu e que só ficou concluída na revisão constitucional de 1989? O historiador Rui Ramos tenta esse exercício, num ensaio na última edição da revista do Expresso, antecipando uma radicalização que teria posto em causa o Bloco Central. Os exercícios de adivinhação valem o que valem; mas, em qualquer cenário, teria sido plausível vê-lo candidatar-se às presidenciais de 1986, que Freitas do Amaral disputou. Essa campanha foi a última expressão do espírito da AD de Sá Carneiro.

E o que sobra de Sá Carneiro no PSD de hoje? Cavaco, o ministro das Finanças de Sá Carneiro, teria sido o primeiro-ministro Cavaco Silva, se Sá Carneiro fosse vivo? Cavaco destruiu o partido de Sá Carneiro, como defende José Miguel Júdice? Pinto Balsemão acha que não é possível comparar épocas distintas: "É outra fase, a história não se repete." Pedro Passos Coelho diz que o partido "tornou-se mais institucional, quando o PSD de Sá Carneiro era quase o partido da contra-revolução, do 25 de Novembro que lutou por desfazer todos os excessos que vinham do Verão de 1975 e que eram um tabu nessa altura. Isso deu a Sá Carneiro um cunho iconoclasta que hoje não está presente no PSD".

Hoje ainda há quem diga ao líder do partido o que Sá Carneiro teria feito numa dada situação, mas é uma memória menos presente. "Isso sobrevive nas pessoas mais antigas, mas hoje alguém até aos 40 anos não tem qualquer memória vivida dele", diz Passos Coelho. Paulo Rangel considera que a marca do líder carismático sobrevive "no carácter quase sebastiânico da expectativa das bases em face das lideranças. Esse lado carismático - muito potenciado pela lógica da ruptura e da clarificação - também ajuda a explicar a vertente conflitual, consumidora e por vezes autofágica do partido".

Em 30 anos, os tempos, as circunstâncias, as ideias mudaram. Demasiado depressa, mesmo para um líder que viveu demasiado depressa. "A referência ao Sá Carneiro é hoje muito mais ritual e de bom-tom do que verdadeiramente vivida, pelo menos pela maioria", diz Rui Machete.

O que sobra de Sá Carneiro, 30 anos depois de Camarate? A um outsider a palavra final. "Os tempos difíceis fazem os grandes líderes", responde Medeiros Ferreira.Estamos a viver tempos difíceis?

fonte: Público

Veja aqui os telegramas publicados por The Guardian

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