quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A primeira provocação do futuro líder norte-coreano


A região onde se verificou ontem o mais recente confronto entre as duas Coreias é palco, desde os anos 90, de vários incidentes. Pyongyang não reconhece a soberania da Coreia do Sul sobre aquela área. O anterior incidente verificou-se em Março, quando uma fragata de Seul foi afundada por um torpedo norte-coreano. Analistas estimam que o sucedido se integra na estratégia de consolidação do poder de Kim Jong-un, sucessor do actual líder.

Aviões de combate sul-coreanos sobrevoavam ontem a ilha de Yeonpyeong, alvo de uma barragem de artilharia da Coreia do Norte que causou dois mortos militares e 18 feridos entre militares e civis, enquanto se elevavam colunas de fumo desta ilha do Mar Amarelo, na posse da Coreia do Sul e reivindicada pelo regime norte-coreano.

Os cerca de 1500 habitantes foram levados para abrigos e algumas dezenas deixaram a ilha horas mais tarde.

Foi accionado o alerta máximo e o Presidente Lee Myung-bak reuniu as chefias militares e conferenciou com Barack Obama, cujo país é aliado de Seul em matéria de defesa. O Pentágono excluiu acções de retaliação àquela que é a primeira provocação da Coreia do Norte após a designação de Kim Jong-un como sucessor do líder do regime de Pyongyang, Kim Jong-il.

Com parte importante do poder do líder relacionada com a sua capacidade de, através de provocações levadas ao limite, obter concessões de Seul, Washington e Tóquio, o ritual destes acontecimentos terá de ser testado várias vezes para consolidar o poder por Jong-un, consideram analistas sul-coreanos. Especialistas chineses defendem, por outro lado, que a criação dos incidentes cumpre também uma função interna: a mobilização de militares e civis, criando uma atmosfera de "Estado cercado".

A Coreia do Norte acusou as forças sul-coreanas de terem dado os primeiros tiros.Na habitual retórica apocalíptica de Pyongyang, a agência oficial apresentou a actuação das forças armadas norte-coreanas como "a tradicional resposta do nosso exército que responde como raio impiedoso às provocações".

O incidente originou reacções preocupadas na generalidade dos países asiáticos e comentários apaziguadores da China, principal aliada do regime de Pyongyang.

O ataque de ontem surge num momento em que se soube ter um cientista americano, Siegfried Hecker, visitado novas instalações de enriquecimento de urânio no complexo nuclear norte-coreano de Yongbyon, notícia que coincidiu com o início da deslocação de um enviado especial dos EUA, Stephen Bosworth, para analisar a possibilidade de serem reatadas as negociações sobre o programa nuclear de Pyongyang. Envolvendo EUA, Japão, China, Rússia e as duas Coreias, este processo é conhecido como as negociações a seis, e foi interrompido pelos norte-coreanos em Abril de 2009.

Mas, condição essencial para reatar as negociações, como Bosworth referiu ontem é a cessação prévia de todos os "programas activos" da Coreia do Norte assim como este país se comprometer a não realizar novos ensaios nucleares.

fonte: DN

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