sábado, 16 de julho de 2011

Funcionários do Estado ganham mais 500 euros que a média nacional



Na administração directa do Estado, o vencimento médio de um funcionário público é de 1386 euros

O Estado gasta 2,75 mil milhões com 101 426 funcionários por ano

Ter mais ou menos 500 euros todos os meses na conta bancária faz toda a diferença para a maioria das famílias. E 502 euros é a distância entre o ordenado médio de um português no sector privado (884 euros) e na administração pública (1386 euros). Por ano, o Estado paga 1,97 mil milhões de euros com os vencimentos-base de mais de 100 mil funcionários. O valor é o equivalente, por exemplo, àquele que os turistas deixaram em Portugal nos primeiros quatro meses deste ano.

Os encargos anuais com os recursos humanos, contudo, ultrapassam os 2,75 mil milhões de euros. É essa a despesa anual do Estado com salários, subsídios, prémios, abonos ou suplementos - e que equivale, por exemplo, aos lucros que a cadeia IKEA obteve o ano passado com as vendas em todo o mundo ou aos prejuízos que a aviação mundial estima vir a ter este ano com a subida do preço do petróleo.

Estes valores contudo representam apenas metade dos serviços centrais e regionais tutelados pelos 16 ministérios (48%), segundo a orgânica do anterior governo (a do actual só estará pronta daqui a três ou quatro meses). Ao todo, o i cruzou os dados de relatórios de actividades, balanços sociais ou relatórios e contas de 119 entidades. De fora ficaram 129 institutos ou serviços porque essa informação não consta nos seus documentos de gestão ou não foram disponibilizados nos respectivos sites.

Foi portanto com estes dados que o i concluiu que nos organismos que dependem do Ministério da Economia estão os funcionários públicos com mais hipóteses de ganhar melhor. A média salarial dos 2711 trabalhadores ultrapassa os 2300 euros, quase o dobro do vencimento médio dos 24 mil funcionários a trabalhar na dependência da Defesa, onde esse valor é mais o baixo (1103 euros). O Trabalho - com uma média salarial de 2201 euros - e a Educação (2145 euros) estão igualmente no top das médias salariais mais altas.

TOP MAIS. Estes valores até podem ser considerados modestos quando se comparam as médias de ordenados por serviço ou entidade. A ganhar mais estão os 119 funcionários do Instituto do Fundo Social Europeu do Ministério do Trabalho, com uma média salarial de 5638 euros; no outro extremo estão os 1898 trabalhadores do Instituto Nacional de Emergência Médica (Ministério da Saúde), com vencimentos médios ligeiramente superiores ao salário mínimo (479 euros).

BEM PAGO. Os 75 funcionários da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos do Ministério da Economia estão igualmente entre os mais bem pagos, com médias salariais a atingir os 4800 euros. O Instituto Camões (Ministério dos Negócios Estrangeiros), com 665 trabalhadores e ordenados médios de 3652 euros, e ainda a AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, tutelado pela Economia (571 funcionários e salário médio de 2934 euros) encontram-se igualmente nos primeiros lugares deste ranking.

Além do Instituto Nacional de Emergência Médica, os últimos lugares foram ocupados pelo Gabinete de Planeamento Estratégico e Relações Internacionais, sob a alçada das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (48 funcionários e média salarial de 519 euros) e ainda a Direcção-Geral de Pessoal e Recrutamento Militar, tutela da Defesa, onde a média salarial dos 47 trabalhadores atinge os 569 euros.

ALTO E BAIXO. O ordenado mais cobiçado, contudo, está na Entidade Reguladora dos Serviços das Águas e dos Resíduos do Ministério do Ambiente - 6993 euros é o vencimento-base mais elevado entre as 119 entidades analisadas. Está 14 vezes acima do salário mínimo nacional, o valor mais baixo encontrado em 27 serviços da administração directa do Estado.

Resta ainda perceber quais são os ministérios que mais despesas têm com os seus recursos humanos. No topo está a Defesa, que por ano gasta 807 milhões em encargos com o pessoal, seguido dos ministérios da Saúde (646 milhões), do Trabalho (367 milhões) e da Justiça (195 milhões). Entre os mais económicos surgem a Cultura (14 milhões) ou os Negócios Estrangeiros, com despesas anuais de 34 milhões de euros. Em média, um funcionário custa por mês ao Estado 2218 euros em encargos sociais, um valor que sobe para 31 mil euros ao final do ano.

fonte: Jornal i

Sem comentários:

Enviar um comentário

Veja aqui os telegramas publicados por The Guardian

Veja aqui os telegramas publicados por The Guardian
Veja aqui os telegramas publicados por The Guardian