terça-feira, 28 de setembro de 2010

Chávez vai ter de passar a negociar com a oposição



Legislativas mais participadas disseram 'não' ao monopólio presidencial.

A oposição venezuelana conseguiu mais de um terço dos lugares do Parlamento nas legislativas de domingo, o que irá forçar o Presidente a negociar. Igual a si próprio, Hugo Chávez preferiu, porém, sublinhar a sua "vitória sólida" que, garante, possibilitará aprofundar o "socialismo democrático".

"Meus caros compatriotas, este é um grande dia e nós obtivemos uma sólida vitória. Suficiente para continuar a aprofundar o socialismo bolivariano e democrático", afirmou Chávez ao ter conhecimento dos resultados das legislativas. Mas a declaração do Presidente foi feita através da sua pá- gina do Twitter porque as comemorações da vitória, agendadas para junto da sede do Governo e em presença de Chávez, acabaram por não acontecer.

O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), de Hugo Chávez, conseguiu 95 dos 165 lugares do Parlamento, um resultado inferior à fasquia dos 110 deputados que o Presidente tinha colocado a si próprio e à sua força política.

Face a estes resultados, Aristóbulo Istúriz, chefe de campanha do PSUV, assumiu ao diário The Wall Street Journal que tinham como objectivo alcançar dois terços do Parlamento mas "não fomos capazes de o conseguir. Somos, porém, a maioria". Uma maioria que não permite, porém, ao líder da esquerda radical da Venezuela fazer passar sem problemas leis orgânicas, convocar uma Assembleia Constituinte, para além de nomear os responsáveis do Ministério Público, do Supremo Tribunal ou mesmo do Conselho Eleitoral que supervisiona as eleições. Agora, Chávez terá de negociar com a oposição que não conseguiu eliminar - o Presidente dera à campanha o nome de "Operação Demolição" porque, garantia, ia "demolir" os opositores.

Analistas sublinham, porém, que Hugo Chávez pode, por um lado, avançar com importantes alterações legislativas enquanto o novo Parlamento não toma posse (o que só irá acontecer a 5 de Janeiro). Por outro lado, pode - como já fez noutras ocasiões - governar por decreto.

O resultado das legislativas revela, de qualquer modo, que a sorte de Chávez terá entrado em declínio e que se as presidenciais tivessem sido em simultâneo com as legislativas ele teria perdido.

"Somos a maioria, temos 52% dos votos [a nível nacional]", afirmou Ramón Guillermo Aveledo, porta-voz da Mesa de Unidade Democrática (MUD), que agrupa a maioria da oposição.

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a MUD conta com 62 deputados enquanto o Partido Pátria para Todos (PPT), que representa a esquerda "desiludida" com a política de Chávez - que antes apoiava -, elegeu dois deputados. E existem seis lugares por apurar. Ainda segundo o CNE, foram às urnas 66% dos 17,7 milhões de eleitores, uma participação recorde em legislativas venezuelanas, dizem analistas.

"Um novo ciclo começa hoje", disse Carlos Ocariz. O presidente da Câmara de Petare é um dos políticos que voltou as costas a Hugo Chávez cuja sorte, considera, "entrou em declínio".

Entretanto, Fidel Castro considerou que os EUA querem o petróleo da Venezuela e que "os inimigos" do país de Chávez conseguiram os seus propósitos, mesmo com a "vitória" do PSUV nas legislativas, ao conseguir que a oposição entre no Parlamento.

fonte: DN

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