quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Historiador que nega Holocausto visita campos nazis


 O historiador britânico David Irving, condenado em 2006, na Áustria, por ter negado a realidade do Holocausto, anunciou hoje que vai fazer uma visita guiada pelas instalações nazis na Polónia, entre as quais o campo da morte de Treblinka.

Sobreviventes do Holocausto e associações antinazis e antirracistas polacas e britânicas protestaram contra o projecto de Irving e solicitaram às autoridades polacas que proibissem a visita.

"Estou em Varsóvia e não posso discutir o meu itinerário por razões de segurança, como você compreenderá", declarou Irving à France Press, adiantando que tencionava ficar na Polónia até 29 de Setembro.

Numa brochura publicada no seu site na Internet, Focal Point Publications, Irving anuncia uma visita guiada na Polónia aos locais ligados à II Guerra Mundial e ao Holocausto, qualificando o projecto de "viagem inesquecível" e de oportunidade para ver "a verdadeira História".

O programa inclui uma visita ao antigo campo de Treblinka, no Leste polaco, onde mais de 800 mil pessoas foram assassinadas, na sua maior parte judeus.

Uma visita ao "covil do lobo", o bunker do estado maior de Hitler em Ketrzyn, então designado Rastenburg, no Nordeste da Polónia, bem como à base do comandante das SS, Heinrich Himmler, estão igualmente no itinerário, adiantou Irving, intitulando-se "especialista em Adolf Hitler".

Irving recusou dizer o número dos participantes na sua viagem, que custa dois mil euros por pessoa, sem contar com o bilhete de avião, mas adiantou ter tido um excesso de interessados e querer repetir a experiência de dois em dois anos.

"Temos participantes de França, Bélgica, Austrália, Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha", pormenorizou.

Irving disse ainda que não tem a intenção de se deslocar a Auschwitz, campo de morte e extermínio instalado pela Alemanha nazi no Sul da Polónia, uma vez que considera que o local se tornou "demasiado turístico, com demasiados hotéis e carrinhos de cachorros quentes e demasiados objectos falsos".

A direcção do museu de Auschwitz garantiu hoje que Irving não pode fazer visitas guiadas no campo onde morreram 1,1 milhões de pessoas, na sua maioria judeus europeus. Só os guias autorizados pelo museu podem acompanhar os grupos de visitantes, indicaram os seus responsáveis.

David Irving é autor do livro "Hitler's War" (A Guerra de Hitler), de 1977, no qual tenta minimizar as atrocidades nazis e exonerar Adolf Hitler da sua responsabilidade nos campos de morte e extermínio.

Mas rejeita o qualificativo de negacionista: "Se tivessem lido o meu livro, saberiam que não sou um negacionista."

Detido em 2005, na Áustria, foi condenado em Fevereiro de 2006 a três anos de prisão, antes de ser libertado e expulso para o Reino Unido, em Dezembro de 2006.

O Instituto Polaco da Memória Nacional, que investiga os crimes nazis e comunistas, indicou estar a "seguir" os movimentos de Irving e disponível para "iniciar acções judiciais" se este negar publicamente o Holocausto.

Na Polónia, o negacionismo, tal como a propagação do nazismo e do antissemitismo, é passível de uma pena até três anos de prisão.

Os nazis mataram entre 5,47 e 5,67 milhões de cidadãos polacos. Os judeus polacos representam cerca de metade dos seis milhões de judeus que morreram durante o Holocausto.

fonte: DN

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