segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Governo espanhol exige à ETA abandono total da luta armada


 Grupo separatista sugere processo de mediação internacional liderado por quatro galardoados com o Prémio Nobel da Paz

Governo e oposição revelaram ontem uma rara convergência em Espanha ao acolherem com indiferença e cepticismo a proposta da ETA de um cessar-fogo permanente, verificado por instituições internacionais. É clara a intenção do presidente do Executivo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, de não repetir o erro cometido em 2006, quando deu luz verde a um processo de negociações com a ETA que viria a ser tragicamente quebrado pelos terroristas bascos com o atentado desse ano em Barajas, provocando dois mortos.

"Não é altura para fazer comunicados. Nenhum comunicado servirá para nada. Só lhes resta abandonar a actividade armada e render-se", reagiu com dureza uma fonte governamental, ontem citada pela imprensa espanhola, ao anúncio de véspera  - publicado em dois jornais pró-separatistas bascos - em que a ETA se afirma disponível para um "cessar-fogo permanente e completa- mente  verificável" por entidades internacionais.

Essas entidades, segundo adiantou o El País, incluem um grupo de quatro galardoados com o Prémio Nobel da Paz: os sul-africanos Frederik de Klerk e Desmond Tutu e os irlandeses John Hume e Betty Williams.

A ex-presidente irlandesa Mary Robinson, o antigo chefe de gabinete de Tony Blair Jonathan Powell e o ex-secretário-geral da Interpol Raymond Kendall são outros possíveis mediadores. Todos subscreveram em Março a Declaração de Bruxelas, que exigiu um cessar-fogo incondicional à ETA e sugeriu ao Governo espanhol a abertura de canais de diálogo caso o grupo indepentista aceite aquela condição, considerada inegociável. O exemplo a seguir é o do IRA, que há uma década depôs as armas, trocando a violência pelo diálogo com o Governo de Londres sobre a Irlanda do Norte.

O comunicado agora divulgado surge na sequência de um outro, a 3 de Setembro, acolhido com a maior frieza pela classe política espanhola, que não confia nas promessas da ETA. O macabro cortejo de 829 vítimas mortais, às mãos dos terroristas bascos, constitui uma ferida aberta na sociedade espanhola muito difícil de cicatrizar.

Tal como o Governo socialista, também o Partido Popular (PP), principal força da oposição, desvalorizou o anúncio da ETA. "Para nós, esse comunicado não vale nada. O único comunicado que nos interessa será aquele em que decidirem anunciar a dissolução dos bandos armados e o fim imediato das acções terroristas", reagiu ontem o líder do PP, Mariano Rajoy. Na mesma linha pronunciou-se a Associação das Vítimas do Terrorismo, que classificou de "anúncio armadilhado" o texto difundido pelos separatistas.

fonte: DN

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Veja aqui os telegramas publicados por The Guardian

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