sábado, 11 de setembro de 2010

Polícia fecha quarteirão Park Place no dia 11 de Setembro

Quarteirão que era epicentro do debate sobre o Islão em 2001 e que tem agora uma mesquita que vai dar lugar a um Centro Comunitário Islâmico vai ser fechado e policiado no dia em que passam 9 anos da tragédia do World Trade Center.

Park Place, em Nova Iorque

Park Place era apenas uma rua de Nova Iorque entalada entre duas artérias que conduzem ao World Trade Center; na véspera do 11 de Setembro , é o epicentro do debate sobre o Islão nos Estados Unidos.

No sábado, quando passarem nove anos sobre os atentados contra as Torres Gémeas, onde morreram 3.000 pessoas, a polícia irá fechar todo o quarteirão, por causa de um edifício sujo, antigo armazém de casacos, agora uma mesquita que deverá dar lugar a um Centro Comunitário Islâmico que está a dividir o país.

Dois polícias guardam a entrada da mesquita, impotentes quanto a um carro que passa a tarde a dar voltas ao quarteirão, pejado de cartazes coloridos a dizer "América arrepende-te" ou "o Islão não é uma verdadeira religião".

Manifestantes passam de carro na zona

À primeira abordagem o condutor recusa parar, mas volta passados três minutos e mais uma volta, e estende o seu cartão: "Ronald Brock, camiãodaverdadeEUA.com".

E porque é o Islão inaceitável? "Porque não aceitam Jesus como profeta", responde de dentro do carro o homem de boné e barbas brancas. E o profeta deles? "Não é Jesus", diz à Lusa antes de o semáforo abrir, e arrancar para mais uma volta.

"Isto é a América, vê-se de tudo", expira Kamal, segurança da mesquita.

Do lado de fora, passa uma carrinha com vidros escurecidos e a bandeira americana presa no "capot".

Crentes islâmicos passam para rezar

"Já tivemos um a passar aqui com um míssil montado no tejadilho", diz Kamal à Lusa, enquanto recebe com um "salaam aleikum" os crentes que usam o antigo armazém para rezar.

A imprensa pode entrar na sala de orações, mas não filmar ou interpelar os poucos que rezam, num oásis de penumbra e silêncio, constantemente quebrado pelo vozearia e buzinas da rua.

Noutros pontos do país, vários cultos islâmicos foram interrompidos nas últimas semanas por atos de vandalismo.

Um pouco acima na rua, há um muçulmano e a mulher a venderem fruta, e em frente a eles um pequeno ajuntamento de apoiantes da mesquita, dos quais Joshua Wiles, um professor de educação especial de 26 anos, é o mais enérgico.

"Não quero que intimidem [os muçulmanos], quero que fiquem aqui onde compraram o edifício, onde têm o direito de construir, onde a cidade apoiou esse direito", diz à Lusa.

Aproximação da data trouxe o ódio contra americanos muçulmanos

Este ano, afirma, o aproximar do 11 de setembro trouxe um "entristecedor ódio contra os americanos muçulmanos", muito devido às próximas eleições.

Atravessando a rua ao cimo de Park Place, encontra-se numa esquina um solitário manifestante anti-mesquita, segurando de braço erguido uma bandeira americana, que enverga estampada no boné e na t-shirt. Na outra mão segura um cartaz dizendo "Em Deus confiamos".

Thomas conta que, através de um agente reformado do FBI, tomou conhecimento da "agenda secreta" da Irmandade Islâmica: "Converter a América num estado islâmico."

Cita de cor primeira emenda da Constituição, sobre liberdade religiosa. Mas, diz, a lei fundamental proíbe também a apologia da violência e atentar contra o governo, o que está a ser planeado.

"Estou aqui para honrar a América, a Deus, e incentivar as pessoas a voltarem ao Deus dos pais fundadores [dos Estados Unidos], que liam as suas bíblias", afirma.

Khaled vende "Falafel" com vista para o "ground zero", onde ganha forma um novo arranha-céus no lugar que foi das torres gémeas. Há dez anos nos Estados Unidos, este muçulmano diz que nunca assistira a manifestações públicas contra a sua religião.

"A questão da mesquita fez com que muitos mostrassem que não gostam do Islão", diz à Lusa. "É possível que tenham estado a esconder-se".

fonte: Expresso

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