sábado, 21 de agosto de 2010

A militar israelita que afinal odeia os árabes

Depois de terminar o seu serviço militar obrigatório de dois anos, lançou na sua página do Facebook fotografias que tirara junto de prisioneiros palestinianos

Eden Abergil tornou-se, na semana passada, conhecida do grande público de Israel e de todo o mundo. E pelas piores razões. A jovem, que terminou o seu serviço militar obrigatório de dois anos - como acontece com a maioria dos israelitas - no ano passado, lançou na sua página do Facebook fotografias que tirara junto de prisioneiros palestinianos manietados e de olhos vendados. Não para humilhar fosse quem fosse mas apenas para recordar a "melhor época" da sua vida, garante.

Oriunda da cidade portuária de Ashdod, no Sul de Israel, Abergil cumpriu parte do serviço militar na base de Najal Oz, perto da Faixa de Gaza. As fotografias que lançou no Facebook datam de 2008 e mostram, inclusive, documentos e indicações da base militar que, à partida, são ou deveriam ser secretos. Mas a jovem, numa atitude de - dir--se-ia - inconsciente adolescente, que já não é, não se apercebe da enormidade do que então faz.

"Foi tudo uma brincadeira. Não lesei os palestinianos que continuam vivos e bem de saúde. Não tive qualquer intenção de os humilhar e por isso não tenho de pedir desculpa a ninguém", afirmou. Eden Abergil, de 21 anos, reagia assim às críticas que provocaram as suas fotografias - e comentários - no Facebook. A jovem israelita disse ainda que sempre tratara bem os prisioneiros palestinianos, a quem dera "água e comida e com quem falara" mas a quem não perguntou se queriam ser fotografados com ela e numa situação completamente desigual: eles vendados e manietados e ela posando sorridente, numa atitude algo provocatória até. Aliás, quando alguém no Facebook afirma que ela está "muito sexy", a jovem responde com um estranho comentário: "Que dia aquele!" e, referindo-se a um dos prisioneiros, desabafa: "Será que ele tem página no Facebook? Tenho de identificar a sua foto."

Muita gente não gostou da atitude de Abergil. Não gostou o exército israelita, não gostaram os grupos de defesa dos direitos humanos e não gostaram os palestinianos. E a jovem tem agora consciência disso. Ela e a que fez de fotógrafa. "Tens pouco tempo de vida" ou "Foste uma puta e vai pagá-lo muito caro" são algumas das mensagens que Eden Abergil tem recebido desde que foram conhecidas as suas fotografias no Facebook. Muitas outras ameaças terão chegado, entretanto, às duas jovens. Anónimas na sua maior parte e que conseguiram, num primeiro tempo, amedrontar a ex-militar de Ashdod. Mas foi sol de pouca dura, como diz o povo.

Abergil primeiro achou interessante dar publicidade à "melhor época da sua vida" ao colocar as fotografias no Facebook, depois, ao ser objecto da imprensa, garantiu que a sua intenção não era a de humilhar fosse quem fosse; mais tarde, ao ser afastada pelo exército do serviço de reservista, rebela-se e vai ao ponto de afirmar que o exército a desiludiu. O exército, precisamente a instituição que lhe proporcionara a melhor época da sua vida! A não ser que, afinal, a "melhor época" fosse aquela em que a jovem posava com prisioneiros palestinianos… Curioso: a jovem que vive numa cidade portuária, nada parece ter aprendido com a transparência do Mediterrâneo que namora a sua cidade. Abergil não percebe onde, nem como nem porque errou. Apenas sabe e sente que tem de ripostar, assumir-se talvez. Fá-lo mostrando uma face hedionda. Que, afinal, não parece ser só dela.

"Odeio os árabes e desejo para eles o pior. Com imenso prazer os mataria a todos, não hesitaria mesmo em massacrá-los; ninguém pode esquecer as suas acções", foram as últimas declarações de Eden Abergil, ao diário israelita Yediot Aharonot, ao justificar a sua atitude.

fonte: DN

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