terça-feira, 5 de outubro de 2010

Crise económica ensombra comemorações


PS espera que Cavaco Silva renove hoje o apelo a um entendimento para o OE de 2011. PSD diz que isso seria "pressão" a Passos.

A crise económica vai ensombrar a comemoração do centenário da República portuguesa. O Chefe do Estado dificilmente conseguirá hoje fugir à real situação do País. Mas as personalidades políticas divergem quanto ao alcance das palavras que vai dirigir aos portugueses. No PS espera-se um novo apelo ao entendimento entre as duas maiores forças políticas para a aprovação do Orçamento do Estado para 2011. No PSD que fale "a verdade", crua e dura, sobre a real situação nacional.

"Em circunstâncias normais, neste 5 de Outubro, numa celebração tão marcante, o Presidente não falaria da situação económico- -financeira do País", afirma Azevedo Soares, antigo ministro dos Assuntos do Mar de Cavaco Silva. Mas a profunda crise económica vai, diz, obrigá-lo a virar-se para a actualidade. Azevedo Soares só não espera que renove o apelo a um entendimento entre Governo e PSD para a viabilização do OE.

"O País e os partidos já sabem do seu empenho em que haja um Orçamento do Estado aprovado. Se insistir no entendimento, só pode significa que estará a pressionar o PSD, retirando-lhe espaço de manobra quanto à decisão que entender tomar sobre aquela matéria", frisa o também antigo vice- -presidente do PSD.

Azevedo Soares assegura que o capital de "credibilidade" do PR, a que se soma a sua condição de economista, lhe permitirá retomar o "discurso da verdade" e confrontar os portugueses com a dimensão da crise e com a necessidade de a enfrentarem. O seu discurso, admite, será "muito cauteloso", medido ao milímetro, até porque "nunca se esquecerá de que está em vésperas de uma recandidatura".

O socialista Osvaldo de Castro também augura "cautela" nas palavras presidenciais ditas hoje nos Paços do Concelho pela mesmíssima razão. Ainda assim, o deputado espera que Cavaco Silva renove a importância de um entendimento entre os dois maiores partidos para que o País tenha Orçamento no próximo ano. "Se fizer um apelo claro ao sentido de responsabilidade e de Estado, claro que será dirigido ao líder do maior partido da oposição", frisa.

O centrista José Ribeiro e Castro, que até já admitiu a possibilidade de se lançar numa candidatura presidencial, foi conciso sobre o que espera do discurso de Cavaco: "Palavras de esperança, de caminho e de determinação."

Henrique Medina Carreira, antigo ministro das Finanças e ex- -mandatário lisboeta da candidatura presidencial de Cavaco em 2006, mantém a crueza que o caracteriza. "O PR certamente não vai dizer que andamos a gozar um Carnaval tranquilo. Vai com certeza chamar a atenção para o estado miserável do País." O economista lembra que Cavaco foi o primeiro a falar da "situação insustentável" das finanças públicas. "Agora só pode apelar aos partidos para que resolvam a situação", diz.

Numa espécie de prevenção de eventuais danos, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, disse ontem não ser este o tempo de "combate político". PCP e BE não quiseram revelar expectativas sobre o discurso presidencial.

fonte: DN

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