terça-feira, 5 de outubro de 2010

Etarras confessam treino em território venezuelano



Mikel Carrera, ligado aos etarras presos em Portugal, deu ordem. Governo espanhol já pediu explicações ao Governo de Chávez.

Há etarras a receber treino em território venezuelano, confessaram ontem dois membros da ETA que foram presos na passada quarta- -feira em Guipúzcoa, noticiaram os media espanhóis. Trata-se da confirmação daquilo que as autoridades espanholas há muito andavam desconfiadas: o país de Hugo Chávez é um abrigo da ETA.

No interrogatório ontem feito pelo juiz Ismael Moreno, Juan Carlos Besance e Xabier Atristain admitiram que viajaram para a Venezuela, em 2008, para frequentarem um curso de armas. A ordem foi-lhes dada por um alto dirigente do aparelho militar da ETA, Mikel Carrera Sarobe, que foi preso em França em Maio.

"É mais seguro do que França." Foi assim que o líder etarra, também considerado responsável pe-la tentativa de estabelecer uma ba-se de retaguarda da organização terrorista em território português, justificou a ordem para eles rumarem à Venezuela.

Lá a instrução foi-lhes dada por José Lorenzo Ayestarán Legorburu e Iurgi Mendieta, dois etarras que acabaram por ser posteriormente detidos em Espanha, em Fevereiro e Outubro de 2009. Mas o dado mais importante é que quem os acolheu e lhes deu abrigo durante o tempo que eles passaram no curso de treino em armas foi Arturo Cubillas Fontán.

Trata-se de um etarra que vive em Caracas, desde 1989, tem nacionalidade venezuelana e é casado com uma ex-jornalista que actualmente trabalha como directora de informação no Ministério da Agricultura e Terras.

Cubillas foi processado em Março pelo juiz Eloy Velasco, que o acusa de funcionar como intermediário entre a ETA e as FARC e o Governo de Chávez. Caracas desmentiu qualquer envolvimento em esquemas terroristas e esclareceu desde logo que Cubillas não pode ser extraditado por ser já cidadão venezuelano.

Ao longo do interrogatório, Juan Carlos Besance e Xabier Atristain explicaram as várias fases pelas quais passou o comando Imanol, que funcionava dentro do chamado complexo Donosti. A seguir à primeira fase da constituição, passaram à segunda etapa, que consistiu em receber cursos de formação em encriptação, desmontagem de armas e posição de tiro. Essa formação começou por ser dada em território francês e só depois passou para a Venezuela. Besance confessou também crimes como o assassínio do vereador do Partido Popular em Leiza, José Javier Múgica.

Numa primeira reacção à notícia avançada pelos media, o Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhola solicitou ao Governo de Chávez informações sobre o treino que estes etarras receberam no seu país e qual o papel que teve nele Cubillas. Espanha sublinha que faz este pedido de informação "no contexto da colaboração que Espanha e Venezuela" mantêm no âmbito da luta ao terrorismo.

Também o senador Iñaki Anasagasti exigiu que fossem pedidas explicações a Caracas. "É preciso investigar até às últimas consequências, pois não se pode tolerar uma situação destas", disse o senador do Partido Nacionalista Basco, que nasceu na Venezuela. No seu entender, é preciso demonstrar "muita firmeza com o Governo venezuelano neste assunto".

fonte: DN

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