quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Difícil reconhecimento dos corpos atrasa funerais

Um dos feridos continua internado em estado muito grave. Funerais amanhã.

Permanecem internados, um deles em estado crítico, os três pescadores das Caxinas que na terça-feira sofreram um acidente na EN13, em Valença, em que morreram cinco pessoas. Os corpos das vítimas mortais só esta manhã chegarão àquela localidade piscatória do concelho de Vila do Conde. Ficarão em câmara-ardente na Igreja do Senhor dos Navegantes até amanhã, onde às 15.00 se realizam os funerais.

Ontem de manhã, os familiares voltaram ao Hospital de Viana para na morgue tentarem identificar os corpos, tarefa que no dia anterior fora difícil dado o estado em que as vítimas ficaram, em resultado do forte embate da carrinha onde seguiam com um camião que se encontrava na berma da estrada. Os bombeiros que estiveram no local fizeram um relato impressionante depois de verem os corpos desmembrados e decapitados ao longo da via.

Os pescadores tinham feito a descarga de espadarte no porto de Vigo e regressavam a casa quando ocorreu o fatal acidente. José Domingos Moreira, o mestre do barco Fascínios do Mar, vinha ao volante. Está internado tal como outro pescador, Cláudio Cruz, no Hospital da Póvoa de Varzim, com vários traumatismos, não sendo o estado de ambos considerado grave. A mulher do mestre, Natália Moreira, que normalmente conduzia a carrinha, acabou por ser transferida para o Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos. O seu estado inspira cuidados, mas está livre de perigo.

Já o mesmo não se pode dizer de José Marques Filipe, de 47 anos, que permanece no Hospital de Braga, internado nos cuidados intensivos mas em estado muito grave. O pescador sofreu um traumatismo craniano e fracturas múltiplas. Está em coma.

Os oito pescadores e a mulher do mestre seguiam numa carrinha Renault Trafic de nove lugares, desconhecendo-se ainda o motivo que levou a que a viatura embatesse lateralmente num camião que se encontrava estacionado na berma à porta de um restaurante. Todo o lado direito foi rasgado e cinco dos pescadores tiveram morte imediata. Após 15 dias no mar, todos regressaram no sábado. Passaram o fim--de-semana em casa e, no domingo à noite, voltaram a Vigo mas, como os preços estavam baixos, fizeram uma primeira descarga de espadarte e regressaram às Caxinas. Na noite de segunda--feira voltaram para uma segunda descarga. Por os homens estarem cansados, era Natália Moreira quem, normalmente, conduzia a carrinha. Foi ela que na terça-feira de manhã saiu das Caxinas para os ir buscar.

"É um procedimento normal. Só porque os pescadores são das Caxinas não têm de descarregar aqui ou em Matosinhos tudo o que pescam. Fazem-no em Aveiro, na Figueira ou em Peniche e depois regressam a casa de carro", explica José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.

Naquela comunidade, 80% da população dedica-se à pesca. Já foram mais e todos os anos o número diminui. "O sector está mau e o peixe é vendido barato. São os revendedores que acabam por lucrar, mas a culpa não é deles, é do sistema", acrescenta o pescador. Muitos acabam por emigrar. Estima-se que 1200 pescadores das Caxinas estejam a viver e a trabalhar no País Basco e em França. "Não há incentivos e a falta de segurança persiste", salienta José Festas. Por isso, os ministros da Defesa e da Agricultura e Pescas, Augusto Santos Silva e António Serrano, foram convidados a participar num seminário a realizar no sábado no salão paroquial das Caxinas.

O presidente da Câmara de Vila do Conde, Mário Almeida, disponibilizou o transporte para as famílias reconhecerem os corpos em Viana. Uma equipa de psicólogos da autarquia está também no terreno a prestar apoio.

A autópsia dos corpos terminou esta madrugada. Os corpos chegarão às Caxinas esta manhã, pelas 11.00. Os funerais dos cinco pescadores realizam-se amanhã, da igreja para o cemitério local, pelas 15.00.

fonte: DN

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