segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Holanda inaugura retirada da NATO do Afeganistão


Canadá, Polónia, Reino Unido e EUA também já discutem datas de saída.

A Holanda tornou-se ontem o primeiro país membro da NATO a retirar as suas tropas do Afeganistão, onde há nove anos os aliados combatem os talibãs e a Al-Qaeda.

Os holandeses saíram da província afegã de Uruzgan, onde passaram os últimos quatro anos, tendo transferido o controlo da mesma para os militares norte- -americanos e australianos.

"A comunidade internacional e a NATO ajudam o Afeganistão a endireitar-se sobre as suas pernas. A Holanda assumiu as suas responsabilidades e bateu-se pela segurança e reconstrução do país", afirmou ontem o ainda ministro dos Negócios Estrangeiros holandês, Maxime Verhagen, em comunicado citado pela AFP.

A NATO queria que as tropas holandesas prolongassem por mais um ano a sua missão, mas divergências sobre o assunto levaram à queda do Governo. E à não renovação do mandato.

Esta não foi a primeira vez que a política externa provocou uma crise governamental na Holanda: em 2002, a equipa de Wim Kok, então primeiro-ministro do país, demitiu-se na sequência de um relatório que responsabilizava os capacetes-azuis holandeses pelo massacre no enclave de Srebrenica - onde morreram milhares de muçulmanos bósnios às mãos das forças sérvias bósnias.

A Holanda teve legislativas antecipadas há quase dois meses, mas até ao momento os vários partidos ainda não conseguiram chegar a acordo para formar uma nova coligação e governar.

No Afeganistão, onde chegou a ter um contingente de 1950 militares, 24 dos quais morreram, os holandeses gastaram 1,4 mil milhões de euros e duplicaram para 179 as escolas em Uruzgan. Além disso construíram uma estrada entre Tarin Kowt e Chora, as duas cidades mais povoadas daquela província afegã. E treinaram três mil soldados afegãos.

A seguir à Holanda, o próximo Estado membro da NATO a retirar-se de território afegão poderá ser o Canadá. O seu Governo anunciou a saída para 2011, mas ainda não precisou a data. Os EUA já fizeram saber que iniciarão a retirada dentro de um ano.

"Eu penso que é preciso reafirmar a mensagem que consiste em dizer que não deixaremos o Afeganistão em Julho de 2011. Numa primeira fase a retirada será limitada", disse Robert Gates, secretário da Defesa dos Estados Unidos, em declarações à ABC. O vice-presidente, Joe Biden, afirmara antes que apenas dois mil militares americanos seriam retirados inicialmente do Afeganistão.

A Polónia também anunciou que pretende sair em 2012 e o Reino Unido indicou que poderá retirar em 2014 ou 2015, antes das próximas eleições britânicas. Na conferência de doadores em Cabul, no mês passado, ficou estabelecido que até ao final de 2014 a polícia e o exército afegãos assumirão o controlo de todas as províncias do país - uma meta que será sem dúvida um grande desafio à liderança de Hamid Karzai, Presidente do Afeganistão.

À margem da cimeira da NATO, que vai decorrer em Lisboa nos dias 19 e 20 de Novembro, para definir o novo conceito estratégico da organização, irá realizar-se uma reunião sobre a Força Internacional de Segurança e Assistência da NATO. Isso mesmo anunciou o enviado do Governo português à conferência de Cabul, o secretário de Estado das Comunidades, António Braga.

fonte: DN

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