segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Oposição acusa Sarkozy de ocultar erros com "guerra à insegurança"


Partido do Presidente pretende deter até dois anos os pais de menores delinquentes.

Decidido a iniciar uma "guerra nacional contra a insegurança", o Governo francês voltou ontem a apresentar propostas que prometem ser polémicas. Depois de na sexta-feira o Presidente Nicolas Sarkozy ter anunciado que retirará a nacionalidade a delinquentes franceses de origem estrangeira que atentem contra as autoridades públicas, o seu ministro do Interior veio lançar mais achas para a fogueira. Brice Hortefeux defendeu em entrevista ao Le Parisien a extensão da medida a casos de excisão, tráfico de seres humanos e actos de delinquência grave.

O ministro do Interior não foi a única figura da União para um Movimento Popular (UMP) a pronunciar-se sobre o reforço das medidas de segurança. Éric Ciotti, secretário nacional do partido no poder, anunciou uma nova proposta de lei que irá estabelecer a responsabilidade penal dos pais de menores delinquentes que não respeitem as suas obrigações. Em declarações ao Journal du Dimanche, Ciotti defende que um pai ou uma mãe que não consiga obrigar o filho a cumprir a pena a que tenha sido condenado por delinquência deve ser condenado a uma pena de dois anos de prisão e a uma multa de 30 mil euros.

Estas duas propostas, às quais se juntam as apresentadas por Sarkozy no seu discurso de sexta- -feira em Grenoble - onde recentemente se registaram confrontos entre a polícia e habitantes, depois de os agentes terem abatido um jovem assaltante -, estarão inseridas num projecto de lei sobre segurança interna e imigração a ser apresentado em Setembro. Nessa sua intervenção, o Presidente estabeleceu uma relação directa entre segurança e imigração.

Perante estas propostas, a oposição socialista veio denunciar a "deriva anti-republicana" de Sarkozy. Num comunicado ontem divulgado pelos jornais franceses, a líder socialista Martine Aubry acusou o chefe do Governo de estar a pôr em causa "a França e os seus valores". Aubry recusou a "estigmatização dos estrangeiros, dos franceses descendentes de imigrantes e dos nómadas".

Segundo a líder socialista, "a dureza das palavras e a deriva das propostas da UMP só encontram paralelo no fracasso de Sarkozy em questões económicas e sociais". Para Aubry, não há dúvidas de que a direita está "assustada" com a perda de popularidade do Presidente. Abaixo dos 30% nas últimas sondagens, o Chefe do Estado arrisca falhar a reeleição nas presidenciais de 2012. Para Aubry, a direita está a "jogar com os medos dos franceses" para "ocultar os seus erros atrás desta fumaça".

fonte: DN

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